CLONAGEM - Visão Espírita.

Clonagem – Visão Espírita / Eurípedes Kühl Página: 1
CLONAGEM - Visão Espírita
- Estamos registrando a seguir as respostas às perguntas que geralmente temos
recebido sobre “Clonagem e Espiritismo”.
- Abrindo o leque de respostas, desde já afirmamos com toda ênfase que:
a. como espírita e simples estudioso do tema que somos, nosso pensamento é
que o Espiritismo, que sempre acatou os avanços da ciência, no caso da clonagem
só contempla a clonagem terapêutica , como benéfica à Humanidade;
b. nenhuma das nossas reflexões podem ou devem ser encaradas com afirmações,
senão sim, como simples análise que fizemos desse transcendental tema,
que está longe de ser esgotado; ao contrário, está no início...
- Pedimos desculpas antecipadas a algumas respostas que pela profundidade do
assunto, não favorecem a síntese:
Pergunta: – O tema “clonagem de seres humanos” vem sendo cada vez mais
discutido, em todos os setores da sociedade. Como o Espiritismo vê essa
questão?
R: - A clonagem dos seres humanos, ora em discussão (e proibição!) mundial, vêa
o Espiritismo como inegável avanço científico-tecnológico. Não obstante, situa-a
no escorregadio rol moral do progresso, pelo que só pela Lei Divina do Amor deve
ser empregada. Assim, apenas o bom senso poderá ser o árbitro da utilização dos
métodos de clonagem — exclusivamente para fins terapêuticos, jamais, reprodutivos.
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Pergunta: - O senhor disse, numa entrevista, que o Espiritismo vê a genética
como “subsidiária da vida e, como tal, sob responsabilidade de mensageiros
do plano espiritual. No tempo certo, a humanidade recebe tais avanços”. Isso
pode significar que quaisquer avanços com relação à clonagem são bemvindos?
R: - Sim: da clonagem terapêutica...
Pergunta: - O senhor também falou que está registrado em O Livro dos Espíritos,
questão 19, que os segredos da ciência foram dados ao homem para o
seu progresso, mas jamais ele poderá ultrapassar os limites estabelecidos
por Deus. Como determinar esses limites?
R: - A Natureza — obra de Deus — é mãe dadivosa, que protege todos os seres
vivos e como tal, ao sofrer injúrias, pelos descaminhos dos seus filhos, impõe-lhes
limites, pela lei de ação e reação, devolvendo-lhes os mesmos resultados, a título
de preciosa lição. A teratologia em 95% a 98,5% das tentativas de clonagem reprodutiva
nos parece limite indiscutível. Mais que limite: vigorosa proibição!
Pergunta: - Eles (os limites) incluem a impossibilidade de clonar outros seres
humanos?
R: - Embora cientificamente viável, a clonagem reprodutiva de seres humanos, a
nosso ver, para ser alcançada promove descarte de impressionante quantidade de
embriões, o que se enquadra em descaminho, já que nada acrescenta à Vida,
sendo falso o ufanismo de tê-la criado, o que não é verdade, eis que o homem
manipula células, mas não consegue criar uma única.
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Pergunta: – Uma questão que também vem sendo bastante discutida nos
meios espirituais em geral – não apenas no Espiritismo, mas em diversas
religiões do planeta – é a questão da alma do clone. Como ocorreria o processo,
segundo o Espiritismo?
R: - A alma de um clone humano — se algures este houver — será aquela que,
sob supervisão das leis divinas, máxime a da reencarnação, será destinada a esse
corpo terreno, para vivenciar experiências, nas mesmas condições físicas que lhe
seriam propiciadas pelas premissas de uma existência material normal. Tais premissas,
consentâneas a um programa reencarnatório pré-estabelecido (em função
do nível moral daquele que vai reencarnar), visam sempre a evolução espiritual do
ser.
Pergunta: - Existe alguma diferença com relação à gestação normal de um
ser humano?
R: - Imaginamos que a gestação de um clone seria similar àquela que a gestante
experimenta sob fecundação assistida. Isso porque a mulher grávida passa a orbitar
numa outra psicosfera, onde a ligação Espírito-Espírito (mãe-futuro filho) é de
tanta sublimidade que o nascimento se torna o fulcro das suas mentalizações, diminuindo
sensivelmente considerações de como ocorreu a fecundação.
Pergunta: - Como o espírito que vai reencarnar se une ao corpo criado, ou
clonado?
R: - A união espírito-corpo ocorre no instante da fecundação, sob orientação de
desígnios superiores, contidos nas leis da Vida, cuja aplicação estão a cargo de
Espíritos protetores — verdadeiros ministros de Deus.
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Pergunta: – O senhor chegou a dizer que a clonagem, ainda que seja um fato
científico extraordinário, em se tratando de indivíduos é algo terrivelmente
perigoso. Em que sentido é perigoso?
R: - O perigo é representado pelos prejuízos de ordem física e moral: sabe-se que
a cada 100 (cem) tentativas, no mínimo 95 (noventa e cinco) não prosperarão,
deixando um rastro de abortos e mortes de gestantes; as 5 (cinco) gestações que
eventualmente prosperarem não garantirão vida saudável para os clones, a começar
pelo previsível envelhecimento celular precoce.
Pergunta: - Quais as conseqüências para a humanidade?
R: - Pode o homem manipular óvulos e espermatozóides, mas jamais poderá determinar
que alma irá habitar num eventual clone. No caso, não poderá nem o geneticista,
nem os pais, nem quem quer que seja, “escolher” a alma que irá habitar
no resultado de uma clonagem humana reprodutiva. Assim, a clonagem humana
reprodutiva pode descambar para a vaidade de alguém querer uma “cópia mais
nova de si mesmo” (que, aliás, terá alma diferente da do “original”) ou alguma empresa
de biotecnologia clonar pessoas para serem utilizadas como banco de órgãos
para transplantes...
Pergunta: - Sob o ângulo científico, a clonagem é uma conquista notável,
uma vez que nos dá a chance de ir além de nossos “limites” orgânicos. O
senhor acredita que estamos próximos de um novo salto evolucionário?
R: - Lembramos que a aviação começou com balões, evoluiu para os aeroplanos,
depois para as aeronaves a jato, hoje culminando com veículos espaciais. A clonagem,
para nós, está a bordo de um figurativo “14-bis” (tem muito a progredir,
mas já está dando os primeiros vôos rasantes, quer dizer, os primeiros passos). O
progresso é infinito!
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Pergunta: - Com tantos preconceitos surgindo a todo o momento na sociedade
moderna, como o senhor vê, do ponto de vista espírita, as possíveis
implicações morais e sociais daqueles que forem considerados “filhos” das
técnicas de clonagem?
R: - Como ainda não existem clones humanos (ao menos pelo que se saiba, exceção
do fictício personagem Léo, da novela “O Clone”, exibida em 2001/2002), apenas
lucubramos que uma pessoa nascida como “filha” de clonagem terá imensas
dificuldades sociais para administrar sua existência, a começar pelo monitoramento
médico a que estará permanentemente submetida. Onde essa pessoa se
apresentar estará sob o foco da curiosidade popular e de desencontrados comentários,
tendentes a desestabilizar-lhe a paz. Pela filosófica certeza espírita de que
“Deus não põe cruz em ombro errado”, podemos refletir que se alguém vier a passar
por esse desconforto, estará apenas em processo de resgate, por ter infligido
problema similar ao próximo, em vida(s) passada(s).
Pergunta: – Imagina-se que, quando estiverem totalmente disponíveis, as
técnicas de clonagem humana estarão acessíveis apenas a grupos restritos,
ou seja, quem tiver muito dinheiro para cobrir os custos de qualquer tratamento
na área. Como o Espiritismo vê essa questão?
R: - A clonagem humana reprodutiva estará sim restrita aos ricos. É, aliás, o que
ocorre com a fecundação assistida. Na nossa opinião o Espiritismo não concorda
com a clonagem reprodutiva mas considera proveitosos os efeitos da clonagem
terapêutica (hoje eleita por sete especialistas, dentre dez). Os beneficiários enquadram-
se na Lei de Ação e Reação, sendo de supor-se que reuniram méritos na
obtenção dessa graça, por término da provação ou expiação patológica que vinham
sofrendo. Lembramos que Jesus, em meio à existência física de muitos cegos
e paralíticos, curou alguns, mas não a todos. Inescapável que os agraciados
eram disso merecedores.
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Pergunta: - Como lidar com a questão moral, que já existe no mundo hoje
mesmo, independente da clonagem humana?
R: - Submetendo todas as ações à ética cristã — Evangelhoterapia!
Pergunta: – O uso de células-tronco poderá conter chaves para vários tratamentos
de doenças que hoje estão à margem dos progressos científicos.
Contudo, esse material vem de embriões que não chegaram se desenvolver,
ou que foram impedidos de seguirem seu curso normal. Como o Espiritismo
encara essa situação?
R: - Células-tronco constituem, num primeiro passo, a bênção até aqui alcançada
pelas pesquisas com a clonagem. Bênção incalculável, sublime! Seu emprego
acena com a eliminação de praticamente quase todas as doenças! De forma alguma
o Espiritismo concorda com a utilização de células-tronco embrionárias. Isso
porque após a extração das células necessárias, o que restar de cada embrião
será descartado, configurando-se o nefando crime do aborto, inadmissível para
nós, espíritas. Contudo, Deus, na Sua bondade infinita, bem depressa já permitiu
à ciência descobrir que todos os indivíduos, mesmo e principalmente os adultos,
têm células-tronco em si mesmos(*), propiciando auto-emprego com rejeição “zero”,
o que dispensa as alienígenas, vindas de embriões!
(*) Ampla reportagem no jornal Folha de S.Paulo, de 21.Junho.2002, dá
conta que cientistas da Universidade de Minnesota/EUA, descobriram que célulastronco
adultas da medula óssea podem se transformar em qualquer tipo de tecido,
assim como suas equivalentes embrionárias. (Grifamos).
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Pergunta: – O senhor crê que teremos clones de Moisés, Jesus, Kardec?
Como isso afetaria a espiritualidade na Terra? E se os clonados forem tiranos
que tiveram uma ação negativa no plano físico?
R: - Não cremos que teremos clones de personagens históricas, boas ou más, ou
mesmo de qualquer pessoa, pela simples razão de que o Espiritismo leciona que
cada Espírito é um ser com inteligência individual e com perispírito individualizado
(respectivamente, questões 72 e 284, de “O Livro dos Espíritos”). Além do mais,
cada Espírito renasce com um programa vivencial, consentâneo com seu passivo
existencial (múltiplas vidas anteriores): segui-lo ou não é decisão do livre-arbítrio
de cada um, mas, se a plantação é livre, a colheita será obrigatória. A soma das
ações de todos os “livre-arbítrios terrenos” forma o clima de espiritualidade terrena.
Todos aqueles que agirem no bem, estarão progredindo e tendo novas oportunidades
de continuar assim procedendo; os que agirem mal, igualmente terão
novas chances de melhoria moral — para todos: outras reencarnações.
Clonar um ser determinado para que ele vivesse vida igual a alguma já vivida, seria
o mesmo que “tomar o lugar de Deus”, isto é, o homem, num laboratório, realizar
tarefa atribuída ao Plano Espiritual (Espíritos Superiores, por delegação divina)..
Devemos relembrar ainda que pelos postulados da Justiça Divina (que Jesus relembrou:
“a cada um segundo suas obras”), os que numa existência prejudicaram
o próximo, — pelo remorso —, quase sempre já a partir da existência em que causaram
o mal ou na próxima, estarão destituídos de poder e vivenciando os duros
embates do auto-reajustamento e da respectiva e subseqüente quitação (pela
Bondade do Pai, não reencarnariam com idêntico poder — talvez com poder algum
—, para que não mergulhem ainda mais fundo naqueles descaminhos).
Registrou Allan Kardec, sob esclarecimento de Espíritos amigos, que “de cada mal
Deus tira um bem”. Assim sendo, analisamos que os males sofridos pela humanidade,
por ação de pessoas más, representam choque de retorno às vítimas, que
se quitam, mas “notas promissórias” assinadas inconscientemente pelos agentes
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daqueles males, as quais, cedo ou tarde terão que ser resgatadas, perante o tribunal
da consciência.
Pergunta: – Existem citações específicas de Allan Kardec com relação a uma
situação como essa (da clonagem humana), ou situações semelhantes? Onde
as pessoas podem procurar essas passagens para se instruírem mais
sobre o ponto de vista do Espiritismo?
R: - Se nós formos nos basear apenas na palavra clonagem, nada encontraremos
em Kardec, especificamente. Mas, com Kardec, sem a menor dificuldade, deduzimos
o quanto o Espiritismo tem de sabedoria, no seu tríplice aspecto Ciência, Filosofia
e Religião: os desdobramentos científicos, filosóficos e religiosos da clonagem
lá estão! Encontraremos na Codificação da Doutrina dos Espíritos, várias
premissas que nos ajudam a equacionar muito bem os fatos atuais ligados à clonagem:
- na questão da Ciência: em “A Gênese”, Cap I, n° 55, é de Kardec a afirmação:
Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado,
porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de
um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar,
ele a aceitará (grifamos);
- na questão da Filosofia: em “O Livro dos Espíritos”, Cap VIII, “Da Lei do Progresso”,
está registrado, no item 777, que “o homem tem que progredir incessantemente”
(...); “porque Deus assim o quer”; mais à frente, no item 783, vemos: “Há o
progresso regular e lento (da Humanidade)”; (...) “de tempos a tempos Deus sujeita
(um) povo a um abalo físico ou moral que o transforma”; (...) “Aquele, porém,
que eleva o pensamento acima da sua própria personalidade, admira os desígnios
da Providência, que do mal faz sair o bem”;
- no aspecto Religião, interligando os dois Planos, o material e o espiritual,
sabemos nós que a vida se rege pelas leis da reencarnação, esta a cargo de EspíClonagem
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ritos Siderais, como já dissemos, que controlam cada nascimento e cada morte
(exceto as provocadas), em consonância com as demais Leis Morais.
Se me permitem, detalharemos um pouquinho mais essa questão da clonagem
estar no Espiritismo, desde Kardec:
a. aspecto científico: em primeiro lugar, podemos, entre o passado e o futuro,
estabelecer uma aliança espírita com a clonagem: esta, surgida nos fins do
século XX, aquele, codificado em 1857 (com o “O Livro dos Espíritos”). A aliança:
a citação acima de “A Gênese", Cap I, n° 55, a nosso ver foi uma prudente afirmação
de Kardec, premonitória, algo semelhante com a de Jesus, quando prometeu
o envio do Consolador, que para nós, espíritas, é o Espiritismo;
b. aspecto filosófico: Filosofia e Espiritismo se encontram na clonagem pela
questão n° 8 de “O Livro dos Espíritos”: ali, esclareceram os Espíritos Siderais que
não existe o acaso. Ora: consideramos que a clonagem, para aportar no planeta
Terra, teve necessariamente permissão de Deus; e como ela (a clonagem terapêutica,
enfatizamos) abre um fabuloso leque de possibilidades para o ser humano,
indubitavelmente este está sendo o momento adequado para esse importante
passo evolutivo;
c. aspecto religioso: aconteceu este encontro entre o Espiritismo e a clonagem,
segundo mencionamos que na reencarnação cada ser renasce no planeta
Terra trazendo consigo todo um repertório de providências que precederam ao
seu nascimento. Vamos agora acrescentar que no caso de anomalias congênitas
ou doenças eclodirem num determinado tempo da existência, se inserirmos a cura
pela clonagem (a terapêutica, sempre) nesse contexto, como não aceitá-la, diante
da certeza de que cessou tal expiação?
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Pergunta: – Se a clonagem humana está sendo permitida por Deus, os humanos
eventualmente venham a existir a partir dessa técnica também poderão
ser médiuns? Imagine-se que a técnica se desenvolva a tal ponto que seja
possível determinar certas características das pessoas, de modo que se pudesse
ter uma legião de médiuns. Como encarar uma situação hipotética
como essa?
R: - A hipótese do geneticista determinar faculdades mediúnicas a eventuais clones
não resiste à formulação do Espiritismo tendo em vista que tal atribuição é de
responsabilidade exclusiva dos Espíritos protetores encarregados da reencarnação,
que as adequam em razão do roteiro terreno pré-estabelecido a cada futuro
médium. E isso se processa no “andar de cima”, no Plano Espiritual, jamais num
laboratório...
( Repetimos: Agradecemos a oportunidade de externar simples reflexões,
jamais certezas! )

Ribeirão Preto/SP – Primavera/2002 - Eurípedes Kühl


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