HERANÇAS...

HERANÇAS


Uma questão que deixa muita gente intrigada é a semelhança psicológica que existe entre membros da mesma família.

As parecenças físicas estão bem explicadas pela genética. Mas, será que o espírito herda também, de seus pais, as características morais?

No diálogo de Jesus com Nicodemos, vamos encontrar a resposta clara para essas questões.

Jesus, respondendo ao doutor da lei diz: “O que nasceu da carne é carne, e o que nasceu do espírito é espírito. Não te maravilhes de eu te dizer que é preciso nascer de novo. O espírito sopra onde quer, e tu ouves a sua voz, mas não sabes donde ele vem, nem para onde vai. Assim é todo aquele que é nascido do espírito.”(*)

Fica bem clara a distinção que Jesus faz entre o corpo e o espírito. A carne procede da carne, mas o espírito não sabemos de onde vem.

Mas então, como pode um filho, por exemplo, parecer tanto, moralmente, com o pai?

Existem leis que regem a vida, das quais ainda não temos o entendimento completo. Uma delas é a lei de afinidade. As pessoas se unem ou se reúnem por afinidade de tendências, de gostos, de objetivos.

Assim é que, só vão a um estádio aqueles que gostam de futebol, e que, nos bares, só encontraremos os que gostam de beber umas e outras.

Isso se dá também com os povos. A lei de afinidade os reúne em determinada região, considerando a predominância de suas características.

Dessa forma é que podemos perceber claramente as tendências de alguns povos, para a violência, ou para a paz, por exemplo.

É por ser o espírito um ser individual e indivisível que todas as tentativas de se reproduzir um ser igual ao outro será frustrada.

Podemos reproduzir a matéria, mas o espírito que a animará, terá características próprias.

Não é outro o motivo pelo qual filhos de gênios nascem com uma inteligência limitada e pessoas de inteligência mediana podem ter filhos prodígios.

Assim sendo, se os geneticistas levassem em conta os ensinos do Sábio de Nazaré, teriam resposta para muitas das questões que não se explicam somente pelas leis da genética.

Se levassem em conta que cada corpo que nasce é animado por um espírito imortal, que trás consigo experiências milenares, resolveriam muitas dúvidas a respeito das enfermidades, da genialidade, da idiotia, da precocidade, e de tantas outras particularidades das criaturas.

Existem crianças que nos primeiros meses de vida, lêem, escrevem, fazem contas, decoram nomes de países e suas capitais etc., sem que tenham herdado essas capacidades de seus pais. E a recíproca é verdadeira.

Em suma, importa que saibamos que o corpo procede do corpo, mas o espírito não procede do espírito.

Importa, também, saber que, se o corpo gerado tiver vida, há um espírito a animá-lo, e que terá características espirituais próprias, independente das de seus pais.

O que pode ocorrer, é que o mesmo espírito que animou o corpo do avô, por exemplo, estando já desencarnado, volte a renascer e animar o corpo do neto.

Isso faria com que parecesse ter herdado as características do avô, mas seria o próprio que voltou.


Você sabia?

Que o espírito se liga ao corpo no momento da concepção?

E que as necessidades do espírito reencarnante é que, pela lei de afinidade, impulsionam o óvulo e o espermatozóide que contenham a carga genética propícia às suas experiências no corpo físico?

Assim, se tiver que desenvolver um câncer, por exemplo, o óvulo será penetrado pelo espermatozóide com as informações genéticas capazes de formar um corpo predisposto à enfermidade.

Isso não quer dizer que desenvolverá o câncer, mas terá um organismo propenso para tal.

Equipe de Redação do Momento Espírita
(*)Jo. 3:8




AS RELIGIÕES...

As Religiões
Segunda Aula

"Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa" - (Mateus, cap. 5 - 14 e 15).
2.0 - HISTÓRIA DAS RELIGIÕES
Desde os primórdios das civilizações, o homem, intuitivamente, traz consigo a idéia de algo superior a ele. No início tinha admiração e respeito pelos fenômenos da natureza e pelos elementos naturais como água, sol, lua, terra e posteriormente pelo fogo. A partir do fim da pré-história, o homem começou a agrupar-se em torno de uma idéia religiosa, tendo em comum a adoração por vários deuses (politeísmo). No decorrer dos tempos, o homem foi incorporando aos objetos de adoração inicial, divindades humanas centradas em figuras de criaturas que ainda viviam entre eles e que exerciam alguma forma de poder, ou figuras que já tinham vivido, como reis, rainhas etc. A imaginação popular, pautada na grande ignorância da época, se encarregava de emprestar a esses seres, qualidades que eles não possuíam, moldando neles a imagem de um deus todo poderoso.
A história das civilizações nos informa que aos poucos os povos foram se agrupando de forma mais organizada e incorporando em sua cultura esse aspecto religioso que marcou quase todas as grandes civilizações deste planeta.
As primeiras civilizações de que temos conhecimento até hoje são as orientais (4 a 2 mil anos a.C.). Os sumérios, acadianos, babilônios, assírios, egípcios, hebreus, persas, fenícios, cretenses, hititas, persas e medos, chineses e hindus, todos eram politeístas, com variações em suas divindades. As civilizações ocidentais (3 mil a 476 a.C.) são mais novas e também tiveram o politeísmo como fator determinante em suas religiões. As mais importantes foram a civilização grega e a romana.
O termo "religião" provém do latim "religare" e implica na crença em forças consideradas sobrenaturais, criadoras do Universo. Sua finalidade é a de orientar moralmente o homem e religar a criatura ao Criador, através dos ensinamentos da Espiritualidade.
A Religião é a crença na existência da alma, de uma vida além da morte física e de princípios não materiais e leis morais que são fundamentos de todas as coisas. Tais princípios emanam da Inteligência Suprema e foram revelados em períodos distintos em várias regiões do planeta. Eles orientam a vida humana na busca do equilíbrio e da paz pessoal, descortinando o destino do homem como ser imortal. Por este motivo, é necessário tornarem-se conhecidos de toda a humanidade.
a) Finalidade das religiões
"Todas as reuniões religiosas, seja qual for o culto a que pertençam, são fundadas na comunhão de pensamentos; é aí, com efeito, que esta deve e pode exercer toda a sua força, porque o objetivo deve ser o desprendimento do pensamento das garras da matéria" - (Allan Kardec - Revista Espírita, Dezembro, 1868).
A Ciência terrena promove o progresso material e intelectual da humanidade. A Religião tem como tarefa promover o progresso moral dos seres humanos, demonstrando a eles que os bens materiais são instrumentos que devem ser usados para edificar moralmente as criaturas e que foram feitos para a felicidade de toda a coletividade. Precisa mostrar aos homens, que eles não devem tornar-se escravos de suas paixões. A religião deve divulgar as palavras do Cristo explicando ao povo que o Reino de Deus está dentro das pessoas, e que só o esforço do melhoramento pessoal conduz a alma no caminho do tão sonhado equilíbrio. As religiões, portanto, tem como objetivo geral modificar moralmente o homem, melhorando sua qualidade de vida espiritual. Aquelas que não atingirem essa meta terão que explicar a que vieram.
b) Diversidade das religiões
No mundo atual, observa-se a existência de grande número de religiões e seitas que se multiplicam a cada dia. Este fenômeno social acontece por duas razões distintas: a cultura e costumes dos povos e a idade espiritual heterogênea da humanidade. Muitos tipos de Espíritos, de diversos estágios evolutivos, habitam a Terra. Cada um vê Deus a seu modo e interpreta Sua palavra segundo o próprio entendimento. Todas as religiões que elevam moralmente o homem são boas. Aconselha-se, no entanto, que as pessoas evitem religiões onde haja deuses e rituais estranhos, sacrifícios e orientações que afastem o homem da vida e de suas ocupações sociais.
Com o inegável avanço da Ciência e da tecnologia, torna-se cada dia mais difícil as pessoas aceitarem dogmas religiosos contrários à razão.
Estudaremos um pouco das principais religiões existentes no planeta, para nosso conhecimento geral. São elas: Judaísmo, Hinduísmo, Budismo, Cristianismo, Islamismo.
Judaísmo - Primeira religião monoteísta da humanidade. Surgiu entre os antigos israelitas no Oriente Médio. Segundo a tradição judaica, Abraão fundou a religião por volta de 1700 a.C., após receber uma revelação de Deus. Seu neto Jacó, também chamado Israel, teve 12 filhos, origem das 12 tribos israelitas. Durante certo tempo, muitos israelitas estabeleceram-se no Egito, onde acabaram tornando-se escravos. Por volta de 1300 a.C., o grande legislador hebreu, Moisés, descendente de Abraão, tirou-os do Egito e levou-os a Canaã, atual Palestina, depois de 40 anos viajando no deserto.
Depois de Salomão, filho do rei Davi (que transformou Jerusalém em centro religioso), as tribos dividem-se em dois reinos: o de Israel, na Samaria e o de Judá, com capital em Jerusalém. O reino de Israel é devastado em 721 a.C. pelos assírios e não mais reconstruído. Permanece o reino de Judá, enfrentando toda sorte de adversidades, como escravidão, guerras, invasões etc. Depois da destruição do Templo de Jerusalém, pelos romanos, em 70 d.C. e da destruição da cidade em 135 d.C., os judeus se dispersam por todos os continentes (segunda diáspora judaica), mas mantém a unidade cultural e religiosa. Somente em 1948 termina a diáspora, com a criação do Estado de Israel.
Os judeus têm como livro sagrado A Bíblia judaica, dividida em 3 (três) livros: Torah, Os Profetas e os Escritos.
O Torah é a escritura sagrada dos judeus. Reúne os cinco livros primeiros da Bíblia, atribuídos a Moisés: Gênese, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Existem cerca de 14 milhões de judeus em todo o mundo; 4,5 milhões só no Estado de Israel.
Hinduísmo - Surgiu por volta de 1500 a.C. Naquela época, os arianos, um povo da Ásia Central, invadiram e conquistaram a Índia. Gradualmente, a cultura ariana misturou-se à cultura de um povo nativo conhecido como drávida. O hinduísmo desenvolveu-se a partir da mesclagem destas duas culturas. A doutrina está fundamentada nos quatro livros dos Vedas (conhecimento, em sânscrito), um conjunto de textos sagrados compostos de hinos, louvores e ritos. As características principais do hinduísmo são o politeísmo e a crença na reencarnação. Com o passar dos tempos, os sacerdotes estabelecem o sistema de castas, que se torna a principal instituição da sociedade indiana.
Sem abandonar as divindades registradas nos Vedas, estabelecem Brahma como o deus principal e o princípio criador.
Estima-se que atualmente existam mais de 660 milhões de adeptos do hinduísmo em todo o mundo.
Budismo - Sistema ético, religioso e filosófico fundado pelo príncipe hindu Sidarta Gautama (563 a.C.? - 483 a.C.?), o Buda, por volta do século VI a.C. Consiste no ensinamento de como superar o sofrimento e atingir o nirvana (estado total de paz e plenitude) por meio da disciplina mental e de uma forma correta de vida.
Em parte, o budismo pode ser considerado uma rebelião contra certas características do hinduísmo. O budismo opunha-se ao culto hinduísta de muitas divindades, à ênfase no sistema de castas e ao poder da classe sacerdotal hinduísta. O budismo está praticamente extinto na Índia, desde a invasão muçulmana no século XII. Hoje tem cerca de 300 milhões de budistas em todo o mundo.
Cristianismo - Iniciada por Jesus Cristo e seus discípulos, em meados do século I. Atualmente é uma das religiões mais difundidas no mundo, com algo em torno de 1,9 bilhão de fiéis. Divide-se em três ramos principais: Catolicismo, Igreja Ortodoxa e Protestantismo.
A fé cristã professa que Deus, revelado a Abraão, Moisés e aos profetas, envia à Terra seu filho como Messias (Cristo, em grego), o Salvador.
As religiões cristãs fundamentam-se na Bíblia ou Escrituras Sagradas, que falam da gênese do Universo, do mundo e do homem terreno. Contém um conjunto de textos muito importantes para o entendimento da história da humanidade, desde a sua criação até hoje.
Mais adiante nos deteremos no estudo desta religião, um dos pilares em que se sustenta a Doutrina Espírita.
Islamismo - Religião monoteísta baseada nos ensinamentos de Maomé (570 - 632), chamado "O Profeta", contidos no livro sagrado islâmico "O Alcorão". A palavra Islã significa "submeter-se" e exprime a submissão à lei e à vontade de Alá (Allah, Deus em árabe). Seus seguidores são chamados muçulmanos, que significa "aquele que se submete a Deus". Segundo eles, O Alcorão contém a mensagem de Deus a Maomé, mediada pelo arcanjo Gabriel, recebidas de 610 a 632. Seus ensinamentos são considerados infalíveis.
Fundada onde é hoje a Arábia Saudita, estima-se que seja professada por mais de 1.3 bilhão de pessoas, distribuídas principalmente no norte da África, no Oriente Médio e na Ásia.
Os muçulmanos estão divididos em sunitas e xiitas. Os sunitas (80%) são os seguidores da tradição do profeta, continuada por All-Abbas, seu tio. Os xiitas são partidários de Ali, marido da filha de Maomé, e são extremamente radicais.
2.1 - A BÍBLIA
Diz a tradição histórica que a Bíblia é o livro sagrado de um povo. Estudiosos das Escrituras afirmam que se trata de uma história ligada estritamente ao povo hebreu. Mas, existem diversos trechos dos textos antigos, principalmente no Novo Testamento, nos quais o Espírito Divino dirige-se à humanidade como um todo, procurando orientá-la moralmente e dizendo-lhe que haverá um tempo em que a luz divina estará presente em todo o planeta, trazendo uma época de prosperidade a todos os povos.
A Bíblia é um conjunto de livros considerados sacros, que se divide em Velho e Novo Testamento. O Velho Testamento narra o período que antecede a época em que viveu Jesus. O Novo Testamento fala de sua vida, sua mensagem e do começo do movimento cristão.
Sendo a Doutrina Espírita o Cristianismo redivivo, no dizer dos Espíritos superiores, nos parece lógico que nos esforcemos para estudar esse livro com seriedade, tirando dele os ensinamentos que necessitamos, à luz do Espiritismo. Infelizmente, por razões que não nos cabe considerar no momento, esse não é um hábito entre os espíritas, o que deixa uma grande lacuna em termos de entendimento da mensagem divina e mesmo da origem da nossa doutrina.
a) Velho Testamento
O Velho Testamento inicia-se com cinco livros, de suposta autoria do profeta Moisés, e são conhecidos como o Pentateuco Mosaico. A história do povo hebreu, com o patriarca Abraão, data de 1700 a.C. e a época do aparecimento dessas obras é assinalada em torno de 1500 a 1300 anos antes de Cristo.
Em alguns escritos de Moisés, encontram-se os ensinamentos que foram os primeiros fundamentos das leis morais: os Dez Mandamentos. Estas orientações de vida constituíram-se no aspecto Divino de sua revelação, feitas pelos Espíritos superiores através da mediunidade do profeta, e estão válidas até os dias atuais. São as seguintes:
- Não adorarás imagens.
- Não usarás o nome de Deus em vão.
- Santificarás um dia da semana.
- Honrarás pai e mãe.
- Não matarás.
- Não cometerás adultério.
- Não furtarás.
- Não mentirás.
- Não desejarás a mulher do próximo.
- Não terás inveja.
Os livros considerados como obras de Moisés são:
Gênesis: A Gênesis trata da origem da Criação e do próprio mundo terreno. Nele, há uma narrativa simbólica onde todas as fases do aparecimento do Universo e do planeta Terra são descritas com relativa precisão. No estudo da Codificação Espírita, voltaremos a nos ocupar desse assunto, examinando o livro preparado por Allan Kardec, também denominado "A Gênese", que trata o tema em profundidade.
Êxodo: O livro Êxodo conta os principais episódios ligados à libertação do povo hebreu, escravo no antigo Egito durante cerca de quatrocentos anos. Esta liberdade teria sido conseguida através do trabalho missionário de Moisés, narrado em detalhes pela história bíblica.
Levítico: O Levítico é o livro que contém as instruções que eram destinadas à orientação dos cultos entre os seguidores do Legislador hebreu e a Divindade. Orientava as obrigações e rituais religiosos da época.
Números: O livro Números apresenta parte da história da movimentação dos hebreus no deserto em direção à Canaã, a terra prometida. Nele, existe ainda a realização de um censo, feito com a finalidade de se saber quantas pessoas empreenderam a histórica viagem, depois que Moisés as libertou do Egito.
Deuteronômio: O Deuteronômio apresenta um código de leis promulgadas por Moisés, destinadas a reorganizar a vida social do seu povo. É neste livro que se encontra a proibição dos contatos mediúnicos com os "mortos". A lei mosaica proibia essas atividades, porque as evocações fúteis, comuns entre os egípcios, também eram praticadas pelos hebreus de forma fanática e irresponsável. A prática tinha se vulgarizado e se tornado em motivo de graves problemas entre eles. A proibição foi uma medida disciplinar do legislador.
Segundo historiadores, o missionário Moisés levou do Egito para Israel, chamado naquele tempo de Canaã, uma multidão de quatrocentas mil pessoas. A viagem durou quarenta anos. Ainda no Velho Testamento, destacam-se os livros dos demais profetas, que são em número de trinta e quatro. A maioria deles contém profecias que falam da vinda futura de um Espírito iluminado, que traria o Reino de Deus à humanidade. Essas previsões se concretizaram na encarnação de Jesus, o Cristo.
b) Novo Testamento
O Novo Testamento é um conjunto de livros que narra a história do aparecimento do Cristianismo. Fala do nascimento de Jesus, de sua vida pública como pregador e de seu trabalho como médium. Apresenta ainda, discursos e informações sobre seus discípulos diretos e indiretos. Encerra-se com o livro chamado Apocalipse, prevendo a fase da transição, com o fim do mundo velho e o estabelecimento do período de regeneração, justiça e paz social na Terra. O Novo Testamento assim se divide:
- Evangelho de Mateus (discípulo de Jesus),
- Evangelho de Marcos (discípulo de Pedro),
- Evangelho de Lucas (discípulo de Paulo),
- Evangelho de João (discípulo de Jesus),
- Atos dos Apóstolos,
- Epístolas de Paulo,
- Epístola de Tiago,
- Epístolas de Pedro,
- Epístolas de João Evangelista,
- Epístola de Judas Tadeu e
- Apocalipse, atribuído a João Evangelista.
c) Alguns dados importantes
Adão e Eva: Segundo as religiões convencionais, Adão e Eva teriam vivido na Terra há quatro mil anos antes de Cristo.
Idade científica da Terra: Cerca de quatro bilhões e meio de anos.
Primórdios da Civilização: 100 mil anos.
Aparecimento de tipos humanos modernos: 30 mil anos
Berço da Civilização: Mesopotâmia (Iraque) e Babilônia (Irã).
A Ciência comprovou, cientificamente, a impossibilidade da história relativa à humanidade ter-se iniciado somente há quatro mil anos e demonstrou que o homem surgiu em condições bastante primitivas em vários pontos da Terra, há milhares de anos atrás. Seus vestígios foram encontrados por pesquisadores e historiadores em cavernas e sítios arqueológicos.
2.2 - A IGREJA CATÓLICA
Logo depois da morte de Jesus, seus discípulos diretos fundaram a Igreja primitiva e alguns núcleos cristãos foram edificados por eles, dando início à divulgação da Boa Nova. Os primeiros cristãos foram judeus que acreditavam que Jesus era o Messias, o salvador esperado por sua raça. Os adeptos da nova crença gradativamente foram se afastando do judaísmo, entretanto adotaram as Escrituras judaicas, o que foi fonte de discordâncias entre alguns dos apóstolos, nos primeiros tempos. Mais tarde, apareceu no cenário histórico a figura de Paulo de Tarso, chamado "apóstolo dos gentios". Devido sua profunda dedicação ao ideal do Cristo, as atividades cristãs se multiplicaram e várias comunidades foram fundadas sob sua orientação. A história da vida desse apóstolo, pode ser apreciada na Bíblia, através das cartas que escrevia às Igrejas e aos seus discípulos. Nesses escritos, ele procurava passar as orientações devidas aos núcleos, profundamente apaixonado que era pelo ideal de amor de Jesus. Foi devido a sua coragem e perseverança que a doutrina do Rabi Galileu não permaneceu circunscrita à comunidade judaica e ultrapassou as fronteiras de raça, indo ser semeada para todos os povos.
Neste período, as práticas doutrinárias e mediúnicas nos templos eram puras e simples, próximas das que hoje temos nos centros espíritas. Os adeptos se reuniam para estudar os princípios da moral evangélica, deixada por Jesus. Uns liam, outros interpretavam e eram comuns as manifestações de Espíritos, o que para eles era muito natural.
Depois do desaparecimento de Paulo, por volta de 67 d.C. o número de igrejas em terras pagãs continuou a crescer. Por volta de 140, o centro do cristianismo tinha mudado para comunidades cristãs nas cidades de Antioquia, na Síria; Alexandria, no Egito; e principalmente Roma. Os cristãos primitivos ainda foram perseguidos durante muitos anos pelo sistema político dominante.
A história da Igreja atingiu um momento decisivo em 313, quando o imperador romano Constantino, o Grande, deu aos cristãos a liberdade para a prática de sua religião e o Estado devolveu aos seguidores de Jesus muitos bens materiais que deles haviam sido confiscados no período da perseguição. Após o Concílio de Nicéia, no ano 325 d.C., fixou-se definitivamente o símbolo da fé e a partir daí instalou-se a edificação nos templos, de altares consagrados ao Senhor. Era o nascimento do Catolicismo. Este foi o primeiro dos sete concílios realizados entre 325 e 787. Datam deste período as mais graves desfigurações da beleza e simplicidade do Evangelho, inclusive em seus aspectos práticos.
Em 330, Constantino deixou Roma e se estabeleceu a capital do Império numa nova cidade, batizada com seu nome - Constantinopla (atualmente Istambul, na Turquia). A cidade tornou-se o centro do cristianismo oriental. Bem mais tarde (1054) deu origem ao cisma dentro da Igreja, de onde nasceu a Igreja Ortodoxa.
a) Os dogmas
Os dogmas são pontos fundamentais e indiscutíveis de uma doutrina religiosa. No Catolicismo, os dogmas foram responsáveis pelo aparecimento dos costumes sacramentais, das confissões, do culto às imagens, da hóstia, da obediência ao Papa, dos altares, dos paramentos, do batismo, da crisma etc. Isso se deu pela forte influência das doutrinas pagãs e judaicas existentes no meio naquela época, o que levou seus seguidores a adaptarem seus costumes aos ensinamentos de Jesus, desfigurando seu verdadeiro sentido.
b) A Reforma Protestante
Depois que a Igreja estabeleceu os dogmas, pouco a pouco ela foi se distanciando do povo, deixando de atender suas necessidades espirituais de conforto e assistência. Com o passar dos anos, desvirtuou-se de tal maneira que já não se poderiam reconhecer nela nenhum vestígio dos iluminados valores das primeiras eras. Pouco a pouco, deixou de ser o farol espiritual de um povo para mergulhar nas profundas e negras águas das disputas do poder temporal. Frente a isso, surgiram líderes dentro da própria Igreja que começaram a lutar contra a política desenvolvida pelo clero, fomentando nos adeptos da fé cristã, um espírito de renovação espiritual.
Foi o primeiro passo para um importante movimento de reestruturação da Igreja, que culminou na Reforma Protestante. Desta revolução houve uma divisão na Igreja e nasceu o Protestantismo. Dentre os homens que trabalharam para restituir o verdadeiro sentido do Evangelho de Jesus, destacaram-se líderes como:
John Wycliffe (1324 - 1385): Filósofo inglês, tornou-se famoso como professor de filosofia na Universidade de Oxford, onde defendia idéias nacionalistas e contra os poderes de papas e bispos. Segundo Wycliffe, os governantes injustos não podiam exigir obediência do povo, porque a obediência depende da vontade de Deus. Negava a doutrina da transubstanciação (transformação da água e vinho em corpo e sangue de Jesus). Com essas idéias despertou a ira do clero e passou a ser perseguido pela Igreja. Em suas últimas obras, declarou que a Bíblia, não a Igreja, era autoridade na doutrina cristã. As classes elitistas achavam que as idéias desse revolucionário encorajavam os pobres a exigirem melhores condições de vida.
Com a ajuda e incentivo de Wycliffe, seus seguidores traduziram a Bíblia para o inglês. Foi considerado o primeiro grande reformador pelos ingleses.
João Huss (1369-1415): Reformador religioso da Boêmia, cujos ensinos foram os precursores da Reforma protestante, influenciado pelas obras de John Wycliffe. Foi ordenado padre em 1401. Huss criticou asperamente o comportamento de bispos, cardeais e papas e pedia uma reforma na Igreja. Atacou com veemência a venda de indulgências e chamava o papado de "uma instituição de Satanás".
Em 1409 foi eleito reitor da Universidade de Praga. Mas Huss já era considerado um notório herege e foi excomungado em 1412. Em 1414, foi chamado a depor perante o Concílio de Constança, onde foi condenado, embora lhe tivessem prometido que estaria em segurança, caso concordasse em ir ao concílio para se defender. Morreu queimado numa fogueira, acusado de heresia. Depois de sua morte, desencadeou-se um período negro de guerras civis, por conflitos religiosos entre os hussitas (seguidores do reformador) e os católicos tradicionais, leais ao papa. Os dois lados chegaram a um acordo em 1436. Mas apesar da repressão religiosa, alguns adeptos de Huss organizaram-se em grupos e nasceu em 1457, na Morávia, região cultural da Tchecoslováquia, a Unitas Fratrum (União de Irmãos). Este grupo cresceu e era uma força religiosa importante no tempo de Martim Lutero.
Martim Lutero (1483-1546): Teólogo alemão e líder da Reforma, movimento religioso que levou ao nascimento do protestantismo. Sua influência ultrapassou as fronteiras protestantes e mesmo do cristianismo como um todo, pois trouxe uma série de consequências políticas, econômicas e sociais para o mundo ocidental.
Em 1501, Lutero decide tornar-se advogado a pedido de seu pai e entra para a Universidade de Erfurt, onde estuda Artes, Lógica, Retórica, Física e Direito. Torna-se mestre em Filosofia e em 1505 entra para a Ordem dos Agostinianos, depois de uma intensa experiência que viveu durante uma tempestade. Ordena-se padre em 1507 e em 1512 doutora-se em Teologia, sendo designado como professor de teologia em Winttenberg, cargo que manteve por toda a vida.
Em seus estudos das Sagradas Escrituras, descobriu o verdadeiro sentido da doutrina de Jesus Cristo e sua grande ausência na crença que professava. Influenciado pelos ensinamentos de João Huss, padre excomungado e condenado à fogueira pela Igreja Católica, Lutero começou a desenhar sua doutrina reformista entre seus alunos. A questão fundamental inicial foi a venda de indulgências, prática comum naquela época, utilizada pela Igreja para angariar fundos e manter a vida de prazeres mundanos em que tinha mergulhado o papado. A prática, considerada imoral por Lutero e outros que o precederam nessa luta, foi duramente combatida por ele.
Em 1517 se fez ouvir sua voz contra os hábitos mundanos e abusivos que a Igreja vinha cometendo, vendendo a salvação em troca de moedas de ouro: afixou suas famosas "95 teses" na porta da igreja do castelo de Wittenberg. As teses, além de combater a venda de indulgências, abordava outros pontos igualmente importantes de sua doutrina como negação do culto aos santos e autoridade papal, abole a confissão obrigatória e o celibato clerical e só aceita os sacramentos do batismo e da eucaristia. Iniciaram-se as perseguições e calúnias de seus inimigos católicos, com as quais conviveu até a morte.
Em 1519 manteve um famoso debate em Leipzig com um teólogo católico, Johann Eck. Ele fez Lutero admitir que tinha algumas das opiniões de João Huss, considerado herege pela Igreja. Durante o debate Lutero atacou o Concílio de Constança pela condenação de Huss. Eck provocou a excomunhão do monge em 1520 e combateu o protestantismo pelo resto da vida.
Em 1521, Lutero já excomungado pelo papa Leão X, é convocado pelo imperador do Sacro Império Romano, Carlos V, a retratar-se em Worms, Alemanha, em um conselho de príncipes, nobres e religiosos. O reformador compareceu e reafirmou suas convicções. Declarou: "A menos que eu seja convencido pelo testemunho das Escrituras ou pela razão pura (pois não confio apenas no papa ou nos concílios, uma vez que é público o fato deles terem, com frequência, incorrido em erro ou entrado em contradição), estou preso pelas Escrituras que citei e minha consciência é cativa da palavra de Deus. Eu não posso e não irei renegar nada, já que não é seguro, nem correto, ir contra a consciência. Não posso agir de outro modo".
Excomungado, Lutero publica os documentos Manifesto à Nobreza Alemã, Do Cativeiro Babilônico da Igreja e Da Liberdade do Cristão, os grandes escritos reformistas. Em 1521 é banido pelo imperador Carlos V da Alemanha. Apoiado por setores da nobreza, traduz a Bíblia para o alemão vulgar, obra prima-literária, que se constituiu em enorme contribuição para a criação da língua alemã moderna.
Abandona a ordem agostiniana em 1524 e, no ano seguinte, casa-se com uma ex-freira. Em 1530, o imperador Carlos V convoca uma dieta (encontro) dos grupos antagonistas, em Augsburgo, cidade da Alemanha, para acabar com as disputas religiosas em seu império, que havia atingido grandes proporções e consequências assustadoras. Johann Eck faz circular rapidamente panfletos denunciando Lutero e seus seguidores. Para responder ao ataque, é feito um documento com o resumo dos ensinamentos de Lutero, que ficou famoso com o nome de Confissão de Augsburgo. Escrito e defendido por Phillip Melanchthon, principal colaborador e amigo do reformador, os escritos tentavam um equilíbrio em relação a certos pontos controvertidos e mostravam que os luteranos apoiavam a tradição histórica da igreja cristã. A Confissão foi rejeitada por Carlos V, mas converteu-se na declaração básica de fé da Igreja Luterana.
Na época de sua morte, em Eisleben, em 18 de fevereiro de 1546, aos 63 anos, Lutero já era reconhecido como uma figura importante na história do cristianismo e do mundo. Foi considerado o alemão mais influente de todos os tempos, pois o movimento desencadeado por ele afetou o desenvolvimento político e cultural da cada nação na Europa e na América.
João Calvino (1509 - 1564): Um dos principais teóricos da Reforma, Calvino nasceu na França, e sua família, pertencente à burguesia, educou-o para a carreira jurídica. Com a divulgação da revolta de Lutero pelo continente europeu, suas idéias foram reformuladas por alguns de seus seguidores, particularmente João Calvino, que dinamizou o movimento reformista através de novos princípios, ampliando a doutrina luterana. Homem dotado de grande inteligência, além de ter sido excelente orador e autor de muitos livros, tinha também excepcional capacidade de organização e administração. Exerceu influência especialmente na Suíça, Inglaterra, Escócia e América do Norte. Influenciado pelo Humanismo e pelas teses luteranas converteu-se em ardente defensor das novas idéias. Perseguido na França, Calvino refugiou-se na Suíça, onde a Reforma já havia se estabelecido em algumas regiões, por conta da ação de Ulrich Zwinglio (1484-1531). Escreveu a "Instituição da Religião Cristã" (1536), que se tornou o catecismo dos calvinistas.
Em Genebra, transformada na "Roma do Protestantismo", Calvino ganhou notoriedade e poder, conseguindo impor sua doutrina, interferir nos costumes, nas crenças e na própria organização político-administrativa da cidade. Extremamente mais radical que Lutero, João Calvino divergia da escola luterana em alguns pontos importantes: enquanto o primeiro subordinava a Igreja ao Estado, Calvino defendeu a separação entre as duas instituições (em Genebra, a Igreja era o próprio Estado); justificou atividades econômicas até então condenadas pela Igreja, dando impulso considerável ao capitalismo nascente; rejeitou a missa, sacramentos e tudo o que não estivesse rigorosamente de acordo com as Escrituras; destruiu completamente o livre-arbítrio, pois pregava a predestinação absoluta dos eleitos e dos condenados.
João Calvino desenvolveu a Igreja que atualmente é chamada de presbiteriana. Apesar do exagerado radicalismo, nenhum outro reformador fez tanto para obrigar as pessoas a pensar a ética social cristã.

(Versão 03.98)
Grupo Espírita Bezerra de Menezes
São José do Rio Preto - SP

TODOS SOMOS FILHOS ADOTIVOS?

TODOS SOMOS FILHOS ADOTIVOS?


Pela visão espírita, todos somos adotados. Porque o único Pai legítimo é Deus. Os pais da Terra não SÃO nossos pais, eles ESTÃO nossos pais. Porque a cada encarnação, mudamos de pais consangüíneos, mas em todas elas Deus é sempre o mesmo Pai. Mas, para entendermos melhor a existência desta experiência na vida de muitos pais, é necessário analisá-lo sob a óptica espírita, sob a luz da reencarnação. A formação de um lar é um planejamento que se desenvolve no Mundo Espiritual. Sabemos que nada ocorre por acaso. Assim como filhos biológicos, nossos filhos adotivos também são companheiros de vidas passadas. E nossa vida de hoje é resultado do que angariamos para nós mesmos, no passado. Surge, então, a indagação: "se são velhos conhecidos e deverão se encontrar no mesmo lar, por que já não nasceram como filhos naturais?" Na literatura espírita encontramos vários casos de filhos que, em função do orgulho, do egoísmo e da vaidade, se tornaram tiranos de seus pais, escravizando-os aos seus caprichos e pagando com ingratidão e dor a ternura e zelo paternos. De retorno à Pátria Espiritual (ao desencarnarem), ao despertarem-lhes a consciência e entenderem a gravidade de suas faltas, passam a trabalhar para recuperarem o tempo perdido e se reconciliarem com aqueles a quem lesaram afetivamente. Assim, reencontram aqueles mesmos pais a quem não valorizaram, para devolver-lhes a afeição machucada, resgatando o carinho, o amor e a ternura de ontem. Porque a lei é a de Causa e Efeito. Não aproveitada a convivência com pais amorosos e desvelados, é da Lei Divina que retomem o contato com eles como filhos de outros pais chegando-lhes aos braços pelas vias de adoção. Aos pais cabe o trabalho de orientar estes filhos e conduzi-los ao caminho do bem, independente de serem filhos consangüíneos ou não. A responsabilidade de pais permanece a mesma. Recebendo eles no lar a abençoada experiência da adoção, Deus sinaliza aos cônjuges estar confiando em sua capacidade de amar e ensinar, perdoar e auxiliar aos companheiros que retornam para hoje valorizarem o desvelo e atenção que ontem não souberam fazer. Trazem no coração desequilíbrios de outros tempos ou arrependimento doloroso para a solução dos quais pedem, ao reencarnarem, a ajuda daqueles que os acolhem, não como filhos do corpo, mas sim filhos do coração. Allan Kardec elucida: "Não são os da consangüinidade os verdadeiros laços de família e sim os da simpatia e da comunhão de idéias".
DEVEMOS ESCONDER QUE ELES SÃO ADOTIVOS? Um dos maiores erros que alguns pais adotivos cometem é o de esconder a verdade aos seus filhos. É importante, desde cedo, não esconder a verdade. Ás vezes, fazem por amor, já que os consideram totalmente como filhos; outros o fazem por medo de perder a afeição e o carinho deles. Quando os filhos adotivos crescem, aprendendo no lar valores morais elevados, sentem-se mais amados por entenderem que o são, não por terem nascido de seus pais, mas sim frutos de afeição sincera e real, e passam a entender que são filhos queridos do coração. Revelar-lhes a verdade somente na idade adulta é destruir-lhes todas as alegrias vividas, é alterar-lhes a condição de filhos queridos em órfãos asilados à guisa de pena e compaixão. Não devemos traumatizá-los, livrando-os do risco de perderem a oportunidade de aprendizado no hoje. André Luiz esclarece-nos quanto a este perigo: "Filhos adotivos, quando crescem ignorando a verdade, costumam trazer enormes complicações, principalmente quando ouvem esclarecimentos de outras pessoas". Identicamente ao que ocorre em relação aos nossos filhos biológicos, buscar o diálogo franco e sincero, com base no respeito mútuo, sob a luz da orientação cristã de conduta. Pais que conversam com os filhos fortalecem os laços afetivos, tornando a questão da adoção coisa secundária. Recebendo em nossa jornada terrena a oportunidade de ter em nosso lar um filho adotivo, guardemos no coração a certeza de que Jesus está nos confiando a responsabilidade sagrada de superar o próprio orgulho e vaidade, amando verdadeiramente e desinteressadamente a criatura de Deus confiada em trabalho de educação e amparo. E, ajudando-o a superar suas próprias mazelas, amanhã poderá retornar ao seio daqueles que o amam na posição de filho legítimo.
É CERTO A ADOÇÃO POR CASAIS HOMOSSEXUAIS? Raul Teixeira responde: “O amor não tem sexo. Como é que podemos imaginar que o melhor para uma criança é ser criada na rua, ao relento, submetida a todo tipo de execração, a ser criada nutrida, abençoada por um lar de casal homossexual? Muita gente assevera que a criança corre riscos. Mas como? Nós estamos acompanhando as crianças correndo riscos nas casas de seus pais heterossexuais todos os dias. Outros afirmam que a criança criada por homossexuais poderá adotar a mesma postura, a mesma orientação sexual. O que também é falso. A massa de homossexuais do mundo advêm de lares heterossexuais. Então, teremos de concluir que são os casais heterossexuais que formam os homossexuais. Logo,não devemos entrar nessa discussão que é tola e preconceituosa. aquele que tem amor para dar que dê.”
Amemos nossos filhos, sem cogitar se nos vieram aos braços pela descendência física ou não, como encargo abençoado com que o Céu nos presenteia. Encerremos com Emmanuel: "Recorda que, em última instância, seja qual seja a nossa posição nas equipes familiares da Terra, somos, acima de tudo, filhos de Deus".



A Criança é o futuro!

A Criança é o futuro
Amílcar Del Chiaro Filho


Vivemos num mundo globalizado onde o egoísmo alcança níveis insuportáveis. Para muitos é a luta para a sobrevivência, pois perderam emprego e esperanças. Mas, as nossas esperanças de um mundo melhor precisam estar bem alicerçadas, para que o edifício da fraternidade seja sólido e firme.

Este alicerce deverá ser a educação. Porém não apenas a instrução, mas também a educação moral, e de uma moral praticada, vivida, valorizada.

A maioria das pessoas acreditam que as nossas esperanças de construir esse mundo novo está na criança. Todos concordam que a criança é o futuro. Mas não haverá futuro se não cuidarmos delas agora. Não é possível adiar por mais tempo as medidas necessária de apoio e amparo à criança.

Como podemos esperar que os futuros cidadãos sejam bons e fraternos se descuramos do seu presente? Não podemos permitir que muitas delas continuem sendo aviltadas, exploradas em trabalhos duros, que as impedem de freqüentar a escola, ou sejam prostituídas.

A esperança da paz está na criança. Mas como ela será pacífica se é induzida à violência pela televisão, histórias em quadrinhos e pelos brinquedos em forma de armas ou mesmo por conviver com a violência no lar ou nas ruas? Qual é a paz das crianças que tem que sobreviver nas guerras das ruas, dos traficantes, da prostituição e nas guerras verdadeiras, em tantos países do mundo, onde elas são as maiores vítimas das minas que quando não lhes roubam a vida, estraçalha-lhes as pernas?

O mundo precisa saber que existem milhares de crianças e adolescentes lutando em revoluções e guerrilhas em várias partes do planeta. Permitir isto é confiá-las ao mal, é roubar-lhes as esperanças. Se já é triste ver adultos se estraçalhando em guerras, mais triste, ainda, é ver essas crianças portando armas realmente assassinas.

Toda criança é um apelo mudo ao universo adulto. Elas nascem com uma mensagem de Deus, que precisamos decodificar.

Embora tenhamos esboçado esse quadro contristador, temos, não esperanças, mas a certeza, de que este mundo novo será uma realidade, e tão mais rápida quantos mais esforços fizermos para construí-lo.

Em nome das crianças do mundo suplicamos amor. Não apenas afagos e carícias, brinquedos e viagens, mas também a luz do entendimento, a educação, bons exemplos, palavras amigas, bondade. Não façamos delas estatuetas para exibir aos parentes e amigos. Toda criança é bela, pois não existem crianças feias.

A criança chega ao mundo completamente dependente. Se a mãe não colocar o peito em sua boquinha ela perece de fome. Mas ela vem em nome de Deus para aprender com os adultos, especialmente os pais e avós, a humildade, o devotamento, o amor ao trabalho, o perdão e a fé.


 Como espíritas e reencarnacionistas, sabemos que a forma infantil guarda um espírito adulto, que já tem armazenado um grande patrimônio de coisas boa e ruins. Muita coisa fica registrado no íntimo do espíritos e se manifesta como tendências e vocações. Observar essas tendências e corrigir as ruins é um dos maiores deveres dos pais e educadores, assim como estimular os bons impulsos. Os pais tem, do zero aos sete anos, um campo fértil para semear o amor, o respeito, a bondade, estimular a criatividade e já dar noções de cidadania. Dos 7 aos 14 essa facilidade vai diminuindo, e dizem os especialistas que após os 14 anos somente a dor terá forças para corrigi-los.


EVOLUÇÃO DO SER - Parte 3

Quanto à evolução espiritual do Homem, continuando, A Gênese relata ainda no mesmo capítulo:
23. Tomando-se a Humanidade no grau mais ínfimo da escala espiritual, como se encontra entre os mais atrasados selvagens, perguntar-se-á se é aí o ponto inicial da alma humana.
Na opinião de alguns filósofos espiritualistas, o princípio inteligente, distinto do princípio material, se individualiza e elabora, passando pelos diversos graus da animalidade. É aí que a alma se ensaia para a vida e desenvolve, pelo exercício, suas primeiras faculdades. Esse seria para ela, por assim dizer, o período de incubação. Chegada ao grau de desenvolvimento que esse estado comporta, ela recebe as faculdades especiais que constituem a alma humana.
Haveria assim filiação espiritual do animal para o homem, como há filiação corporal. Este sistema, fundado na grande lei de unidade que preside à criação, corresponde, forçoso é convir, à justiça e à bondade do Criador; dá uma saída, uma finalidade, um destino aos animais, que deixam então de formar uma categoria de seres deserdados, para terem, no futuro que lhes está reservado, uma compensação a seus sofrimentos. O que constitui o homem espiritual não é a sua origem: são os atributos especiais de que ele se apresenta dotado ao entrar na humanidade, atributos que o transformam, tornando-o um ser distinto, como o fruto saboroso é distinto da raiz amarga que lhe deu origem. Por haver passado pela fieira da animalidade, o homem não deixaria de ser homem; já não seria animal, como o fruto não é a raiz, como o sábio não é o feto informe que o pôs no mundo. Mas, este sistema levanta múltiplas questões, cujos prós e contras não é oportuno discutir aqui, como não o é o exame das diferentes hipóteses que se têm formulado sobre este assunto. Sem, pois, pesquisarmos a origem do Espírito, sem procurarmos conhecer as fieiras pelas quais haja ele, porventura, passado, tomamo-lo ao entrar na humanidade, no ponto em que, dotado de senso moral e de livre--arbítrio, começa a pesar-lhe a  responsabilidade dos seus atos.(grifos no original)
Neste trecho Kardec verifica a favorabilidade desta idéia em conformação com os atributos da Divindade. Apesar disto, mantém-se ainda em reserva, devido à existência de outras idéias e hipóteses, dos estudiosos espiritualistas da época. Anos mais tarde, Gabriel Delanne, que nasceu no ano de lançamento de O Livro dos Espíritos, publica Evolução Anímica, onde ele admite a transmigração do princípio espiritual evoluindo desde a sua condição mais simples até a condição de Espírito, utilizando-se para isto dos corpos orgânicos constantes dos diversos reinos da Natureza. Acreditamos que, por esta época, as idéias a respeito da evolução das espécies já se encontravam bem mais desenvolvidas e aceitas pela sociedade e pela comunidade científica, o que fez com que Delanne não exitasse em afirmar aquilo que para o seu mestre Allan Kardec era uma hipótese favorável.
Supondo que a alma se tenha individualizado lentamente por um processo de elaboração das formas inferiores da natureza, a fim de atingir gradativamente a humanidade, quem se não sentirá maravilhado de tão grandiosa ascensão?
Através de mil modelos inferiores, nos labirintos de uma escalada ininterrupta; através das mais bizarras formas; sob a pressão dos instintos e a sevícia de forças inverossímeis, a cega psique vai tendendo para a luz, para a consciência esclarecida, para a liberdade. . ,
Esses inúmeros avatares, em milhares de organismos diferentes, devem dotar a alma de todas as forças que lhe hajam de servir mais tarde. Eles têm por objeto desenvolver o envoltório fluídico, dar-lhe a necessária plasticidade, fixando nele as leis cada vez mais complexas que regem as formas vivas, criando-lhes, assim, um tesouro, mediante o qual possam, um dia, manipular a matéria, de modo inconsciente, para que o Espírito possa operar sem o entrave dos liames terrestres.
Quem recusará ver nos milhões de existências a palpitarem no Planeta a elaboração sublime da inteligência, prosseguindo incessante na extensão indefinita do tempo e do espaço?
São as eternas leis da evolução que arrastam o princípio inteligente a destinos cada vez mais altanados, para um futuro sempre melhor, desdobrando-se em panorama de renovadas perspectivas, a partir da idade primária aos nossos dias.11
E o capítulo prossegue, enaltecendo com uma beleza toda poética a grandiosidade do Ser Divino com as suas leis perfeitas. Quem desejar conhecer o desdobrar deste capítulo vale a pena buscar esta obra que é de grande profundidade.
No capítulo IV de Evolução em Dois Mundos o Espírito André Luiz também confirma a tese que ora analisamos.
GÊNESE DOS ÓRGÃOS PSICOSSOMÁTICOS – Todos os órgãos do corpo espiritual e, consequentemente, do corpo físico foram, portanto, construídos com lentidão, atendendo-se à necessidade do campo mental em seu condicionamento e exteriorização no meio terrestre.
E assim que o tato nasceu no princípio inteligente, na sua passagem pelas células nucleares em seus impulsos amebóides; que a visão principiou pela sensibilidade do plasma nos flagelados monocelulares expostos ao clarão solar, que o olfato começou nos animais aquáticos de expressão mais simples, por excitações do ambiente em que evolviam; que o gosto surgiu nas plantas, muitas delas armadas de pêlos viscosos destilando sucos digestivos, e que as primeiras sensações do sexo apareceram com algas marinhas providas não só de células masculinas e femininas que nadam, atraídas uma para as outras, mas também de um esboço de epiderme sensível, que podemos definir como região secundária de simpatias genésicas.
TRABALHO DA INTELIGÊNCIA – Examinando, pois, o fenômeno da reflexão sistemática, gerando o automatismo que assinala a inteligência de todas as ações espontâneas do corpo espiritual, reconhecemos sem dificuldade que a marcha do princípio inteligente para o reino humano e que a viagem da consciência humana para o reino angélico simbolizam a expansão multimilenar da criatura de Deus que, por força da Lei Divina, deve merecer, com o trabalho de si mesma, a auréola da imortalidade em pleno Céu.
No trecho exposto, O Espírito-autor não somente explana a respeito da evolução espiritual dos seres pelos diversos segmentos da Natureza, como também vislumbra o futuro do ser humano em direção à condição espiritual superior como seres angélicos, portadores inequívocos dos sentimentos de fraternidade, caridade e humildade. Com certeza, chegando a esta etapa da evolução, não contaremos com um corpo físico igual ao que possuímos hoje. Teremos uma organização física muito mais aperfeiçoada e menos grosseira, capaz de manifestar todas as faculdades do Espírito.
Lembramos de um trecho de O Evangelho Segundo o Espiritismo, também de Kardec, onde, no capítulo III, os Espíritos Superiores relatam as condições de vida nos mundos superiores: “O corpo nada tem da materialidade terrestre e não está, conseguintemente, sujeito às necessidades, nem às doenças ou deteriorações que a predominância da matéria provoca. Mais apurados, os sentidos são aptos a percepções a que neste mundo a grosseria da matéria obsta. A leveza específica do corpo permite locomoção rápida e fácil: em vez de se arrastar penosamente pelo solo, desliza, a bem dizer, pela superfície, ou plana na atmosfera, sem qualquer outro esforço além do da vontade, conforme se representam os anjos, ou como os antigos imaginavam os manes nos Campos Elíseos”.
Fácil imaginar que, para isto, precisaremos de cérebro mais desenvolvido, sistema nervoso mais delicado, órgãos e sistemas adaptados, etc., por que senão, seria o Espírito como que músico excelente tendo que expressar a sua arte através de um instrumento de qualidade ruim.
Depois deste parêntese, citamos Jorge Andréa, médico psiquiatra e escritor espírita atual, estudioso dos assuntos científicos relacionados à Doutrina Espírita. Ele é também do mesmo parecer, o que pode ser verificado nos trechos que se seguem, do livro Impulsos Criativos da Evolução, mostrando que o princípio espiritual evolui não apenas a partir do vegetal mas desde as formas minerais onde ele rege os princípios de atração e repulsão das particulas.
“O mineral possui tanto vida quanto o vegetal e o animal. O Princípio Unificador, a essência que preside as formas e o metabolismo da flora e da fauna, existe também no reino mineral, presidindo as forças de atração e repulsão em que átomos e moléculas se unificam e equilibram.12
Mais adiante, no capítulo 2, ele continua.
Como fase inicial, o Princípio Inteligente estaria, como sempre, em sua específica e superior dimensão, a influenciar as organizações atômico-moleculares do reino mineral. Seria como um eixo energético “intrometido” no âmago dos átomos e moléculas, convidando-os à união. O eixo energético, como Princípio Inteligente, com suas vibrações, criaria o campo de agregação refletido nas forças de atração e coesão, a determinar a concentração das energias e respectiva condensação nos átomos e arrumações moleculares. Do simples fenômeno químico até as manifestações humanas, existe o Princípio-Unificador ou Espiritual regendo e orientando; claro que sob apresentações variáveis, abastecendo-se e ampliando-se a medida que a escala evolutiva avança.
Na página 120, o autor é ainda mais direto.
O Principio inteligente vegetal, mais vivido e experiente de sua fase, despontará
nas formas animais, buscando novas afirmações nos instintos.
Lembremos que a natureza não dá saltos. Se pegarmos o elemento (e aqui incluímos o mineral) mais evoluído de um reino e o organismo menos evoluído do reino seguinte, veremos que quase não há diferenças. Há uma transição perfeita sendo que a isto já nos referimos na primeira parte deste pequeno e despretensioso trabalho. É interessante a leitura completa desta obra de Jorge Andréa por nos trazer uma análise profunda e coerente a respeito da evolução do princípio inteligente concomitante com a evolução dos seres materiais.
Outra leitura sugerimos: Reencarnação e Evolução das Espécies, do Dr. Ricardo di Bernardi, também espírita.
Muitas outras obras poderiam ser citadas. Porém, acreditamos serem suficientes os argumentos aqui apresentados, deixando para o leitor a complementação deste estudo através da leitura das mesmas.
Resta-nos apenas um ponto a analisar por ser controverso. Trata-se da questão 591 de O Livro dos Espíritos:
591. Nos mundos superiores, as plantas são de natureza mais perfeita, como os outros seres?
“Tudo é mais perfeito. As plantas, porém, são sempre plantas, como os animais sempre animais e os homens sempre homens.”
Dá-se a entender que não há a transmigração progressiva do princípio inteligente pelos diversos reinos da Natureza, sendo a evolução espiritual restrita a cada reino.
Iremos, porém, nos valer da explicação dada a respeito pelo grande pensador e estudioso espírita Herculano Pires.
Algumas pessoas fazem desta resposta uma negação da continuidade evolutiva das coisas e dos seres. O leitor deve considerar que a resposta se refere à condição dos mundos superiores, onde há plantas, animais e homens, como nos inferiores, mas em escala avançada. A palavra “sempre” não é empregada aí no sentido da eternidade, mas tão somente para mostrar que os três reinos existem “sempre”, em todos os mundos referidos.
Aliás, uma frase não poderia contradizer todo o livro. E orienta ele a vermos os itens 604, 607 e 607-a de O Livro dos Espíritos.13
Estando os seres terrenos em contínua evolução, e baseando-se no ensino dos Espíritos da Codificação kardequiana, sabe-se que nossas plantas, animais e homens serão mais evoluídos no futuro. Tendo atingido uma mais elevada condição evolutiva e, tomando como exemplo os animais da espécie mais evoluída aqui na terra (os macacos), quando isto acontecer, estes poderão ter a configuração física dos homens primitivos. Não importa se os chamem de animais (não mais serão animais irracionais), poderão ser semelhantes aos homens primitivos com cérebro mais avantajado, capacidade de raciocínio, consciência de si mesmo, etc.
Difícil entender a infinita sabedoria e misericórdia do Criador, se não  enxergarmos o princípio inteligente rudimentar, partícula destacada do princípio inteligente universal (Deus), desfilando nos diversos reinos da Natureza, numa escala ascendente dos seres, do mais ínfimo até a forma mais elevada, caminhando em busca da luz da razão e depois, de degrau em degrau, rumando para a angelitude, num futuro glorioso que Deus reservou para todos os seus filhos, independente do estágio em que se encontrem no momento, mas que todos chegarão à perfeição. Um estudo como este, apesar do seu pequenino valor, nos mostra a grandiosidade do Pai Criador do Universo ao ressaltar a a sabedoria das suas leis, a justiça e a equanimidade com que trata todas as suas criaturas, sendo todas, para Ele, iguais, não importando o quanto já viveram e desenvolveram seus potenciais latentes de criatura e filho de Deus.

7 – O Perispírito e suas Modelações – Luiz Gonzaga Pinheiro
8 – O Livro dos Espíritos, questão 540 - Allan kardec
9 -  A Gênese, capítulo XI – Allan Kardec
10 – O Livro dos Espíritos, pergunta 115 – Allan Kardec
11 – Evolução Anímica, capítulo II – Gabriel Delanne
12 – Extraído de texto constante no site www.nossolar.org.br/n_tema18.php

13 – Nota do Tradutor, em O Livro dos Espíritos, 7.ª edição, FEESP.


EVOLUÇÃO DO SER - Parte 2

Hoje, não existem dúvidas entre os estudiosos e cientistas, quanto à natureza do surgimento e da evolução das diversas espécies na Terra, inclusive o homem. Descrer da evolução das espécies seria “remar contra a maré”, lutar contra os fatos e fomentar o fanatismo e a ignorância.


1 – A Origem das Espécies, Charles Darwin
2 - A Origem das Espécies, Charles Darwin
3 – Site das Publicações Europa-América – www.europa-america.pt
4 – Teoria Sintérica da Evolução – Web site: sti.br.inter.net/rafaas/biologia-ar/index.htm
5 – Evidências da Evolução – Web site Wikipédia
6 – O Perispírito e suas Modelações – Luiz Gonzaga Pinheiro

PARTE II

Busquemos agora a resposta para a 2.ª proposição lançada no início deste trabalho. Quanto à evolução orgânica dos seres, num desenvolvimento contínuo dos mais inferiores até os mais adiantados, isto é lógico e comprovado. Mas o Espírito, para a sua jornada evolutiva, precisa habitar os corpos dos seres dos diversos reinos da Natureza? Ou será que o princípio espiritual ligado a cada ser, vegetal, animal ou hominal, reencarna e evolui apenas dentro da sua própria espécie ou reino?
Usaremos o presente trabalho para defender a primeira idéia. Para isto, buscaremos recursos argumentativos na Doutrina Espírita, visto que a mesma dispõe de conhecimentos suficientes para esclarecer o assunto.
Antes, porém, vejamos alguns raciocínios que possam conduzir-nos no caminho de um melhor entendimento da questão.
1) A Natureza em si não reconhece a divisão em reinos, quais sejam mineral, vegetal, animal (alguns sugerem um quarto reino, hominal). Ela segue o seu curso e é indiferente às nomenclaturas que criamos. Esta divisão foi engendrada pelos cientistas que, para efeito de estudos, estabeleceu uma divisão baseando-se nas características que poderiam criar uma distinção entre os diversos seres, sendo:
mineral – elemento inorgânico, sem vida.
vegetal – não possui locomoção e capta substâncias do solo produzindo o seu próprio alimento.
animal – possui locomoção e busca o alimento fora de si.
homem – possui razão e consciência de si mesmo.
2) Encontramos na natureza seres que parecem estar numa zona evolutiva de transição, possuindo características tanto de um reino quanto de outro. Exemplo disto são os zoófitos (zoo – animal, fitos – vegetal), os quais possuem raiz, portanto não se locomovem, e ao mesmo tempo não produzem o alimento, buscando-o ao seu redor. Muitos outros casos existem na Natureza caracterizando elos de ligação entre reinos ou espécies: o ornitorrinco, por exemplo, é um mamífero que possui bico de pato e nadadeiras; o morcego é mamífero, porém voa como as aves; a baleia, apesar de mamífero, vive embaixo d'água como os peixes. Além de muitos outros seres, temos os crossopterígios que são peixes possuidores de guelras e pulmões, descendentes dos primeiros peixes que saíram da água para habitarem a terra. Isto faz com que não existam limites muito nítidos separando as diversas espécies e reinos.
3) A cadeia evolutiva de todos os seres, desde os mais simples até o homem, parece não sofrer solução de continuidade, pois se encadeia perfeitamente de um reino a outro e entre as variadas espécies. Alguns elos de ligação parecem não existir, como se a Natureza em determinados momentos tivesse dado um salto evolutivo. Há duas hipóteses, porém, que podem solucionar o fato: estes elos extintos não tiveram os seus fósseis encontrados (aliás, esta era uma preocupação de Darwin, citada na Parte I); tiveram sua evolução elaborada no Mundo Espiritual, retornando à Terra mais evoluídos e aptos a impulsionarem uma modificação mais rápida nos corpos orgânicos através das gerações, fazendo desaparecer, com o tempo, a forma mais atrasada. Vejamos o que informa o Espírito André Luiz em Evolução em Dois Mundos.
ELOS DESCONHECIDOS DA EVOLUÇÃO - Compreende-se, porém, que o princípio divino aportou na Terra, emanando da Esfera Espiritual, trazendo em seu mecanismo o arquétipo a que se destina, qual a bolota de carvalho encerrando em si a árvore veneranda que será de futuro, não podemos circunscrever-lhe a experiência ao plano físico simplesmente considerado, porquanto através do nascimento e morte da forma, sofre constantes modificações nos dois planos em que se manifesta, razão pela qual variados elos da evolução fogem à pesquisa dos naturalistas, por representarem estágios da consciência fragmentária fora do campo carnal propriamente dito, nas regiões extrafísicas, em que essa mesma inconsciência incompleta prossegue elaborando o seu veículo sutil...
Este princípio também se encontra desenvolvido na obra já citada de Luiz Gonzaga Pinheiro7:
Acontece que na reconstrução da árvore genealógica dos seres vivos do nosso planeta, ou entre um ser mais evoluído biologicamente e outro que lhe é inferior, muitos pontos-chaves, os chamados elos entre uma espécie e outra, são desconhecidos, impossibilitando dessa maneira a completa reconstituição da história biológica das espécies.
A ausência desses elos faltosos deve-se à evolução que se processa também fora da matéria, podendo nesse estágio, onde o princípio inteligente se encontra revestido somente da forma perispiritual, sofrer modificações adaptativas com as quais se materializam por ocasião de sua volta ao plano terreno.
Ocorre também, quando da sua transferência para o plano espiritual, pelo impulso a que todos estamos submetidos para o crescimento, animais e vegetais ali serem aclimatados e modificados, estagiando nesse ambiente, no que são trazidos de volta à Terra com outra roupagem, caracterizando as chamadas mutações adaptativas, tidas como acontecimentos espontâneos, mas contabilizados na lista da evolução das espécies.
Essas adaptações situam-se na área do corpo astral, que ao se aliar novamente à matéria já o faz modificado. Essa modificação é acompanhada pela Genética, que se deixa arranjar em seus cromossomos segundo o plano evolutivo traçado no espaço. Dessa maneira surgem outras espécies aperfeiçoadas, o que não invalida os esforços da seleção natural exercida pela natureza nem das mutações acidentais.
4) Filosoficamente, se a evolução de cada ser fosse limitada à sua espécie ou reino, teríamos um Deus parcial e injusto. Se não, vejamos: Deus teria criado o princípio espiritual habitando os corpos orgânicos vegetais que evoluiriam e, ao se aproximarem da evolução do reino animal, teriam alcançado o seu limite evolutivo. Com os animais aconteceria a mesma coisa, ou seja, o princípio espiritual que anima os corpos dos macacos mais evoluídos da atualidade não podem mais evoluir, pois praticamente já alcançaram a evolução dos primeiros humanos na Terra.
Já o ser humano seria um ser privilegiado por Deus, pois foi criado, desde o início, mais avançado do que todos os outros seres da Terra, continua evoluindo, mas sua evolução cessará em determinado momento – aquilo que chamamos de perfeição ou a condição de espíritos puros. Nada garante que, após este evento, não venha a surgir no Planeta um ser novo, que iniciará sua caminhada evolutiva a partir daí e continuará evoluindo até Deus sabe onde...
5) Numa análise filosófica ainda, a idéia da criação de um princípio espiritual inteligente que inicia o seu desenvolvimento através das experiências no mineral, desenvolvendo a sensibilidade no vegetal, o instinto no animal e a razão e o sentimento no homem é mais justa e adequada à grandeza e bondade de Deus que não criou seres privilegiados, antes fez surgir a todos no mesmo nível, porém dando-lhes a capacidade de crescer e se desenvolver até alcançarem a angelitude.
“... tudo se encadeia na natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, pois ele mesmo começou pelo átomo.”8
6) Não são os corpos orgânicos que desenvolvem o princípio espiritual e sim, o contrário. À medida que o princípio inteligente se desenvolve, impulsiona lentamente o aperfeiçoamento do seu perispírito, estrutura sutil e intermediária, e este modela as transformações do corpo, através dos tempos. O princípio espiritual, evoluindo pouco a pouco, requer uma estrutura física capaz de expressar a sua capacidade espiritual. Citando o homem como exemplo, através dos milênios de sua evolução, ele foi plasmando para o seu uso aqui no plano físico, um corpo mais adaptado às suas necessidades e capacidades, como um cérebro maior, o andar ereto, um sistema nervoso mais desenvolvido, sentidos físicos mais apurados, inclusive uma estrutura física menos grosseira lhe facilitando um contato cada vez mais direto com a Espiritualidade.
10. ...O corpo é, pois, simultaneamente, o envoltório e o instrumento do Espírito e, à medida que este adquire novas aptidões, reveste outro invólucro apropriado ao novo gênero de trabalho que lhe cabe executar, tal qual se faz com o operário, a quem é dado instrumento menos grosseiro, à proporção que ele se vai mostrando apto a executar obra mais bem cuidada.
11. Para ser mais exato, é preciso dizer que é o próprio Espírito que modela o seu envoltório e o apropria às suas novas necessidades; aperfeiçoa-o e lhe desenvolve e completa o organismo, à medida que experimenta a necessidade de manifestar novas faculdades; numa palavra, talha-o de acordo com a sua inteligência. Deus lhe fornece os materiais; cabe-lhe a ele empregá-los. É assim que as raças adiantadas têm um organismo ou, se quiserem, um aparelhamento
cerebral mais aperfeiçoado do que as raças primitivas.9
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A resposta dos Espíritos Superiores na questão 592 de O Livro dos Espíritos se encerra com a seguinte frase: Reconhecei o homem pela faculdade de pensar em Deus.
Aquilo que antes só poderia ser chamado de princípio espiritual, agora poderia chamar-se Espírito, pois ele já consegue pensar na existência de um ser superior a tudo e a todos. Isto o distingue dos animais.
Foi a esta fase que os Espíritos se referiram, ao afirmarem que o Espírito foi criado simples e ignorante10. O homem no seu início, recém-saído da animalidade. O princípio inteligente tendo atingido a sua maioridade e o status consciente de filho de Deus.
O Livro dos Espíritos nos oferece uma série de esclarecimentos a respeito da evolução do princípio inteligente.
604. Pois que os animais, mesmo os aperfeiçoados, existentes nos mundos superiores, são sempre inferiores ao homem, segue-se que Deus criou seres intelectuais perpetuamente destinados à inferioridade, o que parece em desacordo com a unidade de vistas e de progresso que todas as suas obras revelam.
“Tudo em a Natureza se encadeia por elos que ainda não podeis apreender. Assim, as coisas aparentemente mais díspares têm pontos de contacto que o homem, no seu estado atual, nunca chegará a compreender. Por um esforço da inteligência poderá entrevê-los; mas, somente quando essa inteligência estiver no máximo grau de desenvolvimento e liberta dos preconceitos do orgulho e da ignorância, logrará ver claro na obra de Deus. Até lá, suas muito restritas idéias lhe farão observar as coisas por um mesquinho e acanhado prisma. Sabei não ser possível que Deus se contradiga e que, na Natureza, tudo se harmoniza mediante leis gerais, que por nenhum de seus pontos deixam de corresponder à sublime sabedoria do Criador.”
Parece-nos que Kardec, naquela época, já conseguia entrever o sentido de parcialidade das leis divinas, caso Deus tivesse criado o Espírito humano como um ser à parte da Criação e os demais seres, destinados à perene inferioridade intelectual. A resposta do Espírito de que “tudo se encadeia por elos que ainda não podeis apreender”, apesar de ser vaga, nos coloca na pista da resolução da questão, afinal há... “leis gerais (da Natureza), que por nenhum de seus pontos deixam de corresponder à sublime sabedoria do Criador”.
Nas perguntas seguintes, Kardec e os Espíritos Superiores adentram um pouco mais no entendimento do assunto que ora abordamos, aproximando-se mais da sua conclusão.
606. Donde tiram os animais o princípio inteligente que constitui a alma de natureza especial de que são dotados?
“Do elemento inteligente universal.”
a) — Então, emanam de um único princípio a inteligência do homem e a dos animais?
“Sem dúvida alguma, porém, no homem, passou por uma elaboração que a coloca acima da que existe no animal.”
Se o princípio inteligente humano sofreu uma elaboração para ser o que é, significa que antes não o era.
De que forma o princípio inteligente sofreu a elaboração que o colocou acima do princípio inteligente dos animais?
As questões seguintes de O Livro dos Espíritos não poderiam ser mais explícitas e esclarecedoras.
607. Dissestes (190) que o estado da alma do homem, na sua origem, corresponde ao estado da infância na vida corporal, que sua inteligência apenas desabrocha e se ensaia para a vida. Onde passa o Espírito essa primeira fase do seu desenvolvimento?
“Numa série de existências que precedem o período a que chamais Humanidade.”
O Espírito, então, parece ter encarnado diversas vezes antes de propriamente pertencer ao reino hominal, ou seja, numa série de existências que precederam o período ao qual chamamos de Humanidade.
607a) — Parece que, assim, se pode considerar a alma como tendo sido o princípio inteligente dos seres inferiores da criação, não?
“Já não dissemos que tudo em a Natureza se encadeia e tende para a unidade? Nesses seres, cuja totalidade estais longe de conhecer, é que o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco e se ensaia para a vida, conforme acabamos de dizer. É, de certo modo, um trabalho preparatório, como o da germinação, por efeito do qual o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito. Entra então no período da humanização, começando a ter consciência do seu futuro, capacidade de distinguir o bem do mal e a responsabilidade dos seus atos. Assim, à fase da infância se segue a da adolescência, vindo depois a da juventude e da madureza. Nessa origem, coisa alguma há de humilhante para o homem. Sentir-se-ão humilhados os grandes gênios por terem sido fetos informes nas entranhas que os geraram? Se alguma coisa há que lhe seja humilhante, é a sua inferioridade perante Deus e sua impotência para lhe sondar a profundeza dos desígnios e para apreciar a sabedoria das leis que regem a harmonia do Universo. Reconhecei a grandeza de Deus nessa admirável harmonia, mediante a qual tudo é solidário na Natureza.
Acreditar que Deus haja feito, seja o que for, sem um fim, e criado seres inteligentes sem futuro, fora blasfemar da sua bondade, que se estende por sobre todas as suas criaturas.”
Aqui os Espíritos não deixam mais dúvidas. Todos os seres participam de uma cadeia infinda, elaborando-se e aperfeiçoando-se o princípio inteligente através de cada ser inferior, paulatinamente, até que ele se torne Espírito, entrando no período de humanização, quando, já possuindo faculdades mais elevadas, molda para si um corpo físico aperfeiçoado e capaz de expressar a sua capacidade de consciência, inteligência, responsabilidade e livre-arbítrio.
A grande celeuma gerada na sociedade pelos príncípios expostos por Charles Darwin na sua época se deveram ao orgulho e à vaidade de muitos que se sentiam humilhados por descenderem dos seres inferiores da Criação. O Espírito Superior que respondeu a Kardec afirma que a humilhação está na nossa inferioridade perante Deus, incapacidade de apreender de forma absoluta os desígnios de Deus e a sua sabedoria.
15. Da semelhança, que há, de formas exteriores entre o corpo do homem e o do macaco, concluíram alguns fisiologistas que o primeiro é apenas uma transformação do segundo. Nada aí há de impossível, nem o que, se assim for, afete a dignidade do homem. Bem pode dar-se que corpos de macaco tenham servido de vestidura aos primeiros Espíritos humanos, forçosamente pouco adiantados, que viessem encarnar na Terra, sendo essa vestidura mais apropriada às suas necessidades e mais adequadas ao exercício de suas faculdades, do que o corpo de qualquer outro animal. Em vez de se fazer para o Espírito um invólucro especial, ele teria achado um já pronto. Vestiu-se então da pele do macaco, sem deixar de ser Espírito humano, como o homem não raro se reveste da pele de certos animais, sem deixar de ser homem.
16. Admitida essa hipótese, pode dizer-se que, sob a influência e por efeito da atividade intelectual do seu novo habitante, o envoltório se modificou, embelezou-se nas particularidades, conservando a forma geral do conjunto (nº 11). Melhorados, os corpos, pela procriação, se reproduziram nas mesmas condições, como sucede com as árvores de enxerto. Deram origem a uma espécie nova, que pouco a pouco se afastou do tipo primitivo, à proporção que o Espírito progrediu. O Espírito macaco, que não foi aniquilado, continuou a procriar, para seu uso, corpos de macaco, do mesmo modo que o fruto da árvore silvestre reproduz árvores dessa espécie, e o Espírito humano procriou corpos de
homem, variantes do primeiro molde em que ele se meteu. O tronco se bifurcou: produziu um ramo, que por sua vez se tornou tronco.
Como em a Natureza não há transições bruscas, é provável que os primeiros homens aparecidos na Terra pouco diferissem do macaco pela forma exterior e não muito também pela inteligência. Em nossos dias ainda há selvagens que, pelo comprimento dos braços e dos pés e pela conformação da cabeça, têm tanta parecença com o macaco, que só lhes falta ser peludos, para se tornar completa a semelhança.
Kardec, no trecho acima extraído de A Gênese, deixa claro que o assunto está sendo exposto na forma de uma hipótese. Darwin lançou a sua obra A Origem das Espécies dois anos depois de O Livro dos Espíritos. Mesmo assim, os Espíritos Superiores, neste último, já haviam conclamado o princípio da evolução das espécies orgânicas acrescentando a evolução espiritual como impulsionadora da primeira.
Em 1868, Kardec publica A Gênese, fazendo uma complementação de O Livro dos Espíritos. Ainda eram recentes as idéias de Darwin e Allan Kardec, como um perfeito cientista, não admite a idéia senão como hipótese, à espera de maiores estudos e comprovações por parte da Ciência, não invalidando, nem confirmando as idéias dos Espíritos.

Hoje, não restam dúvidas quanto à origem e evolução dos seres orgânicos, conforme expomos na primeira parte, principalmente depois das descobertas da Genética. Se A Gênese fosse publicada na atualidade, por certo Allan Kardec não escreveria o trecho acima como uma hipótese e a análise dele seria outra.


Demônios

"Os únicos demônios neste mundo são os que perambulam em nossos corações, e é aí que as nossas batalhas devem ser travadas." Maha...