TODOS SOMOS FILHOS ADOTIVOS?

TODOS SOMOS FILHOS ADOTIVOS?


Pela visão espírita, todos somos adotados. Porque o único Pai legítimo é Deus. Os pais da Terra não SÃO nossos pais, eles ESTÃO nossos pais. Porque a cada encarnação, mudamos de pais consangüíneos, mas em todas elas Deus é sempre o mesmo Pai. Mas, para entendermos melhor a existência desta experiência na vida de muitos pais, é necessário analisá-lo sob a óptica espírita, sob a luz da reencarnação. A formação de um lar é um planejamento que se desenvolve no Mundo Espiritual. Sabemos que nada ocorre por acaso. Assim como filhos biológicos, nossos filhos adotivos também são companheiros de vidas passadas. E nossa vida de hoje é resultado do que angariamos para nós mesmos, no passado. Surge, então, a indagação: "se são velhos conhecidos e deverão se encontrar no mesmo lar, por que já não nasceram como filhos naturais?" Na literatura espírita encontramos vários casos de filhos que, em função do orgulho, do egoísmo e da vaidade, se tornaram tiranos de seus pais, escravizando-os aos seus caprichos e pagando com ingratidão e dor a ternura e zelo paternos. De retorno à Pátria Espiritual (ao desencarnarem), ao despertarem-lhes a consciência e entenderem a gravidade de suas faltas, passam a trabalhar para recuperarem o tempo perdido e se reconciliarem com aqueles a quem lesaram afetivamente. Assim, reencontram aqueles mesmos pais a quem não valorizaram, para devolver-lhes a afeição machucada, resgatando o carinho, o amor e a ternura de ontem. Porque a lei é a de Causa e Efeito. Não aproveitada a convivência com pais amorosos e desvelados, é da Lei Divina que retomem o contato com eles como filhos de outros pais chegando-lhes aos braços pelas vias de adoção. Aos pais cabe o trabalho de orientar estes filhos e conduzi-los ao caminho do bem, independente de serem filhos consangüíneos ou não. A responsabilidade de pais permanece a mesma. Recebendo eles no lar a abençoada experiência da adoção, Deus sinaliza aos cônjuges estar confiando em sua capacidade de amar e ensinar, perdoar e auxiliar aos companheiros que retornam para hoje valorizarem o desvelo e atenção que ontem não souberam fazer. Trazem no coração desequilíbrios de outros tempos ou arrependimento doloroso para a solução dos quais pedem, ao reencarnarem, a ajuda daqueles que os acolhem, não como filhos do corpo, mas sim filhos do coração. Allan Kardec elucida: "Não são os da consangüinidade os verdadeiros laços de família e sim os da simpatia e da comunhão de idéias".
DEVEMOS ESCONDER QUE ELES SÃO ADOTIVOS? Um dos maiores erros que alguns pais adotivos cometem é o de esconder a verdade aos seus filhos. É importante, desde cedo, não esconder a verdade. Ás vezes, fazem por amor, já que os consideram totalmente como filhos; outros o fazem por medo de perder a afeição e o carinho deles. Quando os filhos adotivos crescem, aprendendo no lar valores morais elevados, sentem-se mais amados por entenderem que o são, não por terem nascido de seus pais, mas sim frutos de afeição sincera e real, e passam a entender que são filhos queridos do coração. Revelar-lhes a verdade somente na idade adulta é destruir-lhes todas as alegrias vividas, é alterar-lhes a condição de filhos queridos em órfãos asilados à guisa de pena e compaixão. Não devemos traumatizá-los, livrando-os do risco de perderem a oportunidade de aprendizado no hoje. André Luiz esclarece-nos quanto a este perigo: "Filhos adotivos, quando crescem ignorando a verdade, costumam trazer enormes complicações, principalmente quando ouvem esclarecimentos de outras pessoas". Identicamente ao que ocorre em relação aos nossos filhos biológicos, buscar o diálogo franco e sincero, com base no respeito mútuo, sob a luz da orientação cristã de conduta. Pais que conversam com os filhos fortalecem os laços afetivos, tornando a questão da adoção coisa secundária. Recebendo em nossa jornada terrena a oportunidade de ter em nosso lar um filho adotivo, guardemos no coração a certeza de que Jesus está nos confiando a responsabilidade sagrada de superar o próprio orgulho e vaidade, amando verdadeiramente e desinteressadamente a criatura de Deus confiada em trabalho de educação e amparo. E, ajudando-o a superar suas próprias mazelas, amanhã poderá retornar ao seio daqueles que o amam na posição de filho legítimo.
É CERTO A ADOÇÃO POR CASAIS HOMOSSEXUAIS? Raul Teixeira responde: “O amor não tem sexo. Como é que podemos imaginar que o melhor para uma criança é ser criada na rua, ao relento, submetida a todo tipo de execração, a ser criada nutrida, abençoada por um lar de casal homossexual? Muita gente assevera que a criança corre riscos. Mas como? Nós estamos acompanhando as crianças correndo riscos nas casas de seus pais heterossexuais todos os dias. Outros afirmam que a criança criada por homossexuais poderá adotar a mesma postura, a mesma orientação sexual. O que também é falso. A massa de homossexuais do mundo advêm de lares heterossexuais. Então, teremos de concluir que são os casais heterossexuais que formam os homossexuais. Logo,não devemos entrar nessa discussão que é tola e preconceituosa. aquele que tem amor para dar que dê.”
Amemos nossos filhos, sem cogitar se nos vieram aos braços pela descendência física ou não, como encargo abençoado com que o Céu nos presenteia. Encerremos com Emmanuel: "Recorda que, em última instância, seja qual seja a nossa posição nas equipes familiares da Terra, somos, acima de tudo, filhos de Deus".



A Criança é o futuro!

A Criança é o futuro
Amílcar Del Chiaro Filho


Vivemos num mundo globalizado onde o egoísmo alcança níveis insuportáveis. Para muitos é a luta para a sobrevivência, pois perderam emprego e esperanças. Mas, as nossas esperanças de um mundo melhor precisam estar bem alicerçadas, para que o edifício da fraternidade seja sólido e firme.

Este alicerce deverá ser a educação. Porém não apenas a instrução, mas também a educação moral, e de uma moral praticada, vivida, valorizada.

A maioria das pessoas acreditam que as nossas esperanças de construir esse mundo novo está na criança. Todos concordam que a criança é o futuro. Mas não haverá futuro se não cuidarmos delas agora. Não é possível adiar por mais tempo as medidas necessária de apoio e amparo à criança.

Como podemos esperar que os futuros cidadãos sejam bons e fraternos se descuramos do seu presente? Não podemos permitir que muitas delas continuem sendo aviltadas, exploradas em trabalhos duros, que as impedem de freqüentar a escola, ou sejam prostituídas.

A esperança da paz está na criança. Mas como ela será pacífica se é induzida à violência pela televisão, histórias em quadrinhos e pelos brinquedos em forma de armas ou mesmo por conviver com a violência no lar ou nas ruas? Qual é a paz das crianças que tem que sobreviver nas guerras das ruas, dos traficantes, da prostituição e nas guerras verdadeiras, em tantos países do mundo, onde elas são as maiores vítimas das minas que quando não lhes roubam a vida, estraçalha-lhes as pernas?

O mundo precisa saber que existem milhares de crianças e adolescentes lutando em revoluções e guerrilhas em várias partes do planeta. Permitir isto é confiá-las ao mal, é roubar-lhes as esperanças. Se já é triste ver adultos se estraçalhando em guerras, mais triste, ainda, é ver essas crianças portando armas realmente assassinas.

Toda criança é um apelo mudo ao universo adulto. Elas nascem com uma mensagem de Deus, que precisamos decodificar.

Embora tenhamos esboçado esse quadro contristador, temos, não esperanças, mas a certeza, de que este mundo novo será uma realidade, e tão mais rápida quantos mais esforços fizermos para construí-lo.

Em nome das crianças do mundo suplicamos amor. Não apenas afagos e carícias, brinquedos e viagens, mas também a luz do entendimento, a educação, bons exemplos, palavras amigas, bondade. Não façamos delas estatuetas para exibir aos parentes e amigos. Toda criança é bela, pois não existem crianças feias.

A criança chega ao mundo completamente dependente. Se a mãe não colocar o peito em sua boquinha ela perece de fome. Mas ela vem em nome de Deus para aprender com os adultos, especialmente os pais e avós, a humildade, o devotamento, o amor ao trabalho, o perdão e a fé.


 Como espíritas e reencarnacionistas, sabemos que a forma infantil guarda um espírito adulto, que já tem armazenado um grande patrimônio de coisas boa e ruins. Muita coisa fica registrado no íntimo do espíritos e se manifesta como tendências e vocações. Observar essas tendências e corrigir as ruins é um dos maiores deveres dos pais e educadores, assim como estimular os bons impulsos. Os pais tem, do zero aos sete anos, um campo fértil para semear o amor, o respeito, a bondade, estimular a criatividade e já dar noções de cidadania. Dos 7 aos 14 essa facilidade vai diminuindo, e dizem os especialistas que após os 14 anos somente a dor terá forças para corrigi-los.


EVOLUÇÃO DO SER - Parte 3

Quanto à evolução espiritual do Homem, continuando, A Gênese relata ainda no mesmo capítulo:
23. Tomando-se a Humanidade no grau mais ínfimo da escala espiritual, como se encontra entre os mais atrasados selvagens, perguntar-se-á se é aí o ponto inicial da alma humana.
Na opinião de alguns filósofos espiritualistas, o princípio inteligente, distinto do princípio material, se individualiza e elabora, passando pelos diversos graus da animalidade. É aí que a alma se ensaia para a vida e desenvolve, pelo exercício, suas primeiras faculdades. Esse seria para ela, por assim dizer, o período de incubação. Chegada ao grau de desenvolvimento que esse estado comporta, ela recebe as faculdades especiais que constituem a alma humana.
Haveria assim filiação espiritual do animal para o homem, como há filiação corporal. Este sistema, fundado na grande lei de unidade que preside à criação, corresponde, forçoso é convir, à justiça e à bondade do Criador; dá uma saída, uma finalidade, um destino aos animais, que deixam então de formar uma categoria de seres deserdados, para terem, no futuro que lhes está reservado, uma compensação a seus sofrimentos. O que constitui o homem espiritual não é a sua origem: são os atributos especiais de que ele se apresenta dotado ao entrar na humanidade, atributos que o transformam, tornando-o um ser distinto, como o fruto saboroso é distinto da raiz amarga que lhe deu origem. Por haver passado pela fieira da animalidade, o homem não deixaria de ser homem; já não seria animal, como o fruto não é a raiz, como o sábio não é o feto informe que o pôs no mundo. Mas, este sistema levanta múltiplas questões, cujos prós e contras não é oportuno discutir aqui, como não o é o exame das diferentes hipóteses que se têm formulado sobre este assunto. Sem, pois, pesquisarmos a origem do Espírito, sem procurarmos conhecer as fieiras pelas quais haja ele, porventura, passado, tomamo-lo ao entrar na humanidade, no ponto em que, dotado de senso moral e de livre--arbítrio, começa a pesar-lhe a  responsabilidade dos seus atos.(grifos no original)
Neste trecho Kardec verifica a favorabilidade desta idéia em conformação com os atributos da Divindade. Apesar disto, mantém-se ainda em reserva, devido à existência de outras idéias e hipóteses, dos estudiosos espiritualistas da época. Anos mais tarde, Gabriel Delanne, que nasceu no ano de lançamento de O Livro dos Espíritos, publica Evolução Anímica, onde ele admite a transmigração do princípio espiritual evoluindo desde a sua condição mais simples até a condição de Espírito, utilizando-se para isto dos corpos orgânicos constantes dos diversos reinos da Natureza. Acreditamos que, por esta época, as idéias a respeito da evolução das espécies já se encontravam bem mais desenvolvidas e aceitas pela sociedade e pela comunidade científica, o que fez com que Delanne não exitasse em afirmar aquilo que para o seu mestre Allan Kardec era uma hipótese favorável.
Supondo que a alma se tenha individualizado lentamente por um processo de elaboração das formas inferiores da natureza, a fim de atingir gradativamente a humanidade, quem se não sentirá maravilhado de tão grandiosa ascensão?
Através de mil modelos inferiores, nos labirintos de uma escalada ininterrupta; através das mais bizarras formas; sob a pressão dos instintos e a sevícia de forças inverossímeis, a cega psique vai tendendo para a luz, para a consciência esclarecida, para a liberdade. . ,
Esses inúmeros avatares, em milhares de organismos diferentes, devem dotar a alma de todas as forças que lhe hajam de servir mais tarde. Eles têm por objeto desenvolver o envoltório fluídico, dar-lhe a necessária plasticidade, fixando nele as leis cada vez mais complexas que regem as formas vivas, criando-lhes, assim, um tesouro, mediante o qual possam, um dia, manipular a matéria, de modo inconsciente, para que o Espírito possa operar sem o entrave dos liames terrestres.
Quem recusará ver nos milhões de existências a palpitarem no Planeta a elaboração sublime da inteligência, prosseguindo incessante na extensão indefinita do tempo e do espaço?
São as eternas leis da evolução que arrastam o princípio inteligente a destinos cada vez mais altanados, para um futuro sempre melhor, desdobrando-se em panorama de renovadas perspectivas, a partir da idade primária aos nossos dias.11
E o capítulo prossegue, enaltecendo com uma beleza toda poética a grandiosidade do Ser Divino com as suas leis perfeitas. Quem desejar conhecer o desdobrar deste capítulo vale a pena buscar esta obra que é de grande profundidade.
No capítulo IV de Evolução em Dois Mundos o Espírito André Luiz também confirma a tese que ora analisamos.
GÊNESE DOS ÓRGÃOS PSICOSSOMÁTICOS – Todos os órgãos do corpo espiritual e, consequentemente, do corpo físico foram, portanto, construídos com lentidão, atendendo-se à necessidade do campo mental em seu condicionamento e exteriorização no meio terrestre.
E assim que o tato nasceu no princípio inteligente, na sua passagem pelas células nucleares em seus impulsos amebóides; que a visão principiou pela sensibilidade do plasma nos flagelados monocelulares expostos ao clarão solar, que o olfato começou nos animais aquáticos de expressão mais simples, por excitações do ambiente em que evolviam; que o gosto surgiu nas plantas, muitas delas armadas de pêlos viscosos destilando sucos digestivos, e que as primeiras sensações do sexo apareceram com algas marinhas providas não só de células masculinas e femininas que nadam, atraídas uma para as outras, mas também de um esboço de epiderme sensível, que podemos definir como região secundária de simpatias genésicas.
TRABALHO DA INTELIGÊNCIA – Examinando, pois, o fenômeno da reflexão sistemática, gerando o automatismo que assinala a inteligência de todas as ações espontâneas do corpo espiritual, reconhecemos sem dificuldade que a marcha do princípio inteligente para o reino humano e que a viagem da consciência humana para o reino angélico simbolizam a expansão multimilenar da criatura de Deus que, por força da Lei Divina, deve merecer, com o trabalho de si mesma, a auréola da imortalidade em pleno Céu.
No trecho exposto, O Espírito-autor não somente explana a respeito da evolução espiritual dos seres pelos diversos segmentos da Natureza, como também vislumbra o futuro do ser humano em direção à condição espiritual superior como seres angélicos, portadores inequívocos dos sentimentos de fraternidade, caridade e humildade. Com certeza, chegando a esta etapa da evolução, não contaremos com um corpo físico igual ao que possuímos hoje. Teremos uma organização física muito mais aperfeiçoada e menos grosseira, capaz de manifestar todas as faculdades do Espírito.
Lembramos de um trecho de O Evangelho Segundo o Espiritismo, também de Kardec, onde, no capítulo III, os Espíritos Superiores relatam as condições de vida nos mundos superiores: “O corpo nada tem da materialidade terrestre e não está, conseguintemente, sujeito às necessidades, nem às doenças ou deteriorações que a predominância da matéria provoca. Mais apurados, os sentidos são aptos a percepções a que neste mundo a grosseria da matéria obsta. A leveza específica do corpo permite locomoção rápida e fácil: em vez de se arrastar penosamente pelo solo, desliza, a bem dizer, pela superfície, ou plana na atmosfera, sem qualquer outro esforço além do da vontade, conforme se representam os anjos, ou como os antigos imaginavam os manes nos Campos Elíseos”.
Fácil imaginar que, para isto, precisaremos de cérebro mais desenvolvido, sistema nervoso mais delicado, órgãos e sistemas adaptados, etc., por que senão, seria o Espírito como que músico excelente tendo que expressar a sua arte através de um instrumento de qualidade ruim.
Depois deste parêntese, citamos Jorge Andréa, médico psiquiatra e escritor espírita atual, estudioso dos assuntos científicos relacionados à Doutrina Espírita. Ele é também do mesmo parecer, o que pode ser verificado nos trechos que se seguem, do livro Impulsos Criativos da Evolução, mostrando que o princípio espiritual evolui não apenas a partir do vegetal mas desde as formas minerais onde ele rege os princípios de atração e repulsão das particulas.
“O mineral possui tanto vida quanto o vegetal e o animal. O Princípio Unificador, a essência que preside as formas e o metabolismo da flora e da fauna, existe também no reino mineral, presidindo as forças de atração e repulsão em que átomos e moléculas se unificam e equilibram.12
Mais adiante, no capítulo 2, ele continua.
Como fase inicial, o Princípio Inteligente estaria, como sempre, em sua específica e superior dimensão, a influenciar as organizações atômico-moleculares do reino mineral. Seria como um eixo energético “intrometido” no âmago dos átomos e moléculas, convidando-os à união. O eixo energético, como Princípio Inteligente, com suas vibrações, criaria o campo de agregação refletido nas forças de atração e coesão, a determinar a concentração das energias e respectiva condensação nos átomos e arrumações moleculares. Do simples fenômeno químico até as manifestações humanas, existe o Princípio-Unificador ou Espiritual regendo e orientando; claro que sob apresentações variáveis, abastecendo-se e ampliando-se a medida que a escala evolutiva avança.
Na página 120, o autor é ainda mais direto.
O Principio inteligente vegetal, mais vivido e experiente de sua fase, despontará
nas formas animais, buscando novas afirmações nos instintos.
Lembremos que a natureza não dá saltos. Se pegarmos o elemento (e aqui incluímos o mineral) mais evoluído de um reino e o organismo menos evoluído do reino seguinte, veremos que quase não há diferenças. Há uma transição perfeita sendo que a isto já nos referimos na primeira parte deste pequeno e despretensioso trabalho. É interessante a leitura completa desta obra de Jorge Andréa por nos trazer uma análise profunda e coerente a respeito da evolução do princípio inteligente concomitante com a evolução dos seres materiais.
Outra leitura sugerimos: Reencarnação e Evolução das Espécies, do Dr. Ricardo di Bernardi, também espírita.
Muitas outras obras poderiam ser citadas. Porém, acreditamos serem suficientes os argumentos aqui apresentados, deixando para o leitor a complementação deste estudo através da leitura das mesmas.
Resta-nos apenas um ponto a analisar por ser controverso. Trata-se da questão 591 de O Livro dos Espíritos:
591. Nos mundos superiores, as plantas são de natureza mais perfeita, como os outros seres?
“Tudo é mais perfeito. As plantas, porém, são sempre plantas, como os animais sempre animais e os homens sempre homens.”
Dá-se a entender que não há a transmigração progressiva do princípio inteligente pelos diversos reinos da Natureza, sendo a evolução espiritual restrita a cada reino.
Iremos, porém, nos valer da explicação dada a respeito pelo grande pensador e estudioso espírita Herculano Pires.
Algumas pessoas fazem desta resposta uma negação da continuidade evolutiva das coisas e dos seres. O leitor deve considerar que a resposta se refere à condição dos mundos superiores, onde há plantas, animais e homens, como nos inferiores, mas em escala avançada. A palavra “sempre” não é empregada aí no sentido da eternidade, mas tão somente para mostrar que os três reinos existem “sempre”, em todos os mundos referidos.
Aliás, uma frase não poderia contradizer todo o livro. E orienta ele a vermos os itens 604, 607 e 607-a de O Livro dos Espíritos.13
Estando os seres terrenos em contínua evolução, e baseando-se no ensino dos Espíritos da Codificação kardequiana, sabe-se que nossas plantas, animais e homens serão mais evoluídos no futuro. Tendo atingido uma mais elevada condição evolutiva e, tomando como exemplo os animais da espécie mais evoluída aqui na terra (os macacos), quando isto acontecer, estes poderão ter a configuração física dos homens primitivos. Não importa se os chamem de animais (não mais serão animais irracionais), poderão ser semelhantes aos homens primitivos com cérebro mais avantajado, capacidade de raciocínio, consciência de si mesmo, etc.
Difícil entender a infinita sabedoria e misericórdia do Criador, se não  enxergarmos o princípio inteligente rudimentar, partícula destacada do princípio inteligente universal (Deus), desfilando nos diversos reinos da Natureza, numa escala ascendente dos seres, do mais ínfimo até a forma mais elevada, caminhando em busca da luz da razão e depois, de degrau em degrau, rumando para a angelitude, num futuro glorioso que Deus reservou para todos os seus filhos, independente do estágio em que se encontrem no momento, mas que todos chegarão à perfeição. Um estudo como este, apesar do seu pequenino valor, nos mostra a grandiosidade do Pai Criador do Universo ao ressaltar a a sabedoria das suas leis, a justiça e a equanimidade com que trata todas as suas criaturas, sendo todas, para Ele, iguais, não importando o quanto já viveram e desenvolveram seus potenciais latentes de criatura e filho de Deus.

7 – O Perispírito e suas Modelações – Luiz Gonzaga Pinheiro
8 – O Livro dos Espíritos, questão 540 - Allan kardec
9 -  A Gênese, capítulo XI – Allan Kardec
10 – O Livro dos Espíritos, pergunta 115 – Allan Kardec
11 – Evolução Anímica, capítulo II – Gabriel Delanne
12 – Extraído de texto constante no site www.nossolar.org.br/n_tema18.php

13 – Nota do Tradutor, em O Livro dos Espíritos, 7.ª edição, FEESP.


EVOLUÇÃO DO SER - Parte 2

Hoje, não existem dúvidas entre os estudiosos e cientistas, quanto à natureza do surgimento e da evolução das diversas espécies na Terra, inclusive o homem. Descrer da evolução das espécies seria “remar contra a maré”, lutar contra os fatos e fomentar o fanatismo e a ignorância.


1 – A Origem das Espécies, Charles Darwin
2 - A Origem das Espécies, Charles Darwin
3 – Site das Publicações Europa-América – www.europa-america.pt
4 – Teoria Sintérica da Evolução – Web site: sti.br.inter.net/rafaas/biologia-ar/index.htm
5 – Evidências da Evolução – Web site Wikipédia
6 – O Perispírito e suas Modelações – Luiz Gonzaga Pinheiro

PARTE II

Busquemos agora a resposta para a 2.ª proposição lançada no início deste trabalho. Quanto à evolução orgânica dos seres, num desenvolvimento contínuo dos mais inferiores até os mais adiantados, isto é lógico e comprovado. Mas o Espírito, para a sua jornada evolutiva, precisa habitar os corpos dos seres dos diversos reinos da Natureza? Ou será que o princípio espiritual ligado a cada ser, vegetal, animal ou hominal, reencarna e evolui apenas dentro da sua própria espécie ou reino?
Usaremos o presente trabalho para defender a primeira idéia. Para isto, buscaremos recursos argumentativos na Doutrina Espírita, visto que a mesma dispõe de conhecimentos suficientes para esclarecer o assunto.
Antes, porém, vejamos alguns raciocínios que possam conduzir-nos no caminho de um melhor entendimento da questão.
1) A Natureza em si não reconhece a divisão em reinos, quais sejam mineral, vegetal, animal (alguns sugerem um quarto reino, hominal). Ela segue o seu curso e é indiferente às nomenclaturas que criamos. Esta divisão foi engendrada pelos cientistas que, para efeito de estudos, estabeleceu uma divisão baseando-se nas características que poderiam criar uma distinção entre os diversos seres, sendo:
mineral – elemento inorgânico, sem vida.
vegetal – não possui locomoção e capta substâncias do solo produzindo o seu próprio alimento.
animal – possui locomoção e busca o alimento fora de si.
homem – possui razão e consciência de si mesmo.
2) Encontramos na natureza seres que parecem estar numa zona evolutiva de transição, possuindo características tanto de um reino quanto de outro. Exemplo disto são os zoófitos (zoo – animal, fitos – vegetal), os quais possuem raiz, portanto não se locomovem, e ao mesmo tempo não produzem o alimento, buscando-o ao seu redor. Muitos outros casos existem na Natureza caracterizando elos de ligação entre reinos ou espécies: o ornitorrinco, por exemplo, é um mamífero que possui bico de pato e nadadeiras; o morcego é mamífero, porém voa como as aves; a baleia, apesar de mamífero, vive embaixo d'água como os peixes. Além de muitos outros seres, temos os crossopterígios que são peixes possuidores de guelras e pulmões, descendentes dos primeiros peixes que saíram da água para habitarem a terra. Isto faz com que não existam limites muito nítidos separando as diversas espécies e reinos.
3) A cadeia evolutiva de todos os seres, desde os mais simples até o homem, parece não sofrer solução de continuidade, pois se encadeia perfeitamente de um reino a outro e entre as variadas espécies. Alguns elos de ligação parecem não existir, como se a Natureza em determinados momentos tivesse dado um salto evolutivo. Há duas hipóteses, porém, que podem solucionar o fato: estes elos extintos não tiveram os seus fósseis encontrados (aliás, esta era uma preocupação de Darwin, citada na Parte I); tiveram sua evolução elaborada no Mundo Espiritual, retornando à Terra mais evoluídos e aptos a impulsionarem uma modificação mais rápida nos corpos orgânicos através das gerações, fazendo desaparecer, com o tempo, a forma mais atrasada. Vejamos o que informa o Espírito André Luiz em Evolução em Dois Mundos.
ELOS DESCONHECIDOS DA EVOLUÇÃO - Compreende-se, porém, que o princípio divino aportou na Terra, emanando da Esfera Espiritual, trazendo em seu mecanismo o arquétipo a que se destina, qual a bolota de carvalho encerrando em si a árvore veneranda que será de futuro, não podemos circunscrever-lhe a experiência ao plano físico simplesmente considerado, porquanto através do nascimento e morte da forma, sofre constantes modificações nos dois planos em que se manifesta, razão pela qual variados elos da evolução fogem à pesquisa dos naturalistas, por representarem estágios da consciência fragmentária fora do campo carnal propriamente dito, nas regiões extrafísicas, em que essa mesma inconsciência incompleta prossegue elaborando o seu veículo sutil...
Este princípio também se encontra desenvolvido na obra já citada de Luiz Gonzaga Pinheiro7:
Acontece que na reconstrução da árvore genealógica dos seres vivos do nosso planeta, ou entre um ser mais evoluído biologicamente e outro que lhe é inferior, muitos pontos-chaves, os chamados elos entre uma espécie e outra, são desconhecidos, impossibilitando dessa maneira a completa reconstituição da história biológica das espécies.
A ausência desses elos faltosos deve-se à evolução que se processa também fora da matéria, podendo nesse estágio, onde o princípio inteligente se encontra revestido somente da forma perispiritual, sofrer modificações adaptativas com as quais se materializam por ocasião de sua volta ao plano terreno.
Ocorre também, quando da sua transferência para o plano espiritual, pelo impulso a que todos estamos submetidos para o crescimento, animais e vegetais ali serem aclimatados e modificados, estagiando nesse ambiente, no que são trazidos de volta à Terra com outra roupagem, caracterizando as chamadas mutações adaptativas, tidas como acontecimentos espontâneos, mas contabilizados na lista da evolução das espécies.
Essas adaptações situam-se na área do corpo astral, que ao se aliar novamente à matéria já o faz modificado. Essa modificação é acompanhada pela Genética, que se deixa arranjar em seus cromossomos segundo o plano evolutivo traçado no espaço. Dessa maneira surgem outras espécies aperfeiçoadas, o que não invalida os esforços da seleção natural exercida pela natureza nem das mutações acidentais.
4) Filosoficamente, se a evolução de cada ser fosse limitada à sua espécie ou reino, teríamos um Deus parcial e injusto. Se não, vejamos: Deus teria criado o princípio espiritual habitando os corpos orgânicos vegetais que evoluiriam e, ao se aproximarem da evolução do reino animal, teriam alcançado o seu limite evolutivo. Com os animais aconteceria a mesma coisa, ou seja, o princípio espiritual que anima os corpos dos macacos mais evoluídos da atualidade não podem mais evoluir, pois praticamente já alcançaram a evolução dos primeiros humanos na Terra.
Já o ser humano seria um ser privilegiado por Deus, pois foi criado, desde o início, mais avançado do que todos os outros seres da Terra, continua evoluindo, mas sua evolução cessará em determinado momento – aquilo que chamamos de perfeição ou a condição de espíritos puros. Nada garante que, após este evento, não venha a surgir no Planeta um ser novo, que iniciará sua caminhada evolutiva a partir daí e continuará evoluindo até Deus sabe onde...
5) Numa análise filosófica ainda, a idéia da criação de um princípio espiritual inteligente que inicia o seu desenvolvimento através das experiências no mineral, desenvolvendo a sensibilidade no vegetal, o instinto no animal e a razão e o sentimento no homem é mais justa e adequada à grandeza e bondade de Deus que não criou seres privilegiados, antes fez surgir a todos no mesmo nível, porém dando-lhes a capacidade de crescer e se desenvolver até alcançarem a angelitude.
“... tudo se encadeia na natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, pois ele mesmo começou pelo átomo.”8
6) Não são os corpos orgânicos que desenvolvem o princípio espiritual e sim, o contrário. À medida que o princípio inteligente se desenvolve, impulsiona lentamente o aperfeiçoamento do seu perispírito, estrutura sutil e intermediária, e este modela as transformações do corpo, através dos tempos. O princípio espiritual, evoluindo pouco a pouco, requer uma estrutura física capaz de expressar a sua capacidade espiritual. Citando o homem como exemplo, através dos milênios de sua evolução, ele foi plasmando para o seu uso aqui no plano físico, um corpo mais adaptado às suas necessidades e capacidades, como um cérebro maior, o andar ereto, um sistema nervoso mais desenvolvido, sentidos físicos mais apurados, inclusive uma estrutura física menos grosseira lhe facilitando um contato cada vez mais direto com a Espiritualidade.
10. ...O corpo é, pois, simultaneamente, o envoltório e o instrumento do Espírito e, à medida que este adquire novas aptidões, reveste outro invólucro apropriado ao novo gênero de trabalho que lhe cabe executar, tal qual se faz com o operário, a quem é dado instrumento menos grosseiro, à proporção que ele se vai mostrando apto a executar obra mais bem cuidada.
11. Para ser mais exato, é preciso dizer que é o próprio Espírito que modela o seu envoltório e o apropria às suas novas necessidades; aperfeiçoa-o e lhe desenvolve e completa o organismo, à medida que experimenta a necessidade de manifestar novas faculdades; numa palavra, talha-o de acordo com a sua inteligência. Deus lhe fornece os materiais; cabe-lhe a ele empregá-los. É assim que as raças adiantadas têm um organismo ou, se quiserem, um aparelhamento
cerebral mais aperfeiçoado do que as raças primitivas.9
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A resposta dos Espíritos Superiores na questão 592 de O Livro dos Espíritos se encerra com a seguinte frase: Reconhecei o homem pela faculdade de pensar em Deus.
Aquilo que antes só poderia ser chamado de princípio espiritual, agora poderia chamar-se Espírito, pois ele já consegue pensar na existência de um ser superior a tudo e a todos. Isto o distingue dos animais.
Foi a esta fase que os Espíritos se referiram, ao afirmarem que o Espírito foi criado simples e ignorante10. O homem no seu início, recém-saído da animalidade. O princípio inteligente tendo atingido a sua maioridade e o status consciente de filho de Deus.
O Livro dos Espíritos nos oferece uma série de esclarecimentos a respeito da evolução do princípio inteligente.
604. Pois que os animais, mesmo os aperfeiçoados, existentes nos mundos superiores, são sempre inferiores ao homem, segue-se que Deus criou seres intelectuais perpetuamente destinados à inferioridade, o que parece em desacordo com a unidade de vistas e de progresso que todas as suas obras revelam.
“Tudo em a Natureza se encadeia por elos que ainda não podeis apreender. Assim, as coisas aparentemente mais díspares têm pontos de contacto que o homem, no seu estado atual, nunca chegará a compreender. Por um esforço da inteligência poderá entrevê-los; mas, somente quando essa inteligência estiver no máximo grau de desenvolvimento e liberta dos preconceitos do orgulho e da ignorância, logrará ver claro na obra de Deus. Até lá, suas muito restritas idéias lhe farão observar as coisas por um mesquinho e acanhado prisma. Sabei não ser possível que Deus se contradiga e que, na Natureza, tudo se harmoniza mediante leis gerais, que por nenhum de seus pontos deixam de corresponder à sublime sabedoria do Criador.”
Parece-nos que Kardec, naquela época, já conseguia entrever o sentido de parcialidade das leis divinas, caso Deus tivesse criado o Espírito humano como um ser à parte da Criação e os demais seres, destinados à perene inferioridade intelectual. A resposta do Espírito de que “tudo se encadeia por elos que ainda não podeis apreender”, apesar de ser vaga, nos coloca na pista da resolução da questão, afinal há... “leis gerais (da Natureza), que por nenhum de seus pontos deixam de corresponder à sublime sabedoria do Criador”.
Nas perguntas seguintes, Kardec e os Espíritos Superiores adentram um pouco mais no entendimento do assunto que ora abordamos, aproximando-se mais da sua conclusão.
606. Donde tiram os animais o princípio inteligente que constitui a alma de natureza especial de que são dotados?
“Do elemento inteligente universal.”
a) — Então, emanam de um único princípio a inteligência do homem e a dos animais?
“Sem dúvida alguma, porém, no homem, passou por uma elaboração que a coloca acima da que existe no animal.”
Se o princípio inteligente humano sofreu uma elaboração para ser o que é, significa que antes não o era.
De que forma o princípio inteligente sofreu a elaboração que o colocou acima do princípio inteligente dos animais?
As questões seguintes de O Livro dos Espíritos não poderiam ser mais explícitas e esclarecedoras.
607. Dissestes (190) que o estado da alma do homem, na sua origem, corresponde ao estado da infância na vida corporal, que sua inteligência apenas desabrocha e se ensaia para a vida. Onde passa o Espírito essa primeira fase do seu desenvolvimento?
“Numa série de existências que precedem o período a que chamais Humanidade.”
O Espírito, então, parece ter encarnado diversas vezes antes de propriamente pertencer ao reino hominal, ou seja, numa série de existências que precederam o período ao qual chamamos de Humanidade.
607a) — Parece que, assim, se pode considerar a alma como tendo sido o princípio inteligente dos seres inferiores da criação, não?
“Já não dissemos que tudo em a Natureza se encadeia e tende para a unidade? Nesses seres, cuja totalidade estais longe de conhecer, é que o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco e se ensaia para a vida, conforme acabamos de dizer. É, de certo modo, um trabalho preparatório, como o da germinação, por efeito do qual o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito. Entra então no período da humanização, começando a ter consciência do seu futuro, capacidade de distinguir o bem do mal e a responsabilidade dos seus atos. Assim, à fase da infância se segue a da adolescência, vindo depois a da juventude e da madureza. Nessa origem, coisa alguma há de humilhante para o homem. Sentir-se-ão humilhados os grandes gênios por terem sido fetos informes nas entranhas que os geraram? Se alguma coisa há que lhe seja humilhante, é a sua inferioridade perante Deus e sua impotência para lhe sondar a profundeza dos desígnios e para apreciar a sabedoria das leis que regem a harmonia do Universo. Reconhecei a grandeza de Deus nessa admirável harmonia, mediante a qual tudo é solidário na Natureza.
Acreditar que Deus haja feito, seja o que for, sem um fim, e criado seres inteligentes sem futuro, fora blasfemar da sua bondade, que se estende por sobre todas as suas criaturas.”
Aqui os Espíritos não deixam mais dúvidas. Todos os seres participam de uma cadeia infinda, elaborando-se e aperfeiçoando-se o princípio inteligente através de cada ser inferior, paulatinamente, até que ele se torne Espírito, entrando no período de humanização, quando, já possuindo faculdades mais elevadas, molda para si um corpo físico aperfeiçoado e capaz de expressar a sua capacidade de consciência, inteligência, responsabilidade e livre-arbítrio.
A grande celeuma gerada na sociedade pelos príncípios expostos por Charles Darwin na sua época se deveram ao orgulho e à vaidade de muitos que se sentiam humilhados por descenderem dos seres inferiores da Criação. O Espírito Superior que respondeu a Kardec afirma que a humilhação está na nossa inferioridade perante Deus, incapacidade de apreender de forma absoluta os desígnios de Deus e a sua sabedoria.
15. Da semelhança, que há, de formas exteriores entre o corpo do homem e o do macaco, concluíram alguns fisiologistas que o primeiro é apenas uma transformação do segundo. Nada aí há de impossível, nem o que, se assim for, afete a dignidade do homem. Bem pode dar-se que corpos de macaco tenham servido de vestidura aos primeiros Espíritos humanos, forçosamente pouco adiantados, que viessem encarnar na Terra, sendo essa vestidura mais apropriada às suas necessidades e mais adequadas ao exercício de suas faculdades, do que o corpo de qualquer outro animal. Em vez de se fazer para o Espírito um invólucro especial, ele teria achado um já pronto. Vestiu-se então da pele do macaco, sem deixar de ser Espírito humano, como o homem não raro se reveste da pele de certos animais, sem deixar de ser homem.
16. Admitida essa hipótese, pode dizer-se que, sob a influência e por efeito da atividade intelectual do seu novo habitante, o envoltório se modificou, embelezou-se nas particularidades, conservando a forma geral do conjunto (nº 11). Melhorados, os corpos, pela procriação, se reproduziram nas mesmas condições, como sucede com as árvores de enxerto. Deram origem a uma espécie nova, que pouco a pouco se afastou do tipo primitivo, à proporção que o Espírito progrediu. O Espírito macaco, que não foi aniquilado, continuou a procriar, para seu uso, corpos de macaco, do mesmo modo que o fruto da árvore silvestre reproduz árvores dessa espécie, e o Espírito humano procriou corpos de
homem, variantes do primeiro molde em que ele se meteu. O tronco se bifurcou: produziu um ramo, que por sua vez se tornou tronco.
Como em a Natureza não há transições bruscas, é provável que os primeiros homens aparecidos na Terra pouco diferissem do macaco pela forma exterior e não muito também pela inteligência. Em nossos dias ainda há selvagens que, pelo comprimento dos braços e dos pés e pela conformação da cabeça, têm tanta parecença com o macaco, que só lhes falta ser peludos, para se tornar completa a semelhança.
Kardec, no trecho acima extraído de A Gênese, deixa claro que o assunto está sendo exposto na forma de uma hipótese. Darwin lançou a sua obra A Origem das Espécies dois anos depois de O Livro dos Espíritos. Mesmo assim, os Espíritos Superiores, neste último, já haviam conclamado o princípio da evolução das espécies orgânicas acrescentando a evolução espiritual como impulsionadora da primeira.
Em 1868, Kardec publica A Gênese, fazendo uma complementação de O Livro dos Espíritos. Ainda eram recentes as idéias de Darwin e Allan Kardec, como um perfeito cientista, não admite a idéia senão como hipótese, à espera de maiores estudos e comprovações por parte da Ciência, não invalidando, nem confirmando as idéias dos Espíritos.

Hoje, não restam dúvidas quanto à origem e evolução dos seres orgânicos, conforme expomos na primeira parte, principalmente depois das descobertas da Genética. Se A Gênese fosse publicada na atualidade, por certo Allan Kardec não escreveria o trecho acima como uma hipótese e a análise dele seria outra.


EVOLUÇÃO DO SER - Parte 1

EVOLUÇÃO DO SER
Análise orgânica e espiritual



Adilson Mota
Evolução do Ser

Análise orgânica e espiritual
O objetivo do presente trabalho é responder a duas proposições:
1.ª) A evolução das espécies existe, ou seja, os seres se modificam e se aperfeiçoam, procedendo os seres superiores ou complexos, organicamente,  dos mais simples ou inferiores?
2.ª) A evolução do Espírito se dá através da sua encarnação nos diversos reinos da natureza, seguindo a escala ascendente dos seres?




PARTE I
Até o século XVIII, acreditava-se que as diversas espécies existentes na natureza foram criadas separadamente, sendo, portanto, imutáveis.1
Lamarck, em 1809, foi o primeiro a sustentar a tese de que as diversas espécies na natureza não só progridem, como as mais desenvolvidas são originárias das espécies mais simples, criando um encadeamento desde os organismos mais inferiores até o próprio homem.
“Lamarck foi o primeiro que despertou pelas suas conclusões, um estudo sério sobre tal assunto. ...Sustenta nas suas obras a doutrina de que todas as espécies, compreendendo o próprio homem, derivam de outras espécies. Foi ele o primeiro que prestou à ciência o grande serviço de declarar que toda a alteração no mundo orgânico, bem como no mundo inorgânico, é o resultado de uma lei, e não uma intervenção miraculosa. A impossibilidade de estabelecer uma distinção entre as espécies e as variedades, a gradação tão perfeita em certos grupos, e a analogia das produções domésticas, parece terem conduzido Lamarck às suas conclusões a respeito das transformações graduais das espécies. ...Admite igualmente uma lei de desenvolvimento progressivo; ora, como todas as formas da vida tendem também ao aperfeiçoamento, ele explica a existência atual dos organismos muito simples pela geração espontânea”.2
Diversos outros estudiosos naturalistas, mais ou menos na mesma época de Lamarck, eram partidários destas idéias. Mas foi Charles Darwin, inglês, quem melhor delineou as causas que levariam os seres a uma contínua modificação, conduzindo-os gradativamente à extinção e fazendo surgir novas variedades e espécies desde o ser vivo mais simples até o ser humano.
Ao ser publicada, a sua obra levantou inúmeras polêmicas, principalmente dos adeptos do criacionismo. A sociedade não deixou de comentar o fato e até se escandalizar, ao ponto da esposa do bispo de Worcester (Inglaterra) afirmar: “Por Deus! Descendemos do macaco?! Esperemos que não seja verdade. E se for... rezemos para que ninguém fique sabendo”.
Publicada em 1859, A Origem das espécies, de Charles Darwin, foi uma pedrada no charco. Abalou consciências, modificou pensamentos, consagrou os princípios universais da competição entre as espécies e da selecção natural.
A ciência desferira um rude golpe na teoria criacionista, sendo por isso alvo de duras críticas que perduraram até à actualidade, se recordarmos que em alguns estados dos Estados Unidos a teoria evolucionista ainda é proibida.
No presente como no passado, A Origem das Espécies, foi objecto de profunda contestação e sucesso imediato (a 1.ª edição esgotou no dia em que foi posta à venda), fazendo correr rios de tinta e permanecendo praticamente inalterável desde a época vitoriana até aos nossos dias.
3
A seleção natural, ponto central da teoria da evolução, seria a lei da Natureza, através da qual, os seres mais aptos a viverem em determinados ambientes sobreviveriam ocasionando a extinção dos menos adaptados e elaboraria modificações, insensíveis a cada geração, necessárias à sobrevivência dos que restaram.
A seleção natural é o principal fator evolutivo que atua sobre a variabilidade genética da população. Pode-se dizer, simplificadamente, que a evolução é o resultado da atuação da seleção natural sobre a variabilidade genética de uma população.
A ação da seleção natural consiste em selecionar genótipos mais bem adaptados a uma determinada condição ecológica, eliminando aqueles desvantajosos para essa mesma condição.
A expressão mais bem adaptado refere-se à maior probabilidade de, em um determinado ambiente, um determinado indivíduo deixar descendentes. Os indivíduos mais bem adaptados a um ambiente têm chance maior de sobreviver e de deixar descendentes.
A seleção natural tende, portanto, a diminuir a variabilidade genética. Desse modo, quanto mais intensa for a seleção natural sobre uma determinada população, menor será a sua variabilidade, pois apenas alguns genótipos serão selecionados.4
O estudioso naturalista, pai da teoria da evolução, analisa a importância dos fósseis como meio de comprovação da existência passada de seres extintos, bem como das transformações elaboradas através do tempo, demonstrando uma seqüência lógica, uma cadeia sucessiva no surgimento dos novos seres. Apesar de ele ressaltar também a pouca quantidade e variedade de fósseis, as dificuldades de descobertas, a falta de fósseis de todos os seres já extintos para que se possa verificar todas as fases da evolução dos seres e a ausência de achados representativos das fases de transição das espécies.
Em texto colhido na enciclopédia virtual Wikipédia, intitulado Evidências da Evolução, o autor diz que “a grande variedade das evidências da evolução fornece ampla e rica informação dos processos naturais pelos quais a variedade da vida na Terra se desenvolveu”.(grifo no original)
Os fósseis... “são extremamente importantes para o entendimento da história evolucionária da vida na Terra, já que fornecem evidência direta da evolução e informações detalhadas sobre as linhagens dos organismos”.
Mais adiante o mesmo autor ressalta: “Uma sucessão de animais e plantas também podem ser vistos no registro fóssil. Evidências fósseis apóiam a teoria de que organismos tendem a aumentar progressivamente em complexidade. Ao estudar o número e complexidade de diferentes fósseis em diferentes níveis estratigráficos, foi demonstrado que rochas antigas que contêm fósseis apresentam poucos tipos de organismos fossilizados, e todos eles têm uma estrutura simples, enquanto que as rochas mais recentes contêm uma grande variedade de fósseis, freqüentemente com um aumento na complexidade de suas estruturas”.5
Não apenas o estudo dos fósseis representa provas da evolução das espécies como também outros argumentos que, tanto Darwin os estudou e citou no seu livro, quanto os estudiosos modernos continuam a estudar, o que se pode verificar na citação seguinte, de Luiz Gonzaga Pinheiro, engenheiro e licenciado em Ciências:
São inúmeras as provas que indicam ser o homem o resultado da evolução de seres inferiores, ou seja, primários na ordem de ascendência biológica. No campo da anatomia comparada podemos observar a homologia existente entre a constituição esquelética das asas do morcego, das aves, dos répteis voadores extintos e dos membros anteriores dos mamíferos. Essa seqüência evolutiva fundamenta-se no seguinte argumento: estruturas homólogas pertencentes a diferentes espécies indicam uma origem filogenética comum.
São igualmente abundantes as estruturas pertencentes ao homem atual, tidas como resquícios de seus ancestrais de outras espécies. O cóccix humano é um vestígio da cauda dos animais que o antecederam. O apêndice, no intestino grosso do homem, é um órgão atrofiado, herança dos animais herbívoros. Para todos os músculos do corpo humano, existem correspondentes nos gorilas antropóides.
Existem ainda várias outras provas anatômicas que poderão ser encontradas em qualquer compêndio de Biologia, caso o leitor esteja interessado no assunto.
O embrião humano apresenta bolsas branquiais no primeiro mês de formação, apesar de ser pulmonar a sua condição respiratória. Já na sexta semana de formação, o embrião apresenta uma longa cauda, que vai encurtando, à medida que o desenvolvimento se acentua, restando no final da formação o cóccix como vestígio.
Estas são outras provas insofismáveis, confirmando que a espécie humana descende de animais em que esses órgãos eram ativos, conservando o embrião parte dos processos embrionários que impuseram brânquias aos peixes e cauda aos mamíferos.
Se ainda existia alguma dúvida quanto ao homem ser o produto da evolução das espécies, esta foi definitivamente soterrada pelo Projeto Genoma Humano, desenvolvido pelos cientistas que conseguiram montar por completo o quadro de informações do código genético humano. Dentre centenas de outras informações destacam-se três, particularmente interessantes para o nosso estudo: cerca de duzentos dos nossos genes são herdados dos primeiros seres vivos existentes na Terra, há centenas de milhões de anos, os unicelulares, sendo pelo menos um deles responsável pela "produção de proteínas ligadas às emoções; cerca de mil genes desativados ao longo da evolução, considerados hoje pelos cientistas como "DNA lixo", na verdade serviram para proporcionar aos antepassados do homem de cerca de dez milhões de anos atrás, o olfato apurado tal qual o dos roedores atuais. Em outras palavras, tais genes ligados ao olfato, foram desativados quando os antepassados mais recentes do homem já tinham inteligência suficiente para conseguir alimentos e proteção sem o auxílio apurado desse sentido; pelo menos 750 milhões de pares-bases do DNA humano não passam de vastos desertos com pouquíssimos ou nenhum gene presente. O que significam tais desertos? Seriam estágios já superados ou a conquistar? Para tais perguntas somente a evolução trará respostas.6
“A ontogênese recapitula a filogênese”. Esta frase (o dogma de Ernst Haeckel, biólogo alemão) consta da obra “A Origem da Humanidade”, escrita por Günter Haaf, mostrando que “todos os seres vivos efetuam o curso da evolução (filogênese) durante seu desenvolvimento (ontogênese)”, o que faz com que seus embriões passem por todas as etapas evolucionárias vividas nas espécies anteriores. Esta teoria teve a sua conceituação um pouco modificada devido aos avanços da Genética, mas se pode verificar facilmente a semelhança entre os embriões das diversas espécies animais e o do homem.(Ver figura abaixo)
Este evento já teria sido percebido pelo filósofo grego Aristóteles há mais de 2300 anos atrás, o qual via na evolução uma grande finalidade, qual seja a de conduzir os seres para a realização de sua essência, de sua “idéia”.
O autor de A Origem da Humanidade esclarece ainda que homem e macaco não são irmãos, nem seria a espécie humana proveniente dos macacos atuais. São, na realidade, primos entre si, pois ambos derivam de um ancestral comum, extinto, o qual se desenvolveu gerando dois troncos distintos: o que deu origem aos atuais macacos e o que levou ao surgimento do ser humano.

O estudo da escala evolutiva do homem revela as etapas pelas quais passou a nossa espécie através dos milhões de anos de existência na Terra.

Os primeiros homens tinham um modo de vida praticamente idêntico ao dos atuais macacos: corpo peludo, braços longos, andar em quatro patas, pés com dedos longos, cérebro rudimentar, além de viverem de árvore em árvore à cata de alimento. Aos poucos se ergueram sobre si mesmos, aprenderam a se vestir para se protegerem do frio, a usar o fogo, a cozinhar os alimentos, a plantar, a criar animais, etc., numa longa trajetória até os dias atuais a qual nos conta a Biologia.


Demônios

"Os únicos demônios neste mundo são os que perambulam em nossos corações, e é aí que as nossas batalhas devem ser travadas." Maha...