Lembrando meu tio Manoel Pessanha, uma simples lembrança!


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Lelé, o canhão de São Januário
ARIOVALDO IZAC *
O futebol cria ídolos bajulados por torcedores e imprensa, mas o tempo se encarrega de colocá-los no ostracismo. Quem diria que Manoel Peçanha - o grande Lelé que integrou o Expresso da Vitória do Vasco, no final da década de 40 -, com passagem pela Seleção Brasileira em competições e amistosos sul-americanos, fosse citado apenas em seção de necrologia de jornais quando morreu!
 O Vasco viveu um período de ouro nos anos 40, com Lelé ajudando a decidir jogos. Na temporada de 1947, foi campeão invicto bem à frente do Botafogo (RJ). E uma das novidades da equipe foi a estréia do novo uniforme, com faixa diagonal branca na camisa preta, introduzida pelo técnico Ondino Vieira, inspirado no River Plate, da Argentina. 
TRÊS PATETAS 
Lelé, o canhão de São Januário, morreu há oito meses, em Campinas (SP), esquecido. Pode-se dizer que seu chute era tão ou mais forte do que o do lateral-esquerdo Roberto Carlos, do Real Madrid. Pode-se dizer que em companhia de Isaias e Jair da Rosa Pinto formava o trio denominado ‘três patetas’ no clube cruzmaltino. Saiba, também, que Lelé inspirou compositores de marchas carnavalescas e foi tema de música nos tempos de futebol carioca.   Lelé não foi um driblador, nem velocista. Sabia tocar bem na bola e tinha uma visão de jogo privilegiada. Ele se destacou no futebol pelo chute fortíssimo e por isso era cobrador de faltas nas equipes que atuava. A ‘pancada’ com a perna direita amedrontava quem ficava na barreira. Boleiro indicado para fazer a proteção colocava uma mão sobre a cabeça e outra no órgão genital, de medo da bolada. Lelé também era o cobrador oficial de pênaltis nas passagens por Madureira (RJ), Vasco, São Paulo e Ponte Preta. E com um detalhe: na carreira de 18 anos de jogador de futebol jamais perdeu um pênalti sequer. A força que colocava na bola, sempre no canto direito, a meia altura, impossibilitava os goleiros de praticarem a defesa. 
POTÊNCIA 
Claro que o chute de Lelé não tinha a mesma potência do ponteiro-esquerdo Pepe, do Santos, mas se igualava ao do zagueiro Martinelli, do Paulista de Jundiaí; de Osvaldo Catingá, de Guarani e Flamengo; do lateral-esquerdo Carlucci, do Botafogo (SP); e Nelinho, lateral-direito do Cruzeiro (MG). Exceto Nelinho, que jogou na década de 70, os demais citados tiveram período áureo nos anos 60. Martinelli batia tiro de meta e fazia a bola atravessar o campo. Carlucci raramente passava dois jogos sem fazer gols de falta, porque aliava pontaria e força no chute. Quanto ao mineiro Nelinho, foi um dos raros jogadores com chute forte e cheio de veneno. Na gíria do futebol, pegava de “calo” na bola, isto é: de três dedos, colocando o efeito desejado. Raramente se observa algum jogador que concilie esta virtude no futebol mundial, atualmente.
Lelé veio para a Ponte Preta no início dos anos 50, numa troca de seis jogadores por um projetada pelo Vasco. Para levar o atacante Sabará, o clube carioca topou liberar, entre outros, Lelé e o lateral-esquerdo Carlinhos Magalhães, morto há três meses. Lelé ainda passou pelo São Paulo, mas encerrou a carreira na Ponte e fixou residência em Campinas.
* É jornalista em Campinas e colaborador do HP

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