EVOLUÇÃO DO SER - Parte 2

Hoje, não existem dúvidas entre os estudiosos e cientistas, quanto à natureza do surgimento e da evolução das diversas espécies na Terra, inclusive o homem. Descrer da evolução das espécies seria “remar contra a maré”, lutar contra os fatos e fomentar o fanatismo e a ignorância.


1 – A Origem das Espécies, Charles Darwin
2 - A Origem das Espécies, Charles Darwin
3 – Site das Publicações Europa-América – www.europa-america.pt
4 – Teoria Sintérica da Evolução – Web site: sti.br.inter.net/rafaas/biologia-ar/index.htm
5 – Evidências da Evolução – Web site Wikipédia
6 – O Perispírito e suas Modelações – Luiz Gonzaga Pinheiro

PARTE II

Busquemos agora a resposta para a 2.ª proposição lançada no início deste trabalho. Quanto à evolução orgânica dos seres, num desenvolvimento contínuo dos mais inferiores até os mais adiantados, isto é lógico e comprovado. Mas o Espírito, para a sua jornada evolutiva, precisa habitar os corpos dos seres dos diversos reinos da Natureza? Ou será que o princípio espiritual ligado a cada ser, vegetal, animal ou hominal, reencarna e evolui apenas dentro da sua própria espécie ou reino?
Usaremos o presente trabalho para defender a primeira idéia. Para isto, buscaremos recursos argumentativos na Doutrina Espírita, visto que a mesma dispõe de conhecimentos suficientes para esclarecer o assunto.
Antes, porém, vejamos alguns raciocínios que possam conduzir-nos no caminho de um melhor entendimento da questão.
1) A Natureza em si não reconhece a divisão em reinos, quais sejam mineral, vegetal, animal (alguns sugerem um quarto reino, hominal). Ela segue o seu curso e é indiferente às nomenclaturas que criamos. Esta divisão foi engendrada pelos cientistas que, para efeito de estudos, estabeleceu uma divisão baseando-se nas características que poderiam criar uma distinção entre os diversos seres, sendo:
mineral – elemento inorgânico, sem vida.
vegetal – não possui locomoção e capta substâncias do solo produzindo o seu próprio alimento.
animal – possui locomoção e busca o alimento fora de si.
homem – possui razão e consciência de si mesmo.
2) Encontramos na natureza seres que parecem estar numa zona evolutiva de transição, possuindo características tanto de um reino quanto de outro. Exemplo disto são os zoófitos (zoo – animal, fitos – vegetal), os quais possuem raiz, portanto não se locomovem, e ao mesmo tempo não produzem o alimento, buscando-o ao seu redor. Muitos outros casos existem na Natureza caracterizando elos de ligação entre reinos ou espécies: o ornitorrinco, por exemplo, é um mamífero que possui bico de pato e nadadeiras; o morcego é mamífero, porém voa como as aves; a baleia, apesar de mamífero, vive embaixo d'água como os peixes. Além de muitos outros seres, temos os crossopterígios que são peixes possuidores de guelras e pulmões, descendentes dos primeiros peixes que saíram da água para habitarem a terra. Isto faz com que não existam limites muito nítidos separando as diversas espécies e reinos.
3) A cadeia evolutiva de todos os seres, desde os mais simples até o homem, parece não sofrer solução de continuidade, pois se encadeia perfeitamente de um reino a outro e entre as variadas espécies. Alguns elos de ligação parecem não existir, como se a Natureza em determinados momentos tivesse dado um salto evolutivo. Há duas hipóteses, porém, que podem solucionar o fato: estes elos extintos não tiveram os seus fósseis encontrados (aliás, esta era uma preocupação de Darwin, citada na Parte I); tiveram sua evolução elaborada no Mundo Espiritual, retornando à Terra mais evoluídos e aptos a impulsionarem uma modificação mais rápida nos corpos orgânicos através das gerações, fazendo desaparecer, com o tempo, a forma mais atrasada. Vejamos o que informa o Espírito André Luiz em Evolução em Dois Mundos.
ELOS DESCONHECIDOS DA EVOLUÇÃO - Compreende-se, porém, que o princípio divino aportou na Terra, emanando da Esfera Espiritual, trazendo em seu mecanismo o arquétipo a que se destina, qual a bolota de carvalho encerrando em si a árvore veneranda que será de futuro, não podemos circunscrever-lhe a experiência ao plano físico simplesmente considerado, porquanto através do nascimento e morte da forma, sofre constantes modificações nos dois planos em que se manifesta, razão pela qual variados elos da evolução fogem à pesquisa dos naturalistas, por representarem estágios da consciência fragmentária fora do campo carnal propriamente dito, nas regiões extrafísicas, em que essa mesma inconsciência incompleta prossegue elaborando o seu veículo sutil...
Este princípio também se encontra desenvolvido na obra já citada de Luiz Gonzaga Pinheiro7:
Acontece que na reconstrução da árvore genealógica dos seres vivos do nosso planeta, ou entre um ser mais evoluído biologicamente e outro que lhe é inferior, muitos pontos-chaves, os chamados elos entre uma espécie e outra, são desconhecidos, impossibilitando dessa maneira a completa reconstituição da história biológica das espécies.
A ausência desses elos faltosos deve-se à evolução que se processa também fora da matéria, podendo nesse estágio, onde o princípio inteligente se encontra revestido somente da forma perispiritual, sofrer modificações adaptativas com as quais se materializam por ocasião de sua volta ao plano terreno.
Ocorre também, quando da sua transferência para o plano espiritual, pelo impulso a que todos estamos submetidos para o crescimento, animais e vegetais ali serem aclimatados e modificados, estagiando nesse ambiente, no que são trazidos de volta à Terra com outra roupagem, caracterizando as chamadas mutações adaptativas, tidas como acontecimentos espontâneos, mas contabilizados na lista da evolução das espécies.
Essas adaptações situam-se na área do corpo astral, que ao se aliar novamente à matéria já o faz modificado. Essa modificação é acompanhada pela Genética, que se deixa arranjar em seus cromossomos segundo o plano evolutivo traçado no espaço. Dessa maneira surgem outras espécies aperfeiçoadas, o que não invalida os esforços da seleção natural exercida pela natureza nem das mutações acidentais.
4) Filosoficamente, se a evolução de cada ser fosse limitada à sua espécie ou reino, teríamos um Deus parcial e injusto. Se não, vejamos: Deus teria criado o princípio espiritual habitando os corpos orgânicos vegetais que evoluiriam e, ao se aproximarem da evolução do reino animal, teriam alcançado o seu limite evolutivo. Com os animais aconteceria a mesma coisa, ou seja, o princípio espiritual que anima os corpos dos macacos mais evoluídos da atualidade não podem mais evoluir, pois praticamente já alcançaram a evolução dos primeiros humanos na Terra.
Já o ser humano seria um ser privilegiado por Deus, pois foi criado, desde o início, mais avançado do que todos os outros seres da Terra, continua evoluindo, mas sua evolução cessará em determinado momento – aquilo que chamamos de perfeição ou a condição de espíritos puros. Nada garante que, após este evento, não venha a surgir no Planeta um ser novo, que iniciará sua caminhada evolutiva a partir daí e continuará evoluindo até Deus sabe onde...
5) Numa análise filosófica ainda, a idéia da criação de um princípio espiritual inteligente que inicia o seu desenvolvimento através das experiências no mineral, desenvolvendo a sensibilidade no vegetal, o instinto no animal e a razão e o sentimento no homem é mais justa e adequada à grandeza e bondade de Deus que não criou seres privilegiados, antes fez surgir a todos no mesmo nível, porém dando-lhes a capacidade de crescer e se desenvolver até alcançarem a angelitude.
“... tudo se encadeia na natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, pois ele mesmo começou pelo átomo.”8
6) Não são os corpos orgânicos que desenvolvem o princípio espiritual e sim, o contrário. À medida que o princípio inteligente se desenvolve, impulsiona lentamente o aperfeiçoamento do seu perispírito, estrutura sutil e intermediária, e este modela as transformações do corpo, através dos tempos. O princípio espiritual, evoluindo pouco a pouco, requer uma estrutura física capaz de expressar a sua capacidade espiritual. Citando o homem como exemplo, através dos milênios de sua evolução, ele foi plasmando para o seu uso aqui no plano físico, um corpo mais adaptado às suas necessidades e capacidades, como um cérebro maior, o andar ereto, um sistema nervoso mais desenvolvido, sentidos físicos mais apurados, inclusive uma estrutura física menos grosseira lhe facilitando um contato cada vez mais direto com a Espiritualidade.
10. ...O corpo é, pois, simultaneamente, o envoltório e o instrumento do Espírito e, à medida que este adquire novas aptidões, reveste outro invólucro apropriado ao novo gênero de trabalho que lhe cabe executar, tal qual se faz com o operário, a quem é dado instrumento menos grosseiro, à proporção que ele se vai mostrando apto a executar obra mais bem cuidada.
11. Para ser mais exato, é preciso dizer que é o próprio Espírito que modela o seu envoltório e o apropria às suas novas necessidades; aperfeiçoa-o e lhe desenvolve e completa o organismo, à medida que experimenta a necessidade de manifestar novas faculdades; numa palavra, talha-o de acordo com a sua inteligência. Deus lhe fornece os materiais; cabe-lhe a ele empregá-los. É assim que as raças adiantadas têm um organismo ou, se quiserem, um aparelhamento
cerebral mais aperfeiçoado do que as raças primitivas.9
--- * ---
A resposta dos Espíritos Superiores na questão 592 de O Livro dos Espíritos se encerra com a seguinte frase: Reconhecei o homem pela faculdade de pensar em Deus.
Aquilo que antes só poderia ser chamado de princípio espiritual, agora poderia chamar-se Espírito, pois ele já consegue pensar na existência de um ser superior a tudo e a todos. Isto o distingue dos animais.
Foi a esta fase que os Espíritos se referiram, ao afirmarem que o Espírito foi criado simples e ignorante10. O homem no seu início, recém-saído da animalidade. O princípio inteligente tendo atingido a sua maioridade e o status consciente de filho de Deus.
O Livro dos Espíritos nos oferece uma série de esclarecimentos a respeito da evolução do princípio inteligente.
604. Pois que os animais, mesmo os aperfeiçoados, existentes nos mundos superiores, são sempre inferiores ao homem, segue-se que Deus criou seres intelectuais perpetuamente destinados à inferioridade, o que parece em desacordo com a unidade de vistas e de progresso que todas as suas obras revelam.
“Tudo em a Natureza se encadeia por elos que ainda não podeis apreender. Assim, as coisas aparentemente mais díspares têm pontos de contacto que o homem, no seu estado atual, nunca chegará a compreender. Por um esforço da inteligência poderá entrevê-los; mas, somente quando essa inteligência estiver no máximo grau de desenvolvimento e liberta dos preconceitos do orgulho e da ignorância, logrará ver claro na obra de Deus. Até lá, suas muito restritas idéias lhe farão observar as coisas por um mesquinho e acanhado prisma. Sabei não ser possível que Deus se contradiga e que, na Natureza, tudo se harmoniza mediante leis gerais, que por nenhum de seus pontos deixam de corresponder à sublime sabedoria do Criador.”
Parece-nos que Kardec, naquela época, já conseguia entrever o sentido de parcialidade das leis divinas, caso Deus tivesse criado o Espírito humano como um ser à parte da Criação e os demais seres, destinados à perene inferioridade intelectual. A resposta do Espírito de que “tudo se encadeia por elos que ainda não podeis apreender”, apesar de ser vaga, nos coloca na pista da resolução da questão, afinal há... “leis gerais (da Natureza), que por nenhum de seus pontos deixam de corresponder à sublime sabedoria do Criador”.
Nas perguntas seguintes, Kardec e os Espíritos Superiores adentram um pouco mais no entendimento do assunto que ora abordamos, aproximando-se mais da sua conclusão.
606. Donde tiram os animais o princípio inteligente que constitui a alma de natureza especial de que são dotados?
“Do elemento inteligente universal.”
a) — Então, emanam de um único princípio a inteligência do homem e a dos animais?
“Sem dúvida alguma, porém, no homem, passou por uma elaboração que a coloca acima da que existe no animal.”
Se o princípio inteligente humano sofreu uma elaboração para ser o que é, significa que antes não o era.
De que forma o princípio inteligente sofreu a elaboração que o colocou acima do princípio inteligente dos animais?
As questões seguintes de O Livro dos Espíritos não poderiam ser mais explícitas e esclarecedoras.
607. Dissestes (190) que o estado da alma do homem, na sua origem, corresponde ao estado da infância na vida corporal, que sua inteligência apenas desabrocha e se ensaia para a vida. Onde passa o Espírito essa primeira fase do seu desenvolvimento?
“Numa série de existências que precedem o período a que chamais Humanidade.”
O Espírito, então, parece ter encarnado diversas vezes antes de propriamente pertencer ao reino hominal, ou seja, numa série de existências que precederam o período ao qual chamamos de Humanidade.
607a) — Parece que, assim, se pode considerar a alma como tendo sido o princípio inteligente dos seres inferiores da criação, não?
“Já não dissemos que tudo em a Natureza se encadeia e tende para a unidade? Nesses seres, cuja totalidade estais longe de conhecer, é que o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco e se ensaia para a vida, conforme acabamos de dizer. É, de certo modo, um trabalho preparatório, como o da germinação, por efeito do qual o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito. Entra então no período da humanização, começando a ter consciência do seu futuro, capacidade de distinguir o bem do mal e a responsabilidade dos seus atos. Assim, à fase da infância se segue a da adolescência, vindo depois a da juventude e da madureza. Nessa origem, coisa alguma há de humilhante para o homem. Sentir-se-ão humilhados os grandes gênios por terem sido fetos informes nas entranhas que os geraram? Se alguma coisa há que lhe seja humilhante, é a sua inferioridade perante Deus e sua impotência para lhe sondar a profundeza dos desígnios e para apreciar a sabedoria das leis que regem a harmonia do Universo. Reconhecei a grandeza de Deus nessa admirável harmonia, mediante a qual tudo é solidário na Natureza.
Acreditar que Deus haja feito, seja o que for, sem um fim, e criado seres inteligentes sem futuro, fora blasfemar da sua bondade, que se estende por sobre todas as suas criaturas.”
Aqui os Espíritos não deixam mais dúvidas. Todos os seres participam de uma cadeia infinda, elaborando-se e aperfeiçoando-se o princípio inteligente através de cada ser inferior, paulatinamente, até que ele se torne Espírito, entrando no período de humanização, quando, já possuindo faculdades mais elevadas, molda para si um corpo físico aperfeiçoado e capaz de expressar a sua capacidade de consciência, inteligência, responsabilidade e livre-arbítrio.
A grande celeuma gerada na sociedade pelos príncípios expostos por Charles Darwin na sua época se deveram ao orgulho e à vaidade de muitos que se sentiam humilhados por descenderem dos seres inferiores da Criação. O Espírito Superior que respondeu a Kardec afirma que a humilhação está na nossa inferioridade perante Deus, incapacidade de apreender de forma absoluta os desígnios de Deus e a sua sabedoria.
15. Da semelhança, que há, de formas exteriores entre o corpo do homem e o do macaco, concluíram alguns fisiologistas que o primeiro é apenas uma transformação do segundo. Nada aí há de impossível, nem o que, se assim for, afete a dignidade do homem. Bem pode dar-se que corpos de macaco tenham servido de vestidura aos primeiros Espíritos humanos, forçosamente pouco adiantados, que viessem encarnar na Terra, sendo essa vestidura mais apropriada às suas necessidades e mais adequadas ao exercício de suas faculdades, do que o corpo de qualquer outro animal. Em vez de se fazer para o Espírito um invólucro especial, ele teria achado um já pronto. Vestiu-se então da pele do macaco, sem deixar de ser Espírito humano, como o homem não raro se reveste da pele de certos animais, sem deixar de ser homem.
16. Admitida essa hipótese, pode dizer-se que, sob a influência e por efeito da atividade intelectual do seu novo habitante, o envoltório se modificou, embelezou-se nas particularidades, conservando a forma geral do conjunto (nº 11). Melhorados, os corpos, pela procriação, se reproduziram nas mesmas condições, como sucede com as árvores de enxerto. Deram origem a uma espécie nova, que pouco a pouco se afastou do tipo primitivo, à proporção que o Espírito progrediu. O Espírito macaco, que não foi aniquilado, continuou a procriar, para seu uso, corpos de macaco, do mesmo modo que o fruto da árvore silvestre reproduz árvores dessa espécie, e o Espírito humano procriou corpos de
homem, variantes do primeiro molde em que ele se meteu. O tronco se bifurcou: produziu um ramo, que por sua vez se tornou tronco.
Como em a Natureza não há transições bruscas, é provável que os primeiros homens aparecidos na Terra pouco diferissem do macaco pela forma exterior e não muito também pela inteligência. Em nossos dias ainda há selvagens que, pelo comprimento dos braços e dos pés e pela conformação da cabeça, têm tanta parecença com o macaco, que só lhes falta ser peludos, para se tornar completa a semelhança.
Kardec, no trecho acima extraído de A Gênese, deixa claro que o assunto está sendo exposto na forma de uma hipótese. Darwin lançou a sua obra A Origem das Espécies dois anos depois de O Livro dos Espíritos. Mesmo assim, os Espíritos Superiores, neste último, já haviam conclamado o princípio da evolução das espécies orgânicas acrescentando a evolução espiritual como impulsionadora da primeira.
Em 1868, Kardec publica A Gênese, fazendo uma complementação de O Livro dos Espíritos. Ainda eram recentes as idéias de Darwin e Allan Kardec, como um perfeito cientista, não admite a idéia senão como hipótese, à espera de maiores estudos e comprovações por parte da Ciência, não invalidando, nem confirmando as idéias dos Espíritos.

Hoje, não restam dúvidas quanto à origem e evolução dos seres orgânicos, conforme expomos na primeira parte, principalmente depois das descobertas da Genética. Se A Gênese fosse publicada na atualidade, por certo Allan Kardec não escreveria o trecho acima como uma hipótese e a análise dele seria outra.


EVOLUÇÃO DO SER - Parte 1

EVOLUÇÃO DO SER
Análise orgânica e espiritual



Adilson Mota
Evolução do Ser

Análise orgânica e espiritual
O objetivo do presente trabalho é responder a duas proposições:
1.ª) A evolução das espécies existe, ou seja, os seres se modificam e se aperfeiçoam, procedendo os seres superiores ou complexos, organicamente,  dos mais simples ou inferiores?
2.ª) A evolução do Espírito se dá através da sua encarnação nos diversos reinos da natureza, seguindo a escala ascendente dos seres?




PARTE I
Até o século XVIII, acreditava-se que as diversas espécies existentes na natureza foram criadas separadamente, sendo, portanto, imutáveis.1
Lamarck, em 1809, foi o primeiro a sustentar a tese de que as diversas espécies na natureza não só progridem, como as mais desenvolvidas são originárias das espécies mais simples, criando um encadeamento desde os organismos mais inferiores até o próprio homem.
“Lamarck foi o primeiro que despertou pelas suas conclusões, um estudo sério sobre tal assunto. ...Sustenta nas suas obras a doutrina de que todas as espécies, compreendendo o próprio homem, derivam de outras espécies. Foi ele o primeiro que prestou à ciência o grande serviço de declarar que toda a alteração no mundo orgânico, bem como no mundo inorgânico, é o resultado de uma lei, e não uma intervenção miraculosa. A impossibilidade de estabelecer uma distinção entre as espécies e as variedades, a gradação tão perfeita em certos grupos, e a analogia das produções domésticas, parece terem conduzido Lamarck às suas conclusões a respeito das transformações graduais das espécies. ...Admite igualmente uma lei de desenvolvimento progressivo; ora, como todas as formas da vida tendem também ao aperfeiçoamento, ele explica a existência atual dos organismos muito simples pela geração espontânea”.2
Diversos outros estudiosos naturalistas, mais ou menos na mesma época de Lamarck, eram partidários destas idéias. Mas foi Charles Darwin, inglês, quem melhor delineou as causas que levariam os seres a uma contínua modificação, conduzindo-os gradativamente à extinção e fazendo surgir novas variedades e espécies desde o ser vivo mais simples até o ser humano.
Ao ser publicada, a sua obra levantou inúmeras polêmicas, principalmente dos adeptos do criacionismo. A sociedade não deixou de comentar o fato e até se escandalizar, ao ponto da esposa do bispo de Worcester (Inglaterra) afirmar: “Por Deus! Descendemos do macaco?! Esperemos que não seja verdade. E se for... rezemos para que ninguém fique sabendo”.
Publicada em 1859, A Origem das espécies, de Charles Darwin, foi uma pedrada no charco. Abalou consciências, modificou pensamentos, consagrou os princípios universais da competição entre as espécies e da selecção natural.
A ciência desferira um rude golpe na teoria criacionista, sendo por isso alvo de duras críticas que perduraram até à actualidade, se recordarmos que em alguns estados dos Estados Unidos a teoria evolucionista ainda é proibida.
No presente como no passado, A Origem das Espécies, foi objecto de profunda contestação e sucesso imediato (a 1.ª edição esgotou no dia em que foi posta à venda), fazendo correr rios de tinta e permanecendo praticamente inalterável desde a época vitoriana até aos nossos dias.
3
A seleção natural, ponto central da teoria da evolução, seria a lei da Natureza, através da qual, os seres mais aptos a viverem em determinados ambientes sobreviveriam ocasionando a extinção dos menos adaptados e elaboraria modificações, insensíveis a cada geração, necessárias à sobrevivência dos que restaram.
A seleção natural é o principal fator evolutivo que atua sobre a variabilidade genética da população. Pode-se dizer, simplificadamente, que a evolução é o resultado da atuação da seleção natural sobre a variabilidade genética de uma população.
A ação da seleção natural consiste em selecionar genótipos mais bem adaptados a uma determinada condição ecológica, eliminando aqueles desvantajosos para essa mesma condição.
A expressão mais bem adaptado refere-se à maior probabilidade de, em um determinado ambiente, um determinado indivíduo deixar descendentes. Os indivíduos mais bem adaptados a um ambiente têm chance maior de sobreviver e de deixar descendentes.
A seleção natural tende, portanto, a diminuir a variabilidade genética. Desse modo, quanto mais intensa for a seleção natural sobre uma determinada população, menor será a sua variabilidade, pois apenas alguns genótipos serão selecionados.4
O estudioso naturalista, pai da teoria da evolução, analisa a importância dos fósseis como meio de comprovação da existência passada de seres extintos, bem como das transformações elaboradas através do tempo, demonstrando uma seqüência lógica, uma cadeia sucessiva no surgimento dos novos seres. Apesar de ele ressaltar também a pouca quantidade e variedade de fósseis, as dificuldades de descobertas, a falta de fósseis de todos os seres já extintos para que se possa verificar todas as fases da evolução dos seres e a ausência de achados representativos das fases de transição das espécies.
Em texto colhido na enciclopédia virtual Wikipédia, intitulado Evidências da Evolução, o autor diz que “a grande variedade das evidências da evolução fornece ampla e rica informação dos processos naturais pelos quais a variedade da vida na Terra se desenvolveu”.(grifo no original)
Os fósseis... “são extremamente importantes para o entendimento da história evolucionária da vida na Terra, já que fornecem evidência direta da evolução e informações detalhadas sobre as linhagens dos organismos”.
Mais adiante o mesmo autor ressalta: “Uma sucessão de animais e plantas também podem ser vistos no registro fóssil. Evidências fósseis apóiam a teoria de que organismos tendem a aumentar progressivamente em complexidade. Ao estudar o número e complexidade de diferentes fósseis em diferentes níveis estratigráficos, foi demonstrado que rochas antigas que contêm fósseis apresentam poucos tipos de organismos fossilizados, e todos eles têm uma estrutura simples, enquanto que as rochas mais recentes contêm uma grande variedade de fósseis, freqüentemente com um aumento na complexidade de suas estruturas”.5
Não apenas o estudo dos fósseis representa provas da evolução das espécies como também outros argumentos que, tanto Darwin os estudou e citou no seu livro, quanto os estudiosos modernos continuam a estudar, o que se pode verificar na citação seguinte, de Luiz Gonzaga Pinheiro, engenheiro e licenciado em Ciências:
São inúmeras as provas que indicam ser o homem o resultado da evolução de seres inferiores, ou seja, primários na ordem de ascendência biológica. No campo da anatomia comparada podemos observar a homologia existente entre a constituição esquelética das asas do morcego, das aves, dos répteis voadores extintos e dos membros anteriores dos mamíferos. Essa seqüência evolutiva fundamenta-se no seguinte argumento: estruturas homólogas pertencentes a diferentes espécies indicam uma origem filogenética comum.
São igualmente abundantes as estruturas pertencentes ao homem atual, tidas como resquícios de seus ancestrais de outras espécies. O cóccix humano é um vestígio da cauda dos animais que o antecederam. O apêndice, no intestino grosso do homem, é um órgão atrofiado, herança dos animais herbívoros. Para todos os músculos do corpo humano, existem correspondentes nos gorilas antropóides.
Existem ainda várias outras provas anatômicas que poderão ser encontradas em qualquer compêndio de Biologia, caso o leitor esteja interessado no assunto.
O embrião humano apresenta bolsas branquiais no primeiro mês de formação, apesar de ser pulmonar a sua condição respiratória. Já na sexta semana de formação, o embrião apresenta uma longa cauda, que vai encurtando, à medida que o desenvolvimento se acentua, restando no final da formação o cóccix como vestígio.
Estas são outras provas insofismáveis, confirmando que a espécie humana descende de animais em que esses órgãos eram ativos, conservando o embrião parte dos processos embrionários que impuseram brânquias aos peixes e cauda aos mamíferos.
Se ainda existia alguma dúvida quanto ao homem ser o produto da evolução das espécies, esta foi definitivamente soterrada pelo Projeto Genoma Humano, desenvolvido pelos cientistas que conseguiram montar por completo o quadro de informações do código genético humano. Dentre centenas de outras informações destacam-se três, particularmente interessantes para o nosso estudo: cerca de duzentos dos nossos genes são herdados dos primeiros seres vivos existentes na Terra, há centenas de milhões de anos, os unicelulares, sendo pelo menos um deles responsável pela "produção de proteínas ligadas às emoções; cerca de mil genes desativados ao longo da evolução, considerados hoje pelos cientistas como "DNA lixo", na verdade serviram para proporcionar aos antepassados do homem de cerca de dez milhões de anos atrás, o olfato apurado tal qual o dos roedores atuais. Em outras palavras, tais genes ligados ao olfato, foram desativados quando os antepassados mais recentes do homem já tinham inteligência suficiente para conseguir alimentos e proteção sem o auxílio apurado desse sentido; pelo menos 750 milhões de pares-bases do DNA humano não passam de vastos desertos com pouquíssimos ou nenhum gene presente. O que significam tais desertos? Seriam estágios já superados ou a conquistar? Para tais perguntas somente a evolução trará respostas.6
“A ontogênese recapitula a filogênese”. Esta frase (o dogma de Ernst Haeckel, biólogo alemão) consta da obra “A Origem da Humanidade”, escrita por Günter Haaf, mostrando que “todos os seres vivos efetuam o curso da evolução (filogênese) durante seu desenvolvimento (ontogênese)”, o que faz com que seus embriões passem por todas as etapas evolucionárias vividas nas espécies anteriores. Esta teoria teve a sua conceituação um pouco modificada devido aos avanços da Genética, mas se pode verificar facilmente a semelhança entre os embriões das diversas espécies animais e o do homem.(Ver figura abaixo)
Este evento já teria sido percebido pelo filósofo grego Aristóteles há mais de 2300 anos atrás, o qual via na evolução uma grande finalidade, qual seja a de conduzir os seres para a realização de sua essência, de sua “idéia”.
O autor de A Origem da Humanidade esclarece ainda que homem e macaco não são irmãos, nem seria a espécie humana proveniente dos macacos atuais. São, na realidade, primos entre si, pois ambos derivam de um ancestral comum, extinto, o qual se desenvolveu gerando dois troncos distintos: o que deu origem aos atuais macacos e o que levou ao surgimento do ser humano.

O estudo da escala evolutiva do homem revela as etapas pelas quais passou a nossa espécie através dos milhões de anos de existência na Terra.

Os primeiros homens tinham um modo de vida praticamente idêntico ao dos atuais macacos: corpo peludo, braços longos, andar em quatro patas, pés com dedos longos, cérebro rudimentar, além de viverem de árvore em árvore à cata de alimento. Aos poucos se ergueram sobre si mesmos, aprenderam a se vestir para se protegerem do frio, a usar o fogo, a cozinhar os alimentos, a plantar, a criar animais, etc., numa longa trajetória até os dias atuais a qual nos conta a Biologia.


Evolução do Espírito

Evolução do Espírito
Princípio Inteligente


ATUAÇÃO DO PRINCÍPIO INTELIGENTE NÃO COMEÇA NOS MINERIAS


Será?! E por que não?   No que isto tornaria o homem ou os anjos indignos ? Se o PI (Princípio Inteligente) começou nos reinos acima do mineral; onde então aprendeu, ele, as leis de coesão, tração e atração que expressa em seu campo de manifestação?

Agora, como homem, vemos a atuação destas mesmas leis na agregação de células, moléculas, átomos, órgãos, pensamentos e etc. Se o espírito foi "criado simples e ignorante" (LE 115), onde teria ele aprendido este saber? Quando e como adquiriu este conhecimento?

Para darmos inicio, podemos começar perguntando, qual a diferença entre
PI e Espírito?

O PI é espírito sem pensamento continuo, isto é, desde os estágios iniciais até o reino animal. Razão porque podemos vê-lo como Mônada, Crisalida de consciência e outros termos.

Já, Espírito é quando o PI conquista a capacidade de manifestação do pensamento continuo, penetrando no reino hominal na aquisição da razão.

Perguntaram-me se a atuação do princípio inteligente começava a partir dos minerais. Respondi: Não!

O que é vida? Teria o átomo alguma forma de vida? e o mineral? e o vegetal? o animal? o homem? e, o anjo? São formas de vidas iguais, diferentes, ou o quê?

Poderemos correlacionar a vida do vegetal com a do animal e deste com a do homem?

E o anjo, perante o homem, tem vida? Se a resposta é sim para o anjo, por que deveria ser não para o mineral ou o átomo?

Poderíamos dizer que a Vida é somente para os organismos orgânicos? E os inorgânicos são apenas corpúsculos sem vida?

Mas, e o que são os organismos orgânicos? Acaso, não são composições complexas dos inorgânicos? Se assim é, onde a Vida?

Portanto estamos vendo que dar uma resposta finalística, seja negativa ou positiva, a esta questão, é cair no personalismo.

Podemos traçar algumas teorias, ideias ou seja o que for. Entretanto, a resposta está para alem dos campos científicos e mesmo filosóficos.



CLONAGEM - Visão Espírita.

Clonagem – Visão Espírita / Eurípedes Kühl Página: 1
CLONAGEM - Visão Espírita
- Estamos registrando a seguir as respostas às perguntas que geralmente temos
recebido sobre “Clonagem e Espiritismo”.
- Abrindo o leque de respostas, desde já afirmamos com toda ênfase que:
a. como espírita e simples estudioso do tema que somos, nosso pensamento é
que o Espiritismo, que sempre acatou os avanços da ciência, no caso da clonagem
só contempla a clonagem terapêutica , como benéfica à Humanidade;
b. nenhuma das nossas reflexões podem ou devem ser encaradas com afirmações,
senão sim, como simples análise que fizemos desse transcendental tema,
que está longe de ser esgotado; ao contrário, está no início...
- Pedimos desculpas antecipadas a algumas respostas que pela profundidade do
assunto, não favorecem a síntese:
Pergunta: – O tema “clonagem de seres humanos” vem sendo cada vez mais
discutido, em todos os setores da sociedade. Como o Espiritismo vê essa
questão?
R: - A clonagem dos seres humanos, ora em discussão (e proibição!) mundial, vêa
o Espiritismo como inegável avanço científico-tecnológico. Não obstante, situa-a
no escorregadio rol moral do progresso, pelo que só pela Lei Divina do Amor deve
ser empregada. Assim, apenas o bom senso poderá ser o árbitro da utilização dos
métodos de clonagem — exclusivamente para fins terapêuticos, jamais, reprodutivos.
Clonagem – Visão Espírita / Eurípedes Kühl Página: 2
Pergunta: - O senhor disse, numa entrevista, que o Espiritismo vê a genética
como “subsidiária da vida e, como tal, sob responsabilidade de mensageiros
do plano espiritual. No tempo certo, a humanidade recebe tais avanços”. Isso
pode significar que quaisquer avanços com relação à clonagem são bemvindos?
R: - Sim: da clonagem terapêutica...
Pergunta: - O senhor também falou que está registrado em O Livro dos Espíritos,
questão 19, que os segredos da ciência foram dados ao homem para o
seu progresso, mas jamais ele poderá ultrapassar os limites estabelecidos
por Deus. Como determinar esses limites?
R: - A Natureza — obra de Deus — é mãe dadivosa, que protege todos os seres
vivos e como tal, ao sofrer injúrias, pelos descaminhos dos seus filhos, impõe-lhes
limites, pela lei de ação e reação, devolvendo-lhes os mesmos resultados, a título
de preciosa lição. A teratologia em 95% a 98,5% das tentativas de clonagem reprodutiva
nos parece limite indiscutível. Mais que limite: vigorosa proibição!
Pergunta: - Eles (os limites) incluem a impossibilidade de clonar outros seres
humanos?
R: - Embora cientificamente viável, a clonagem reprodutiva de seres humanos, a
nosso ver, para ser alcançada promove descarte de impressionante quantidade de
embriões, o que se enquadra em descaminho, já que nada acrescenta à Vida,
sendo falso o ufanismo de tê-la criado, o que não é verdade, eis que o homem
manipula células, mas não consegue criar uma única.
Clonagem – Visão Espírita / Eurípedes Kühl Página: 3
Pergunta: – Uma questão que também vem sendo bastante discutida nos
meios espirituais em geral – não apenas no Espiritismo, mas em diversas
religiões do planeta – é a questão da alma do clone. Como ocorreria o processo,
segundo o Espiritismo?
R: - A alma de um clone humano — se algures este houver — será aquela que,
sob supervisão das leis divinas, máxime a da reencarnação, será destinada a esse
corpo terreno, para vivenciar experiências, nas mesmas condições físicas que lhe
seriam propiciadas pelas premissas de uma existência material normal. Tais premissas,
consentâneas a um programa reencarnatório pré-estabelecido (em função
do nível moral daquele que vai reencarnar), visam sempre a evolução espiritual do
ser.
Pergunta: - Existe alguma diferença com relação à gestação normal de um
ser humano?
R: - Imaginamos que a gestação de um clone seria similar àquela que a gestante
experimenta sob fecundação assistida. Isso porque a mulher grávida passa a orbitar
numa outra psicosfera, onde a ligação Espírito-Espírito (mãe-futuro filho) é de
tanta sublimidade que o nascimento se torna o fulcro das suas mentalizações, diminuindo
sensivelmente considerações de como ocorreu a fecundação.
Pergunta: - Como o espírito que vai reencarnar se une ao corpo criado, ou
clonado?
R: - A união espírito-corpo ocorre no instante da fecundação, sob orientação de
desígnios superiores, contidos nas leis da Vida, cuja aplicação estão a cargo de
Espíritos protetores — verdadeiros ministros de Deus.
Clonagem – Visão Espírita / Eurípedes Kühl Página: 4
Pergunta: – O senhor chegou a dizer que a clonagem, ainda que seja um fato
científico extraordinário, em se tratando de indivíduos é algo terrivelmente
perigoso. Em que sentido é perigoso?
R: - O perigo é representado pelos prejuízos de ordem física e moral: sabe-se que
a cada 100 (cem) tentativas, no mínimo 95 (noventa e cinco) não prosperarão,
deixando um rastro de abortos e mortes de gestantes; as 5 (cinco) gestações que
eventualmente prosperarem não garantirão vida saudável para os clones, a começar
pelo previsível envelhecimento celular precoce.
Pergunta: - Quais as conseqüências para a humanidade?
R: - Pode o homem manipular óvulos e espermatozóides, mas jamais poderá determinar
que alma irá habitar num eventual clone. No caso, não poderá nem o geneticista,
nem os pais, nem quem quer que seja, “escolher” a alma que irá habitar
no resultado de uma clonagem humana reprodutiva. Assim, a clonagem humana
reprodutiva pode descambar para a vaidade de alguém querer uma “cópia mais
nova de si mesmo” (que, aliás, terá alma diferente da do “original”) ou alguma empresa
de biotecnologia clonar pessoas para serem utilizadas como banco de órgãos
para transplantes...
Pergunta: - Sob o ângulo científico, a clonagem é uma conquista notável,
uma vez que nos dá a chance de ir além de nossos “limites” orgânicos. O
senhor acredita que estamos próximos de um novo salto evolucionário?
R: - Lembramos que a aviação começou com balões, evoluiu para os aeroplanos,
depois para as aeronaves a jato, hoje culminando com veículos espaciais. A clonagem,
para nós, está a bordo de um figurativo “14-bis” (tem muito a progredir,
mas já está dando os primeiros vôos rasantes, quer dizer, os primeiros passos). O
progresso é infinito!
Clonagem – Visão Espírita / Eurípedes Kühl Página: 5
Pergunta: - Com tantos preconceitos surgindo a todo o momento na sociedade
moderna, como o senhor vê, do ponto de vista espírita, as possíveis
implicações morais e sociais daqueles que forem considerados “filhos” das
técnicas de clonagem?
R: - Como ainda não existem clones humanos (ao menos pelo que se saiba, exceção
do fictício personagem Léo, da novela “O Clone”, exibida em 2001/2002), apenas
lucubramos que uma pessoa nascida como “filha” de clonagem terá imensas
dificuldades sociais para administrar sua existência, a começar pelo monitoramento
médico a que estará permanentemente submetida. Onde essa pessoa se
apresentar estará sob o foco da curiosidade popular e de desencontrados comentários,
tendentes a desestabilizar-lhe a paz. Pela filosófica certeza espírita de que
“Deus não põe cruz em ombro errado”, podemos refletir que se alguém vier a passar
por esse desconforto, estará apenas em processo de resgate, por ter infligido
problema similar ao próximo, em vida(s) passada(s).
Pergunta: – Imagina-se que, quando estiverem totalmente disponíveis, as
técnicas de clonagem humana estarão acessíveis apenas a grupos restritos,
ou seja, quem tiver muito dinheiro para cobrir os custos de qualquer tratamento
na área. Como o Espiritismo vê essa questão?
R: - A clonagem humana reprodutiva estará sim restrita aos ricos. É, aliás, o que
ocorre com a fecundação assistida. Na nossa opinião o Espiritismo não concorda
com a clonagem reprodutiva mas considera proveitosos os efeitos da clonagem
terapêutica (hoje eleita por sete especialistas, dentre dez). Os beneficiários enquadram-
se na Lei de Ação e Reação, sendo de supor-se que reuniram méritos na
obtenção dessa graça, por término da provação ou expiação patológica que vinham
sofrendo. Lembramos que Jesus, em meio à existência física de muitos cegos
e paralíticos, curou alguns, mas não a todos. Inescapável que os agraciados
eram disso merecedores.
Clonagem – Visão Espírita / Eurípedes Kühl Página: 6
Pergunta: - Como lidar com a questão moral, que já existe no mundo hoje
mesmo, independente da clonagem humana?
R: - Submetendo todas as ações à ética cristã — Evangelhoterapia!
Pergunta: – O uso de células-tronco poderá conter chaves para vários tratamentos
de doenças que hoje estão à margem dos progressos científicos.
Contudo, esse material vem de embriões que não chegaram se desenvolver,
ou que foram impedidos de seguirem seu curso normal. Como o Espiritismo
encara essa situação?
R: - Células-tronco constituem, num primeiro passo, a bênção até aqui alcançada
pelas pesquisas com a clonagem. Bênção incalculável, sublime! Seu emprego
acena com a eliminação de praticamente quase todas as doenças! De forma alguma
o Espiritismo concorda com a utilização de células-tronco embrionárias. Isso
porque após a extração das células necessárias, o que restar de cada embrião
será descartado, configurando-se o nefando crime do aborto, inadmissível para
nós, espíritas. Contudo, Deus, na Sua bondade infinita, bem depressa já permitiu
à ciência descobrir que todos os indivíduos, mesmo e principalmente os adultos,
têm células-tronco em si mesmos(*), propiciando auto-emprego com rejeição “zero”,
o que dispensa as alienígenas, vindas de embriões!
(*) Ampla reportagem no jornal Folha de S.Paulo, de 21.Junho.2002, dá
conta que cientistas da Universidade de Minnesota/EUA, descobriram que célulastronco
adultas da medula óssea podem se transformar em qualquer tipo de tecido,
assim como suas equivalentes embrionárias. (Grifamos).
Clonagem – Visão Espírita / Eurípedes Kühl Página: 7
Pergunta: – O senhor crê que teremos clones de Moisés, Jesus, Kardec?
Como isso afetaria a espiritualidade na Terra? E se os clonados forem tiranos
que tiveram uma ação negativa no plano físico?
R: - Não cremos que teremos clones de personagens históricas, boas ou más, ou
mesmo de qualquer pessoa, pela simples razão de que o Espiritismo leciona que
cada Espírito é um ser com inteligência individual e com perispírito individualizado
(respectivamente, questões 72 e 284, de “O Livro dos Espíritos”). Além do mais,
cada Espírito renasce com um programa vivencial, consentâneo com seu passivo
existencial (múltiplas vidas anteriores): segui-lo ou não é decisão do livre-arbítrio
de cada um, mas, se a plantação é livre, a colheita será obrigatória. A soma das
ações de todos os “livre-arbítrios terrenos” forma o clima de espiritualidade terrena.
Todos aqueles que agirem no bem, estarão progredindo e tendo novas oportunidades
de continuar assim procedendo; os que agirem mal, igualmente terão
novas chances de melhoria moral — para todos: outras reencarnações.
Clonar um ser determinado para que ele vivesse vida igual a alguma já vivida, seria
o mesmo que “tomar o lugar de Deus”, isto é, o homem, num laboratório, realizar
tarefa atribuída ao Plano Espiritual (Espíritos Superiores, por delegação divina)..
Devemos relembrar ainda que pelos postulados da Justiça Divina (que Jesus relembrou:
“a cada um segundo suas obras”), os que numa existência prejudicaram
o próximo, — pelo remorso —, quase sempre já a partir da existência em que causaram
o mal ou na próxima, estarão destituídos de poder e vivenciando os duros
embates do auto-reajustamento e da respectiva e subseqüente quitação (pela
Bondade do Pai, não reencarnariam com idêntico poder — talvez com poder algum
—, para que não mergulhem ainda mais fundo naqueles descaminhos).
Registrou Allan Kardec, sob esclarecimento de Espíritos amigos, que “de cada mal
Deus tira um bem”. Assim sendo, analisamos que os males sofridos pela humanidade,
por ação de pessoas más, representam choque de retorno às vítimas, que
se quitam, mas “notas promissórias” assinadas inconscientemente pelos agentes
Clonagem – Visão Espírita / Eurípedes Kühl Página: 8
daqueles males, as quais, cedo ou tarde terão que ser resgatadas, perante o tribunal
da consciência.
Pergunta: – Existem citações específicas de Allan Kardec com relação a uma
situação como essa (da clonagem humana), ou situações semelhantes? Onde
as pessoas podem procurar essas passagens para se instruírem mais
sobre o ponto de vista do Espiritismo?
R: - Se nós formos nos basear apenas na palavra clonagem, nada encontraremos
em Kardec, especificamente. Mas, com Kardec, sem a menor dificuldade, deduzimos
o quanto o Espiritismo tem de sabedoria, no seu tríplice aspecto Ciência, Filosofia
e Religião: os desdobramentos científicos, filosóficos e religiosos da clonagem
lá estão! Encontraremos na Codificação da Doutrina dos Espíritos, várias
premissas que nos ajudam a equacionar muito bem os fatos atuais ligados à clonagem:
- na questão da Ciência: em “A Gênese”, Cap I, n° 55, é de Kardec a afirmação:
Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado,
porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de
um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar,
ele a aceitará (grifamos);
- na questão da Filosofia: em “O Livro dos Espíritos”, Cap VIII, “Da Lei do Progresso”,
está registrado, no item 777, que “o homem tem que progredir incessantemente”
(...); “porque Deus assim o quer”; mais à frente, no item 783, vemos: “Há o
progresso regular e lento (da Humanidade)”; (...) “de tempos a tempos Deus sujeita
(um) povo a um abalo físico ou moral que o transforma”; (...) “Aquele, porém,
que eleva o pensamento acima da sua própria personalidade, admira os desígnios
da Providência, que do mal faz sair o bem”;
- no aspecto Religião, interligando os dois Planos, o material e o espiritual,
sabemos nós que a vida se rege pelas leis da reencarnação, esta a cargo de EspíClonagem
– Visão Espírita / Eurípedes Kühl Página: 9
ritos Siderais, como já dissemos, que controlam cada nascimento e cada morte
(exceto as provocadas), em consonância com as demais Leis Morais.
Se me permitem, detalharemos um pouquinho mais essa questão da clonagem
estar no Espiritismo, desde Kardec:
a. aspecto científico: em primeiro lugar, podemos, entre o passado e o futuro,
estabelecer uma aliança espírita com a clonagem: esta, surgida nos fins do
século XX, aquele, codificado em 1857 (com o “O Livro dos Espíritos”). A aliança:
a citação acima de “A Gênese", Cap I, n° 55, a nosso ver foi uma prudente afirmação
de Kardec, premonitória, algo semelhante com a de Jesus, quando prometeu
o envio do Consolador, que para nós, espíritas, é o Espiritismo;
b. aspecto filosófico: Filosofia e Espiritismo se encontram na clonagem pela
questão n° 8 de “O Livro dos Espíritos”: ali, esclareceram os Espíritos Siderais que
não existe o acaso. Ora: consideramos que a clonagem, para aportar no planeta
Terra, teve necessariamente permissão de Deus; e como ela (a clonagem terapêutica,
enfatizamos) abre um fabuloso leque de possibilidades para o ser humano,
indubitavelmente este está sendo o momento adequado para esse importante
passo evolutivo;
c. aspecto religioso: aconteceu este encontro entre o Espiritismo e a clonagem,
segundo mencionamos que na reencarnação cada ser renasce no planeta
Terra trazendo consigo todo um repertório de providências que precederam ao
seu nascimento. Vamos agora acrescentar que no caso de anomalias congênitas
ou doenças eclodirem num determinado tempo da existência, se inserirmos a cura
pela clonagem (a terapêutica, sempre) nesse contexto, como não aceitá-la, diante
da certeza de que cessou tal expiação?
Clonagem – Visão Espírita / Eurípedes Kühl Página: 10
Pergunta: – Se a clonagem humana está sendo permitida por Deus, os humanos
eventualmente venham a existir a partir dessa técnica também poderão
ser médiuns? Imagine-se que a técnica se desenvolva a tal ponto que seja
possível determinar certas características das pessoas, de modo que se pudesse
ter uma legião de médiuns. Como encarar uma situação hipotética
como essa?
R: - A hipótese do geneticista determinar faculdades mediúnicas a eventuais clones
não resiste à formulação do Espiritismo tendo em vista que tal atribuição é de
responsabilidade exclusiva dos Espíritos protetores encarregados da reencarnação,
que as adequam em razão do roteiro terreno pré-estabelecido a cada futuro
médium. E isso se processa no “andar de cima”, no Plano Espiritual, jamais num
laboratório...
( Repetimos: Agradecemos a oportunidade de externar simples reflexões,
jamais certezas! )

Ribeirão Preto/SP – Primavera/2002 - Eurípedes Kühl


Demônios

"Os únicos demônios neste mundo são os que perambulam em nossos corações, e é aí que as nossas batalhas devem ser travadas." Maha...