EVOLUÇÃO DO SER - Parte 2

Hoje, não existem dúvidas entre os estudiosos e cientistas, quanto à natureza do surgimento e da evolução das diversas espécies na Terra, inclusive o homem. Descrer da evolução das espécies seria “remar contra a maré”, lutar contra os fatos e fomentar o fanatismo e a ignorância.


1 – A Origem das Espécies, Charles Darwin
2 - A Origem das Espécies, Charles Darwin
3 – Site das Publicações Europa-América – www.europa-america.pt
4 – Teoria Sintérica da Evolução – Web site: sti.br.inter.net/rafaas/biologia-ar/index.htm
5 – Evidências da Evolução – Web site Wikipédia
6 – O Perispírito e suas Modelações – Luiz Gonzaga Pinheiro

PARTE II

Busquemos agora a resposta para a 2.ª proposição lançada no início deste trabalho. Quanto à evolução orgânica dos seres, num desenvolvimento contínuo dos mais inferiores até os mais adiantados, isto é lógico e comprovado. Mas o Espírito, para a sua jornada evolutiva, precisa habitar os corpos dos seres dos diversos reinos da Natureza? Ou será que o princípio espiritual ligado a cada ser, vegetal, animal ou hominal, reencarna e evolui apenas dentro da sua própria espécie ou reino?
Usaremos o presente trabalho para defender a primeira idéia. Para isto, buscaremos recursos argumentativos na Doutrina Espírita, visto que a mesma dispõe de conhecimentos suficientes para esclarecer o assunto.
Antes, porém, vejamos alguns raciocínios que possam conduzir-nos no caminho de um melhor entendimento da questão.
1) A Natureza em si não reconhece a divisão em reinos, quais sejam mineral, vegetal, animal (alguns sugerem um quarto reino, hominal). Ela segue o seu curso e é indiferente às nomenclaturas que criamos. Esta divisão foi engendrada pelos cientistas que, para efeito de estudos, estabeleceu uma divisão baseando-se nas características que poderiam criar uma distinção entre os diversos seres, sendo:
mineral – elemento inorgânico, sem vida.
vegetal – não possui locomoção e capta substâncias do solo produzindo o seu próprio alimento.
animal – possui locomoção e busca o alimento fora de si.
homem – possui razão e consciência de si mesmo.
2) Encontramos na natureza seres que parecem estar numa zona evolutiva de transição, possuindo características tanto de um reino quanto de outro. Exemplo disto são os zoófitos (zoo – animal, fitos – vegetal), os quais possuem raiz, portanto não se locomovem, e ao mesmo tempo não produzem o alimento, buscando-o ao seu redor. Muitos outros casos existem na Natureza caracterizando elos de ligação entre reinos ou espécies: o ornitorrinco, por exemplo, é um mamífero que possui bico de pato e nadadeiras; o morcego é mamífero, porém voa como as aves; a baleia, apesar de mamífero, vive embaixo d'água como os peixes. Além de muitos outros seres, temos os crossopterígios que são peixes possuidores de guelras e pulmões, descendentes dos primeiros peixes que saíram da água para habitarem a terra. Isto faz com que não existam limites muito nítidos separando as diversas espécies e reinos.
3) A cadeia evolutiva de todos os seres, desde os mais simples até o homem, parece não sofrer solução de continuidade, pois se encadeia perfeitamente de um reino a outro e entre as variadas espécies. Alguns elos de ligação parecem não existir, como se a Natureza em determinados momentos tivesse dado um salto evolutivo. Há duas hipóteses, porém, que podem solucionar o fato: estes elos extintos não tiveram os seus fósseis encontrados (aliás, esta era uma preocupação de Darwin, citada na Parte I); tiveram sua evolução elaborada no Mundo Espiritual, retornando à Terra mais evoluídos e aptos a impulsionarem uma modificação mais rápida nos corpos orgânicos através das gerações, fazendo desaparecer, com o tempo, a forma mais atrasada. Vejamos o que informa o Espírito André Luiz em Evolução em Dois Mundos.
ELOS DESCONHECIDOS DA EVOLUÇÃO - Compreende-se, porém, que o princípio divino aportou na Terra, emanando da Esfera Espiritual, trazendo em seu mecanismo o arquétipo a que se destina, qual a bolota de carvalho encerrando em si a árvore veneranda que será de futuro, não podemos circunscrever-lhe a experiência ao plano físico simplesmente considerado, porquanto através do nascimento e morte da forma, sofre constantes modificações nos dois planos em que se manifesta, razão pela qual variados elos da evolução fogem à pesquisa dos naturalistas, por representarem estágios da consciência fragmentária fora do campo carnal propriamente dito, nas regiões extrafísicas, em que essa mesma inconsciência incompleta prossegue elaborando o seu veículo sutil...
Este princípio também se encontra desenvolvido na obra já citada de Luiz Gonzaga Pinheiro7:
Acontece que na reconstrução da árvore genealógica dos seres vivos do nosso planeta, ou entre um ser mais evoluído biologicamente e outro que lhe é inferior, muitos pontos-chaves, os chamados elos entre uma espécie e outra, são desconhecidos, impossibilitando dessa maneira a completa reconstituição da história biológica das espécies.
A ausência desses elos faltosos deve-se à evolução que se processa também fora da matéria, podendo nesse estágio, onde o princípio inteligente se encontra revestido somente da forma perispiritual, sofrer modificações adaptativas com as quais se materializam por ocasião de sua volta ao plano terreno.
Ocorre também, quando da sua transferência para o plano espiritual, pelo impulso a que todos estamos submetidos para o crescimento, animais e vegetais ali serem aclimatados e modificados, estagiando nesse ambiente, no que são trazidos de volta à Terra com outra roupagem, caracterizando as chamadas mutações adaptativas, tidas como acontecimentos espontâneos, mas contabilizados na lista da evolução das espécies.
Essas adaptações situam-se na área do corpo astral, que ao se aliar novamente à matéria já o faz modificado. Essa modificação é acompanhada pela Genética, que se deixa arranjar em seus cromossomos segundo o plano evolutivo traçado no espaço. Dessa maneira surgem outras espécies aperfeiçoadas, o que não invalida os esforços da seleção natural exercida pela natureza nem das mutações acidentais.
4) Filosoficamente, se a evolução de cada ser fosse limitada à sua espécie ou reino, teríamos um Deus parcial e injusto. Se não, vejamos: Deus teria criado o princípio espiritual habitando os corpos orgânicos vegetais que evoluiriam e, ao se aproximarem da evolução do reino animal, teriam alcançado o seu limite evolutivo. Com os animais aconteceria a mesma coisa, ou seja, o princípio espiritual que anima os corpos dos macacos mais evoluídos da atualidade não podem mais evoluir, pois praticamente já alcançaram a evolução dos primeiros humanos na Terra.
Já o ser humano seria um ser privilegiado por Deus, pois foi criado, desde o início, mais avançado do que todos os outros seres da Terra, continua evoluindo, mas sua evolução cessará em determinado momento – aquilo que chamamos de perfeição ou a condição de espíritos puros. Nada garante que, após este evento, não venha a surgir no Planeta um ser novo, que iniciará sua caminhada evolutiva a partir daí e continuará evoluindo até Deus sabe onde...
5) Numa análise filosófica ainda, a idéia da criação de um princípio espiritual inteligente que inicia o seu desenvolvimento através das experiências no mineral, desenvolvendo a sensibilidade no vegetal, o instinto no animal e a razão e o sentimento no homem é mais justa e adequada à grandeza e bondade de Deus que não criou seres privilegiados, antes fez surgir a todos no mesmo nível, porém dando-lhes a capacidade de crescer e se desenvolver até alcançarem a angelitude.
“... tudo se encadeia na natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, pois ele mesmo começou pelo átomo.”8
6) Não são os corpos orgânicos que desenvolvem o princípio espiritual e sim, o contrário. À medida que o princípio inteligente se desenvolve, impulsiona lentamente o aperfeiçoamento do seu perispírito, estrutura sutil e intermediária, e este modela as transformações do corpo, através dos tempos. O princípio espiritual, evoluindo pouco a pouco, requer uma estrutura física capaz de expressar a sua capacidade espiritual. Citando o homem como exemplo, através dos milênios de sua evolução, ele foi plasmando para o seu uso aqui no plano físico, um corpo mais adaptado às suas necessidades e capacidades, como um cérebro maior, o andar ereto, um sistema nervoso mais desenvolvido, sentidos físicos mais apurados, inclusive uma estrutura física menos grosseira lhe facilitando um contato cada vez mais direto com a Espiritualidade.
10. ...O corpo é, pois, simultaneamente, o envoltório e o instrumento do Espírito e, à medida que este adquire novas aptidões, reveste outro invólucro apropriado ao novo gênero de trabalho que lhe cabe executar, tal qual se faz com o operário, a quem é dado instrumento menos grosseiro, à proporção que ele se vai mostrando apto a executar obra mais bem cuidada.
11. Para ser mais exato, é preciso dizer que é o próprio Espírito que modela o seu envoltório e o apropria às suas novas necessidades; aperfeiçoa-o e lhe desenvolve e completa o organismo, à medida que experimenta a necessidade de manifestar novas faculdades; numa palavra, talha-o de acordo com a sua inteligência. Deus lhe fornece os materiais; cabe-lhe a ele empregá-los. É assim que as raças adiantadas têm um organismo ou, se quiserem, um aparelhamento
cerebral mais aperfeiçoado do que as raças primitivas.9
--- * ---
A resposta dos Espíritos Superiores na questão 592 de O Livro dos Espíritos se encerra com a seguinte frase: Reconhecei o homem pela faculdade de pensar em Deus.
Aquilo que antes só poderia ser chamado de princípio espiritual, agora poderia chamar-se Espírito, pois ele já consegue pensar na existência de um ser superior a tudo e a todos. Isto o distingue dos animais.
Foi a esta fase que os Espíritos se referiram, ao afirmarem que o Espírito foi criado simples e ignorante10. O homem no seu início, recém-saído da animalidade. O princípio inteligente tendo atingido a sua maioridade e o status consciente de filho de Deus.
O Livro dos Espíritos nos oferece uma série de esclarecimentos a respeito da evolução do princípio inteligente.
604. Pois que os animais, mesmo os aperfeiçoados, existentes nos mundos superiores, são sempre inferiores ao homem, segue-se que Deus criou seres intelectuais perpetuamente destinados à inferioridade, o que parece em desacordo com a unidade de vistas e de progresso que todas as suas obras revelam.
“Tudo em a Natureza se encadeia por elos que ainda não podeis apreender. Assim, as coisas aparentemente mais díspares têm pontos de contacto que o homem, no seu estado atual, nunca chegará a compreender. Por um esforço da inteligência poderá entrevê-los; mas, somente quando essa inteligência estiver no máximo grau de desenvolvimento e liberta dos preconceitos do orgulho e da ignorância, logrará ver claro na obra de Deus. Até lá, suas muito restritas idéias lhe farão observar as coisas por um mesquinho e acanhado prisma. Sabei não ser possível que Deus se contradiga e que, na Natureza, tudo se harmoniza mediante leis gerais, que por nenhum de seus pontos deixam de corresponder à sublime sabedoria do Criador.”
Parece-nos que Kardec, naquela época, já conseguia entrever o sentido de parcialidade das leis divinas, caso Deus tivesse criado o Espírito humano como um ser à parte da Criação e os demais seres, destinados à perene inferioridade intelectual. A resposta do Espírito de que “tudo se encadeia por elos que ainda não podeis apreender”, apesar de ser vaga, nos coloca na pista da resolução da questão, afinal há... “leis gerais (da Natureza), que por nenhum de seus pontos deixam de corresponder à sublime sabedoria do Criador”.
Nas perguntas seguintes, Kardec e os Espíritos Superiores adentram um pouco mais no entendimento do assunto que ora abordamos, aproximando-se mais da sua conclusão.
606. Donde tiram os animais o princípio inteligente que constitui a alma de natureza especial de que são dotados?
“Do elemento inteligente universal.”
a) — Então, emanam de um único princípio a inteligência do homem e a dos animais?
“Sem dúvida alguma, porém, no homem, passou por uma elaboração que a coloca acima da que existe no animal.”
Se o princípio inteligente humano sofreu uma elaboração para ser o que é, significa que antes não o era.
De que forma o princípio inteligente sofreu a elaboração que o colocou acima do princípio inteligente dos animais?
As questões seguintes de O Livro dos Espíritos não poderiam ser mais explícitas e esclarecedoras.
607. Dissestes (190) que o estado da alma do homem, na sua origem, corresponde ao estado da infância na vida corporal, que sua inteligência apenas desabrocha e se ensaia para a vida. Onde passa o Espírito essa primeira fase do seu desenvolvimento?
“Numa série de existências que precedem o período a que chamais Humanidade.”
O Espírito, então, parece ter encarnado diversas vezes antes de propriamente pertencer ao reino hominal, ou seja, numa série de existências que precederam o período ao qual chamamos de Humanidade.
607a) — Parece que, assim, se pode considerar a alma como tendo sido o princípio inteligente dos seres inferiores da criação, não?
“Já não dissemos que tudo em a Natureza se encadeia e tende para a unidade? Nesses seres, cuja totalidade estais longe de conhecer, é que o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco e se ensaia para a vida, conforme acabamos de dizer. É, de certo modo, um trabalho preparatório, como o da germinação, por efeito do qual o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito. Entra então no período da humanização, começando a ter consciência do seu futuro, capacidade de distinguir o bem do mal e a responsabilidade dos seus atos. Assim, à fase da infância se segue a da adolescência, vindo depois a da juventude e da madureza. Nessa origem, coisa alguma há de humilhante para o homem. Sentir-se-ão humilhados os grandes gênios por terem sido fetos informes nas entranhas que os geraram? Se alguma coisa há que lhe seja humilhante, é a sua inferioridade perante Deus e sua impotência para lhe sondar a profundeza dos desígnios e para apreciar a sabedoria das leis que regem a harmonia do Universo. Reconhecei a grandeza de Deus nessa admirável harmonia, mediante a qual tudo é solidário na Natureza.
Acreditar que Deus haja feito, seja o que for, sem um fim, e criado seres inteligentes sem futuro, fora blasfemar da sua bondade, que se estende por sobre todas as suas criaturas.”
Aqui os Espíritos não deixam mais dúvidas. Todos os seres participam de uma cadeia infinda, elaborando-se e aperfeiçoando-se o princípio inteligente através de cada ser inferior, paulatinamente, até que ele se torne Espírito, entrando no período de humanização, quando, já possuindo faculdades mais elevadas, molda para si um corpo físico aperfeiçoado e capaz de expressar a sua capacidade de consciência, inteligência, responsabilidade e livre-arbítrio.
A grande celeuma gerada na sociedade pelos príncípios expostos por Charles Darwin na sua época se deveram ao orgulho e à vaidade de muitos que se sentiam humilhados por descenderem dos seres inferiores da Criação. O Espírito Superior que respondeu a Kardec afirma que a humilhação está na nossa inferioridade perante Deus, incapacidade de apreender de forma absoluta os desígnios de Deus e a sua sabedoria.
15. Da semelhança, que há, de formas exteriores entre o corpo do homem e o do macaco, concluíram alguns fisiologistas que o primeiro é apenas uma transformação do segundo. Nada aí há de impossível, nem o que, se assim for, afete a dignidade do homem. Bem pode dar-se que corpos de macaco tenham servido de vestidura aos primeiros Espíritos humanos, forçosamente pouco adiantados, que viessem encarnar na Terra, sendo essa vestidura mais apropriada às suas necessidades e mais adequadas ao exercício de suas faculdades, do que o corpo de qualquer outro animal. Em vez de se fazer para o Espírito um invólucro especial, ele teria achado um já pronto. Vestiu-se então da pele do macaco, sem deixar de ser Espírito humano, como o homem não raro se reveste da pele de certos animais, sem deixar de ser homem.
16. Admitida essa hipótese, pode dizer-se que, sob a influência e por efeito da atividade intelectual do seu novo habitante, o envoltório se modificou, embelezou-se nas particularidades, conservando a forma geral do conjunto (nº 11). Melhorados, os corpos, pela procriação, se reproduziram nas mesmas condições, como sucede com as árvores de enxerto. Deram origem a uma espécie nova, que pouco a pouco se afastou do tipo primitivo, à proporção que o Espírito progrediu. O Espírito macaco, que não foi aniquilado, continuou a procriar, para seu uso, corpos de macaco, do mesmo modo que o fruto da árvore silvestre reproduz árvores dessa espécie, e o Espírito humano procriou corpos de
homem, variantes do primeiro molde em que ele se meteu. O tronco se bifurcou: produziu um ramo, que por sua vez se tornou tronco.
Como em a Natureza não há transições bruscas, é provável que os primeiros homens aparecidos na Terra pouco diferissem do macaco pela forma exterior e não muito também pela inteligência. Em nossos dias ainda há selvagens que, pelo comprimento dos braços e dos pés e pela conformação da cabeça, têm tanta parecença com o macaco, que só lhes falta ser peludos, para se tornar completa a semelhança.
Kardec, no trecho acima extraído de A Gênese, deixa claro que o assunto está sendo exposto na forma de uma hipótese. Darwin lançou a sua obra A Origem das Espécies dois anos depois de O Livro dos Espíritos. Mesmo assim, os Espíritos Superiores, neste último, já haviam conclamado o princípio da evolução das espécies orgânicas acrescentando a evolução espiritual como impulsionadora da primeira.
Em 1868, Kardec publica A Gênese, fazendo uma complementação de O Livro dos Espíritos. Ainda eram recentes as idéias de Darwin e Allan Kardec, como um perfeito cientista, não admite a idéia senão como hipótese, à espera de maiores estudos e comprovações por parte da Ciência, não invalidando, nem confirmando as idéias dos Espíritos.

Hoje, não restam dúvidas quanto à origem e evolução dos seres orgânicos, conforme expomos na primeira parte, principalmente depois das descobertas da Genética. Se A Gênese fosse publicada na atualidade, por certo Allan Kardec não escreveria o trecho acima como uma hipótese e a análise dele seria outra.


Nenhum comentário:

Demônios

"Os únicos demônios neste mundo são os que perambulam em nossos corações, e é aí que as nossas batalhas devem ser travadas." Maha...