Memórias de uma vida Tranquila.



E assim descobri...






Aprendi uma coisa muito importante na vida,


que não importa o quanto você se prepara pra subida,


você perceberá que na verdade não se conhece,


que é capaz de fazer coisas que não sabia que poderia,


que quanto mais sobe mais distante ficam as coisas de que realmente gosta,


que quando parece fácil lutar por algo, é na verdade o momento mais sutíl,


que subir sem se envolver não vale a pena, mas que se envolver te consome,


que ser bom é ser alvo fácil para aqueles que gostam de usar as pessoas,


que ser bom é reconhecer no rosto alheio a alegria por você existir,


que se envolver é sentir que o poder pode quase tudo mas que sempre existirá poder acima de você,


que na verdade o que você realmente quer, você não consegue lembrar,


que se você lembrar, você provavelmente tentará esquecer,ê 


que em certo momento, nada fará sentido para você, e parecerá um sonho ruim,


que se você realmente entender o que está acontecendo, você ficará muito triste,


que você tenta se enganar, pensando que lá no alto será o máximo,


que quanto mais você se importar com as pessoas, mais difícil será sua subida,


que a subida não depende dos outros, depende somente de você e você se tornará o mais egoísta de todos,


e se você realmente estiver gostando disso é porquê você merece e você realmente chegará lá, só vai depender de você e seu egoísmo,


e se você gastar parte do seu tempo se perguntando se vale a pena,


é porquê você sabe que está fazendo o que não gosta e que aquilo está te desgastando,


e que tentando continuar fazendo estará indo de encontro aos seus ideais,


mas quando você perceber que poderá tirar proveito disso,


você realmente se tornou um pervertido moral.


Os que querem subir, tentarão ludibriar, tentarão convencer, retirarão do camarim a roupa certa para a peça que encenarão e a vestirão e deslumbrando o público comoverão os corações tão eloqüentemente quanto o real que ficou na porta de entrada ou melhor dos fundos, e não entrou de vergonha, ou porquê não pode pagar para ver e contestar o que se consigo, mas que na verdade não passa de representação, que almeja nada menos do que o prêmio máximo, que irá parabenizar e exaltar sua grande atuação. E tristemente no final do ato, com o olhar perdido na platéia, tentará se encontrar e não se encontrando se sentirá perdido e só e triste e entenderá o que realmente aconteceu,


subiu tanto mas tanto e tanto que percebeu e entendeu que o que era seu se afastou e se perdeu e o que almejava pra si, nunca chegou, pois na ânsia do alcançar não o via chegar, e na verdade nunca chegou e mesmo assim, continuou, continuou e quando o cume percebera nunca ter alcançado, o palco aos seus pés te faltou e num abismo de infinita ilusão projetado por sua falsa impressão da vida e da fabulosa, tão almejada e encantada subida lhe enganou e lhe restou a dor do traído que fica a mercê do momento fúnebre e da agonia de ver sua amante ali estendida, fria e passiva, sem dó, sem vida, que ele mesmo a tirou, quando nela tudo depositou, e cego rumo ao ápice se projetou não respeitando barreira ou pudor, viu que tudo de um ato não passou, tanta dor e emoção lhe consumiu o peito lhe roubando até mesmo a paixão, que tão perto dele outrora rondou e hoje o vazio que sente preencher-te de fel e rancor,


que tal vida foi essa meu Deus,


que sem pudor escolhi pra encenar,


quanta cobiça e desejo me queimam,


o jeito simples e tranquilo de amar.

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