Novos, famosos e a morte prematura...

Amy Winehouse e a maldição dos 27










 “Espero morrer antes de ficar velho”, escreveu Pete Townshend, do The Who, em 1965.
Townshend não teve seu pedido aceito – continua aí, firme e forte , aos 66. Mas seu companheiro de banda, Keith Moon, não passou dos 32. Morreu depois de tomar uma montanha de pílulas para – ironia das ironias – controlar o alcoolismo.
Desde que surgiu, nos anos 50, o rock sempre flertou com a morte. O que pode parecer uma contradição, já que foi o primeiro gênero musical voltado especificamente ao público jovem.
Mas dá para entender: o rock é filho do conflito de gerações nos Estados Unidos do pós-guerra, um conflito que só pôde acontecer porque, pela primeira vez na história, adolescentes não tiveram de trabalhar para ajudar os pais.
Com dinheiro no bolso e tempo livre, a juventude fez o que nunca pôde: descabelou. Abraçaram rebeldes como James Dean, Marlon Brando, Elvis e Little Richard, e inauguraram a cultura jovem. Tudo, menos ser igual ao papai...
Em seu livro “The Death of Rock’n’Roll”, Jeff Pike conta a história de Danny Rapp, vocalista da banda The Juniors.
Em 1959, abalado pelas mortes de Buddy Holly, Big Bopper e Ritchie Valens num desastre de avião (“o dia em que a música morreu”, como cantou Don McLean), Rapp gravou um rock raivoso, em que profetizava: “O rock veio pra ficar / ele nunca vai morrer”.
Em 1983, já velho, cansado e falido, Rapp se trancou num motel infecto do Arizona e meteu uma bala na cabeça.
Assim como o amor versado por Vinicius de Moraes, a imortalidade do rock de Danny Rapp só foi infinita enquanto não se extinguiu.
O que nos leva a Amy Winehouse e a todos os outros “imortais” que se foram aos 27.
A lista é imensa: Brian Jones, Jim Morrison, Janis Joplin, Jimi Hendrix, Kurt Cobain e, agora, Amy.
E esses são apenas os mais famosos. Tem ainda Kristen Pfaff (Hole), Gary Thain (Uriah Heep), Alan Wilson (Canned Heat), Pigpen (Grateful Dead), Rudy Lewis (Drifters).
Se ampliarmos a lista para a faixa de 25 a 29 anos, podemos incluir ainda Tim Buckley, Gram Parsons, Danny Whitten (Crazy Horse), Tommy Bolin (Deep Purple), James Honeyman-Scott (Pretenders), Hillel Slovak (Chili Peppers), Frankie Lymon (The Teenagers), Shannon Hoon (Blind Melon), Bradley Nowell (Sublime) e muitos outros.
O que leva tanta gente a morrer da mesma maneira, na mesma idade?
Será o desafio de encarar a vida adulta, depois de anos sendo adulado? Será um período de depressão pós-sucesso?
De qualquer forma, o mito continua: quem não morre aos 27, aos 33 (Lester Bangs, John Belushi, Bon Scott, Jesus Cristo) ou aos 42 (Alan Freed, Peter Tosh, Elvis Presley), viverá para sempre.
Estão aí Keith, Ozzy e Lemmy, que não me deixam mentir.
Escrito por André Barcinski às 19h13

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